O mercado de ações dos EUA encerrou o mês de maio em alta e tem espaço para subir ainda mais. Os preços e volumes de negociação mostraram força, principalmente na última semana do mês, quando os americanos encontraram formas de celebrar o feriado de Memorial Day, esquecendo-se dos problemas do coronavírus.
O S&P 500 subiu 4,53% em maio, uma sólida valorização depois de saltar 12,7% em abril.
A aceleração de dois meses representa +17,8%, um desempenho que não era visto desde a alta de 18,7% em março-abril de 2009, depois de o mercado tocar o fundo durante a Grande Recessão. O mais importante talvez seja o rali que começou em março de 2009 e perdurou pelos cinco anos seguintes.
Uma recuperação bem-sucedida agora e um rali duradouro como o que ocorreu em 2009 dependerão de diversos fatores:
- O Federal Reserve deverá continuar dando mais liquidez ao sistema bancário e mantendo as taxas de juros reduzidas. (O rendimento dos títulos de 10 anos do Tesouro americano fecharam na sexta-feira a 0,653%). Bancos centrais em outras partes do mundo também prometem fazer o mesmo.
- O governo federal norte-americano deve continuar fornecendo estímulos.
- Nos EUA, a reabertura dos negócios, escolas e outras atividades deve ser feita em uma velocidade razoável.
- A pandemia de coronavírus deve ser controlada. Até agora, já foram registrados mais de 6 milhões de casos em todo o mundo, com mais de 372.000 mortes. Os casos nos EUA estão se aproximando de 1,8 milhão, com cerca de quase 104.000 mortes. Existe uma corrida frenética para desenvolver, testar, produzir e distribuir em massa uma vacina.
Todos esses pontos parecem complicados. E o são.
Além disso, esses pré-requisitos deverão superar as constantes batalhas comerciais entre Estados Unidos e China.
Sem falar que as eleições norte-americanas na segunda metade do ano quase com certeza serão controversas, principalmente em razão dos protestos e manifestações que eclodiram ao redor do país neste fim de semana após a morte de George Floyd em Minneapolis, na semana passada.
Muitos riscos fundamentalistas, novas estrelas do mercado
Qualquer uma dessas questões pode reverter o rali com quedas dramáticas, como as que ocorriam rotineiramente durante as tentativas do governo Trump de negociar a primeira fase do acordo comercial com a China.
Mas, os fundamentos técnicos apontam para a alta, na medida em que sugerem que as ações não estão sobrevalorizadas como em janeiro e fevereiro. Os índices NASDAQ, NASDAQ 100 e NASDAQ Biotechnology (NBI) estão avançando no ano e podem alcançar novas máximas, talvez nesta semana.
O desempenho do mercado em maio foi diferente do rali de abril que produziu o maior ganho mensal para o S&P 500 e o Dow desde 1987.
Além dos ganhos do S&P 500, o Dow (INDU) se valorizou 4,26% no mês, em comparação com 11,1% em abril. O NASDAQ Composite (NDX) subiu 6,75%, após uma queda de 15,5% no mês anterior. O NASDAQ 100, que é dominado por grandes ações de tecnologia, valorizou-se 6,17%.
O rali de abril foi bastante influenciado pelos ganhos de grandes ações de tecnologia, como Apple (NASDAQ:AAPL), Microsoft (NASDAQ:MSFT), Amazon (NASDAQ:AMZN), Facebook (NASDAQ:FB) e Netflix (NASDAQ:NFLX).
O movimento de alta de maio teve mais a ver com os excelentes desempenhos de outros setores do mercado, principalmente o de biotecnologia.
As ações de biotecnologia saltaram mais de 8% depois que os investidores quiseram entrar na corrida por uma vacina contra o coronavírus e pela cura de outras doenças, como o câncer.
As ações da Novavax (NASDAQ:NVAX), pequena empresa de biotecnologia de Maryland, saltaram 154% na esperança de que sua solução para o coronavírus possa ser a vencedora. A empresa de ensaios clínicos Moderna (NASDAQ:MRNA), sediada em Cambridge, Massachusetts, divulgou alguns resultados precoces, mas positivos, fazendo suas ações alcançarem US$ 87 após um rali de 912 pontos no Dow.
Embora as ações tenham recuado para US$ 61,50, apresentam alta de 33,7% no mês.
Também estão trabalhando em uma vacina Merck (NYSE:MRK), Johnson & Johnson (NYSE:JNJ) e Pfizer (NYSE:PFE). As ações da Gilead Sciences (NASDAQ:GILD) apresentaram volatilidade, já que estudos continuam usando seu remédio remdesivir para tratar a Covid-19.
O índice S&P 400 Midcap (MID) e o Russell 2000 também se valorizaram 7,1% e 6,36% respectivamente.
As ações do setor de imóveis e construção ganharam fôlego depois que dados mostraram que os preços residenciais estão se mantendo estáveis em muitos mercados. A KB Home (NYSE:KBH) saltou 26% durante o mês. PulteGroup (NYSE:PHM), Lennar (NYSE:LEN) e DR Horton (NYSE:DHI) registraram ganhos similares.
As ações das companhias aéreas afundaram em abril, mas mostraram sinais de estabilização em maio.
O Alaska Airline Group (NYSE:ALK), que caiu 44% em abril, apresentou um ganho de 5% em maio. A razão é que o afrouxamento das medidas de isolamento podem fazer com que as pessoas voltem a viajar. O número de passageiros colapsou devido à pandemia.
A Boeing (NYSE:BA) atraiu mais interesse dos investidores, na expectativa de que seu livro de pedidos ganhe força novamente com a retomada econômica. As ações da gigante da aviação subiram 3,4%, após um declínio de 5,4% em abril. Mesmo assim, registram queda de 55% no ano.
Algumas ações tiveram um desempenho positivo em abril, mas medíocre em maio
Alguns dos grandes vencedores de abril tiveram um desempenho medíocre em maio. A Amazon, por exemplo, valorizou-se 26,9% em abril. No entanto, em maio, depois de atingir a máxima de 52 de semanas a US$ 2.525,45, seus papéis acabaram caindo 1,28%.
A Tesla (NASDAQ:TSLA) saltou 49% em abril, após a companhia divulgar bons resultados no primeiro trimestre. Mas a ação só subiu 6,8% em maio. Os papéis ainda apresenta valorização de 99,6% no ano.
Por fim, os preços do petróleo saltaram bastante durante o mês, depois de uma situação quase que de pânico em alguns mercados em abril. O West Texas Intermediate encerrou o mês de maio subindo 88% a US$ 35,49 por barril. O britânico Brent subiu 42,9% para US$ 37,84.
As ações de energia, por outro lado, apresentaram desempenho misto. A Chevron (NYSE:CVX) e a Exxon Mobil (NYSE:XOM) registraram pequenas perdas. A Apache (NYSE:APA) caiu 17,5% depois de se valorizar 213% em abril. A gigante de serviços petrolíferos Halliburton (NYSE:HAL) teve alta de 11,9%, mas registra queda de 52% no ano.
A grande preocupação agora é que muitas empresas de energia de pequeno porte não sobreviverão a esses preços.