Continuação do artigo anterior “Enriquecer é uma questão de escolha”
Neste artigo falaremos sobre as dívidas. Cerbasi diz o seguinte “90% das dívidas resulta da falta de um objetivo claro de consumo”. Isso demonstra a necessidade do indivíduo se organizar financeiramente e ter em mente o que é importante para ele. Existe uma metodologia para lidar com esse tipo de situação que se chama “Plano de Qualidade da Vida Pessoal” em que o foco de atuação é entender o indivíduo, aspectos como: o que é importante em sua vida, como é gasto o seu salário; e a partir desse entendimento, o consultor traça uma planilha com muitas variáveis e quanto de dinheiro será alocado em cada item. Dessa forma, cria-se uma organização financeira em que fica pré-estabelecido quanto do orçamento será gasto em cada item como: lazer, veículo, aluguel, alimentação, entre outros.
Na entrevista, Cerbasi traça um paralelo entre “devedor não se organiza financeiramente” e “objetivo para se organizar”. A vida financeira do indivíduo deve ser comparada a uma empresa em que todas as despesas e receitas são anotadas, assim facilita o trabalho de visualizar como o dinheiro está sendo gasto. Também facilita a identificação de excessos e o processo de enxugamento de gastos. Caso o indivíduo precise economizar um pouco mais para realizar uma viagem, por exemplo, a planilha de gastos facilita o trabalho de onde reduzir os gastos e essa atividade pode ser feita reduzindo o gasto com itens não prioritários como lazer, um cancelamento temporário da assinatura de televisão ou o corte de alguns canais raramente usados, a substituição de uma marca mais de alimento mais cara por uma mais barata, menor tempo no banho para diminuir a conta de luz, enfim, com um pouco de criatividade e frugalidade momentânea sempre é possível cortar gastos em prol de um objetivo mais satisfatório. A existência desse objetivo é fundamental e precisa ser muito forte, pois trata-se da motivação desse processo e sem isso o indivíduo fica inerte.
O processo descrito anteriormente pode funcionar da mesma forma quando trocamos um objetivo(sonho) por uma dívida, a diferença é que esse tipo de situação envolve uma tensão emocional maior em razão da necessidade de honrar as dívidas e ficar com o nome limpo na praça, portanto a situação gera mais stress e por mais que o seu padrão de vida não esteja alto naquele momento, é necessário abaixá-lo para honrar os seus compromissos financeiros. Uma das dicas mais difundidas é calcular o custo da dívida e priorizar aquelas que são mais caras e renegociar o restante com os credores, através do alongamento do prazo e duração das parcelas ou um desconto para pagar o principal a vista. Também é aconselhável trocar as dívidas, uma mais cara por uma mais barata, através da quitação de um empréstimo por outro, porém este com um custo menor.
A dívida deve ser tratada como uma guerra e é preciso cortar gastos do supérfluo e manter estritamente o essencial, essa situação desconfortável é provisória e deve ser mantida até honrar todos os compromissos, quanto mais alongar essa situação pior, pois mais rápido crescerá as dívidas e mais juros serão pagos, por isso Cerbasi defende esse radicalismo.
Em uma situação de estabilidade financeira a frase preferida de Cerbasi é “Pague-se primeiro” que na verdade é uma frase de Benjamim Graham. Isso significa economizar uma quantia mensalmente e deve ser feito religiosamente como um dízimo, isso propiciará uma estabilidade no padrão de vida no futuro, assim o futuro estará em parte assegurado pelas economias feitas no presente durante muitos anos.
Acesse e veja na íntegra a nossa entrevista com o educador financeiro Gustavo Cerbasi: