O BC se manifesta com um “forward guidance” otimista, como destaca a agência Reuters: “No comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC repetiu a avaliação de que a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas que "devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno"”, e com isto manteve, como esperado a taxa SELIC, mitigando, contudo, sinalizações prospectivas de agravamento do quadro fiscal e econômico, e até da crise do coronavírus.
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Os agentes do mercado ancorados neste posicionamento fomentam perspectivas as melhores, extraindo dados econômicos alvissareiros e conduzindo todo o contexto envolvido a um otimismo, a rigor, sem base fundamentalista concreta, mas agem e reagem na prática de forma absolutamente diversa.
A rigor a crise fiscal é um estorvo na questão brasileira, até o momento sem solução, a inflação dita temporária sinaliza que veio para ficar e se irradiar por todos os preços da economia e uma eventual segunda rodada da pandemia, se acontecer, vai encontrar o país com suas finanças em “frangalhos”, o desemprego presente é forte e, se o governo não der continuidade aos programas assistenciais às populações carentes, a tendência é o crescimento da miséria.
Isto o “forward guidance” posto pelo Copom não vê ou pelo menos não expressa a preocupação que deveria, visto que são riscos imediatos.
Tivemos oportunidade de salientar em posts bem anteriores que o “grande consumidor” presente na economia era o próprio governo, através o “input” de generosos recursos na forma de programas assistenciais às classes menos privilegiadas, transmutando-os de carentes para a condição de consumidores contumazes ao longo destes quase 8 meses de pandemia.
No processo em cadeia da economia aumentando a demanda na ponta do varejo, impulsionou o atacado e chegou à produção, e assim houve um clamor de que tudo estava voltando rapidamente ao normal e que, o Brasil era um emergente diferente, com poder de reação muito superior aos demais países.
Porém, o setor de serviços se mostrava claudicante e a sua importância no PIB nacional é de 70% e o desemprego mostrou sua realidade batendo recorde em setembro, e então se acentuaram os efeitos nefastos do “câmbio alto”, que ao beneficiar unicamente o setor exportador do agronegócio e metálicos trouxe para a economia interna forte impacto inflacionário, mitigado na metodologia do IPCA, mas alarmante no IGP-M.
Os agentes do mercado financeiro contumazes em postular reduções constantes da taxa SELIC, alteraram a conduta ao participar das rolagens da dívida pública, preocupados com a crise fiscal acentuada com os programas assistenciais ao longo da pandemia passaram a pressionar por mais juro e o BC para não ceder às pressões passou a encurtar o prazo da dívida nas rolagens, que na realidade é uma má prática.
Neste cenário já desfavorável passou a ter maior percepção a efetiva importância dos programas assistenciais, seus términos e absoluta incapacidade do governo em provê-los de continuidade por falta de recursos.
Surgiu então o risco do desastre maior, romper o teto orçamentário, tendo idealizadas algumas “bicicletas” que acabaram contidas e foram criando desgastes e temores na economia, e por fim, sempre afunilando para a criação de novos tributos velhos conhecidos transfigurados com novos nomes e da pior qualidade.
A economia brasileira tem necessidade urgente de reformas que foquem desoneração e ganho de produtividade, e as velhas práticas na área de tributos sugeridas vão frontalmente contra esta necessidade.
Reformas, privatizações e outros objetivos são muito retóricos, mas sem evidências de efetivo interesse em implementar por parte do governo, que não assume o protagonismo esperado e, desta forma, não evoluem.
Então, há receios com a economia global, mas evidentemente muito maiores com o nosso quadro interno, e isto, ao ser acesa a luz vermelha por percepção mais assertiva pelos agentes e investidores do mercado, mas atenuada pelo Copom/Bc determina postura fortemente defensiva.
A B3 (SA:B3SA3) então vê o seu índice derreter e se compatibilizar com a realidade e perspectivas da economia brasileira.
O dólar, não pela pressão de demanda de saída de recursos que esta branda e não preocupante neste momento, mas procurado como refúgio para garantia de reserva de valor no mercado futuro de câmbio, sofre intensa pressão colocando-o, outra vez, na linha dos R$ 6,00.
O BC, mais uma vez erraticamente, intervém no mercado com oferta de dólares no mercado à vista, quando deveria fazê-lo com a oferta de swaps novos no mercado futuro que é onde a segurança é buscada, mas parece haver certa timidez para evitar sancionar que os temores presentes, já que os omite no seu “forward guidance”.
Há preocupações com as eleições americanas, com o agravamento da crise da pandemia do coronavírus em sua segunda rodada no mundo, mas há inúmeros fatores internos absolutamente indefinidos e altamente preocupantes que sugerem postura defensiva por parte dos investidores e empresários.
O BC precisa ofertar contratos de swaps cambiais novos!