As exportações de carne bovina in natura somaram US$6,7 bilhões nos primeiros sete meses de 2022, um aumento de 52,2% na comparação com o mesmo intervalo de 2021.
Foram exportadas 1,1 milhão de toneladas, acréscimo de 22,0%, na mesma comparação. O preço médio da tonelada exportada foi de US$6,1 mil, aumento de 24,7%, frente aos primeiros sete meses de 2021.
Tudo foi recorde para o intervalo: volume, faturamento e preço médio, tanto em dólares, quanto em reais.
Focando na margem de comercialização do frigorífico na exportação, além dos resultados de receita estarem ótimos, temos o componente de custo, o boi gordo, cedendo em dólares nos últimos meses. Veja a figura 1.
Fonte: Cepea / HN AGRO
Em outras palavras, a operação de exportação dos frigoríficos tem visto a cotação da arroba cair em dólares e os preços de venda baterem recordes nos últimos meses.
Quando cruzamos esses indicadores, temos a figura 2, que traz a relação entre o preço da tonelada exportada e a cotação da arroba. Em outras palavras, quantas arrobas podem ser compradas com o valor de uma tonelada de carne exportada.
Fonte: Cepea / Secex / HN AGRO
Em julho de 2022, esta relação foi de 108,4@ de boi gordo por tonelada exportada, 23,0% mais que em julho de 2021. Foi a relação mais favorável à indústria desde maio de 2020, quando o preço de uma tonelada exportada equivalia a 123,3 arrobas de boi gordo.
O boi gordo é o principal componente de custo da indústria frigorífica e essa relação demonstra um cenário positivo para a parcela exportada da produção, principalmente quando a planta acessa a China, pelo volume enorme e bons preços.
Sazonalmente os embarques aumentam no segundo semestre, o que deve manter a demanda de gado para este destino forte.
Expectativas
Com exportações em bom ritmo e expectativas de que continuem bem, as atenções se voltam ao cenário de oferta de gado e consumo doméstico.
A expectativa é de um volume de boiadas maior a partir de setembro/outubro, pela sazonalidade e pela melhoria recente da relação de troca com o milho, com a chegada da safrinha.
Ainda assim, não esperamos um crescimento forte, na comparação com o observado em 2021, pelo cenário geral turbulento e sem um mercado futuro atrativo em boa parte de 2022.
Para fechar a equação dos preços, temos o consumo doméstico. Considerando o ano de eleições, auxílios reforçados e nível de emprego surpreendendo positivamente, devemos ter um segundo semestre bem melhor que a primeira metade do ano.
A sazonalidade já faz do segundo semestre um período melhor para o escoamento, mas com o momento positivo da economia, essa diferença entre a demanda nas metades do ano deve ser ainda mais relevante.
Em resumo, esperamos um cenário de preços firmes e com valorizações para o boi gordo ao longo dos próximos meses. Sempre devemos ficar de olho na evolução das variáveis, mas hoje as expectativas estão positivas.