O mercado transacional latino-americano apresentou um total de 517 negócios (M&A, Private Equity e Venture Capital) em 2020, incluindo transações anunciadas e fechadas, por um valor agregado de US$ 39,3 bilhões. Em número de transações, o Brasil liderou o ranking dos países mais ativos da região com 327 negócios (+2%) e um aumento de 213% no capital mobilizado em termos anuais (US$ 26,3 bilhões).
Já no primeiro quadrimestre deste ano (1Q21), a atividade de M&A na América Latina permaneceu em modo de recuperação, mas alguns setores se destacaram, especialmente Energy, Mining e Utilities (EMU). Energia, mineração e serviços de utilidade pública, continuam a ser os setores mais ativos para fusões e aquisições na América Latina. No 1Q21, pelo menos 32 negócios no valor de US$ 9,4 bilhões foram anunciados nesses setores - o maior em contagem de todos os setores da região da América Latina.
Os negócios do setor de EMU foram liderados quando a norte-americana New Fortress Energy (NASDAQ:NFE) adquiriu a Hygo Energy Transition (NASDAQ:HYGO), antiga Golar Power. A Hygo é uma joint venture entre a norueguesa Golar LNG (NASDAQ:GLNG) e a gestora norte-americana Stonepeak Infrastructure Partners. A empresa é pioneira no Brasil na operação integral de gás natural liquefeito (GNL). A transação foi de US$ 2,43 bilhões e marca a entrada da New Fortress no Brasil.
Vários ativos que operam nos dois setores em operação estão sendo puxados para carteiras de investimentos e projetos específicos, obtendo refinanciamento conforme necessário devido à maturidade e estabilidade desses setores econômicos, além desses ativos estarem fortemente vinculados aos preços das matérias-primas - que estão crescendo.
A isso, novos projetos em desenvolvimento na região poderão começar a ser financiados para sua construção e entrada em operação comercial, especialmente em mercados como Brasil, Chile, Peru, México e Colômbia. Além desses setores, observa-se também um aumento nas ofertas de alto custo. Está emergindo um comportamento particular na América Latina, que provavelmente pode continuar nos próximos períodos: o aumento das transações de alto valor, uma situação que não era tão comum antes da pandemia.
De acordo com o relatório do TTR, destacam-se o Brasil e Chile como os mercados mais ativos da América Latina no 1Q, com uma grande parte de todas as atividades centradas no Brasil, com 111 negócios no valor de US$ 22 bilhões anunciados para ativos localizados no Brasil. No Chile, 12 negócios foram anunciados no primeiro quadrimestre, no valor de US$ 3,5 bilhões. Entendo que esta tendência pode continuar à medida que o mercado para algumas áreas voláteis tem sido estabelecido e um novo olhar sobre o M&A tem crescido.