Moraes revê decisão sobre IOF para dispensar cobrança retroativa do tributo
Enquanto as negociações nos portos estiveram aquecidas na maior parte de novembro, impulsionadas pela maior demanda externa, no interior do País, a liquidez foi baixa. Isso porque, atentos às valorizações nos portos e à espera de novas altas nos preços, agricultores priorizaram as vendas ao mercado externo e limitaram a disponibilidade do milho no spot nacional. Esse cenário, somado à maior presença de compradores, elevou os valores do cereal no mês. A demanda elevada nos portos brasileiros foi verificada mesmo em período de colheita nos Estados Unidos. Assim, a maior procura externa foi influenciada pela oferta global enxuta, tendo em vista problemas climáticos no Hemisfério Norte, que limitaram a oferta, e pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que resulta em limitações da logística no Mar Negro.
No relatório de novembro, a Comissão Europeia reduziu a estimativa de colheita na atual temporada no continente, para 53,3 milhões de toneladas em novembro, contra 54,9 milhões em relatório divulgado em outubro. Já as importações na safra 2022/23 devem subir, de 22 milhões de toneladas em outubro para 23 milhões de toneladas em novembro. Demandantes chineses, atentos à produção nacional e às dificuldades nas negociações no Mar Negro, se direcionaram ao Brasil. Por sua vez, os estoques brasileiros confortáveis e a expectativa de safra verão volumosa estimularam produtores a negociar o milho para exportação – aqui ressalta-se que o desenvolvimento da safra de verão tem sido satisfatório na maior parte das regiões produtoras. Diante disso, em novembro, a Secex indicou que saíram dos portos brasileiros 6 milhões de toneladas de milho, mais que o dobro (153%) do volume embarcado em novembro/21 e acima da quantidade estimada pela Anec (Associação Nacional de Exportadores de Cereais) no início da semana, que era de 5,94 milhões de toneladas.
PREÇOS – No acumulado de novembro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas – SP) subiu 1%, fechando a R$ 86,20/saca de 60 kg no dia 30. A média mensal, de R$ 84,99/sc, foi 0,6% acima da de outubro. Já na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os valores recuaram ligeiro 0,5% no mercado de lotes (disponível) e 1,2% no de balcão (ao produtor). Quando comparadas as médias mensais, houve recuo de 0,4% no mercado de balcão e estabilidade no de lotes. Na B3 (BVMF:B3SA3), os contratos se desvalorizaram em novembro, influenciados pelo desenvolvimento satisfatório do milho verão e pela queda nos preços externos. O vencimento Jan/23 cedeu 3,3%, fechando a R$ 88,47/sc de 60 kg no dia 30. Os contratos Mar/23 e Maio/23 recuaram 3,3% e 2,7%, respectivamente, indo para R$ 92,20/sc e R$ 91,41/sc, no dia 30. Nos portos, no acumulado de novembro, houve valorização de 0,8% em Paranaguá (PR), com a saca negociada a R$ 88,89/saca de 60 kg no dia 30, e leve recuo de 0,3% em Santos (SP), a R$ 89,25/saca de 60 kg. A moeda norte-americana se valorizou 0,7% de 31 outubro a 30 de novembro, a R$ 5,21 no último dia do mês. Na Bolsa de Chicago (CME Group), o primeiro vencimento do milho caiu 4,27% em novembro, fechando a US$ 6,6200/bushel (US$ 260,61/t) no dia 30. O segundo e o terceiro vencimentos se desvalorizaram 4,27%, a US$ 6,6700/bushel (US$ 262,58/t), e 4,38%, a US$ 6,6525/bushel (US$ 261,89/t). Os valores foram pressionados por preocupações com a menor demanda pelo cereal norte-americano – os avanços nos casos de covid-19 na China limitaram as compras do país asiático. Além disso, a colheita finalizada nos Estados Unidos e a queda nos preços de trigo também pesaram sobre as cotações.
CAMPO – A semeadura da safra verão no Brasil está na reta final em muitas praças, e o desenvolvimento esteve satisfatório em novembro. Segundo a Conab, até o dia 26, os trabalhos de campo somavam 68,6% da área nacional. No Paraná, com 99% da área semeada, 90% das lavouras estão na fase de desenvolvimento vegetativo, 9%, em floração e 1% está em germinação, conforme dados da Seab/Deral do dia 28 de novembro. No Rio Grande do Sul, a semeadura de milho alcançou 84% da área estimada, de acordo com relatório da Emater/RS do dia 1º. O baixo ritmo dos trabalhos de campo se deve à menor umidade dos solos, além da prioridade com os trabalhos envolvendo outras culturas, como soja. A irregularidade do volume de chuvas em novembro preocupou produtores, já que o período de início do processo reprodutivo demanda mais água. Na Argentina, apesar do clima seco, produtores avançaram com a semeadura, que atingiu 25,4% da área esperada, atraso de 5,7 pontos percentuais em relação à temporada anterior, de acordo com relatório da Bolsa de Cereais do dia 1º. Já nos Estados Unidos, a colheita foi finalizada em meados de novembro.