Atentos aos baixos estoques da safra 2019/20 e preocupados com o desenvolvimento das lavouras 2020/21, produtores limitaram a oferta de milho no spot em abril. Do lado da demanda, parte dos consumidores precisou recompor os estoques no curto prazo durante boa parte do mês. Diante disso, os valores do cereal seguiram em alta, renovando os recordes reais em muitas praças. No contexto internacional, agentes indicaram preocupações com o clima frio, que pode prejudicar a produção da nova safra dos Estados Unidos. Neste contexto, na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços subiram 13,3% no mercado de balcão (preço recebido pelo produtor) entre 31 de março e 30 de abril, e 13,4% no de lotes (negociação entre empresas). Os valores do milho superam em 95% os verificados em abril de 2020, em termos nominais, considerandose a média das regiões acompanhadas pelo Cepea.
No acumulado de abril, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa avançou 6,5%, fechando a R$ 99,76/sc de 60 kg no dia 30. A média mensal, de R$ 97,15/sc de 60 kg, é recorde real da série histórica do Cepea, iniciada em 2004 (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de março/21). Quanto ao cenário internacional, também de 31 de março a 30 de abril, o contrato Maio/21 na Bolsa de Chicago se valorizou fortes 31,15%, passando para US$ 7,40/bushel (US$ 291,32/t) na quinta, o maior valor para um primeiro vencimento desde meados de junho de 2013. O contrato Jul/21 subiu 23%, indo para US$ 6,7325/bushel (US$ 265,04/t). Nesse cenário de incertezas climáticas, o ritmo de negociação tanto do grão disponível quanto para entrega futura diminuiu, e os futuros registraram aumentos na B3 (SA:B3SA3). O contrato Mai/21 subiu 6,8%, fechando a R$ 103,2/sc no dia 30. O vencimento Jul/21 teve ganho de 12,9% no mês, fechando a R$ 103,92/sc. Outros contratos do segundo semestre também registraram forte alta: Set/21 e Nov/21 avançaram 18 % no mês, indo para R$ 102,16/sc e R$ 102,64/sc.
Com as preocupações relacionadas à produtividade e os patamares elevados registrados para o segundo semestre no mercado brasileiro, muitos produtores já negociaram um percentual expressivo da produção, o que manteve baixa a liquidez no spot durante o mês. Em Mato Grosso, 72% da safra que ainda será colhida já foi negociada, segundo estimativas do Imea (Instituto MatoGrossense de Economia Agropecuária). No Paraná, o Seab/Deral aponta para 13% da produção da segunda safra já comercializada. Dados do Cepea apontam que, em abril, no norte do Paraná, as intenções de negócios para pagamento e entrega em agosto estão em torno de R$ 75/sc de 60 kg e, para setembro, R$ 80/sc de 60 kg. Na região de Sorriso (MT), os fechamentos antecipados ocorrem em torno de R$ 62 e R$ 65/sc de 60 kg para entrega entre julho e agosto. Outro fator que tem dado sustentação às cotações internas é o bom ritmo das exportações. Até o dia 23, os embarques do cereal somaram 130,87 mil toneladas, contra 6,69 mil toneladas no mesmo mês de 2020, segundo a Secex.
CAMPO – A colheita da primeira safra caminha para o fim no Paraná. Dados da Seab/Deral apontam que 98% da área havia sido colhida até o dia 3 de maio. Quanto à segunda safra, a semeadura também já está praticamente encerrada, alcançando 99% da área estimada, ainda de acordo com a Seab/Deral. O percentual de lavouras em boas condições recuou de 94% no final de março para 28% no encerramento de abril. No Rio Grande do Sul, de acordo com a Emater/RS, as perdas decorrentes da estiagem já se consolidaram nas estimativas, mas a baixa na produção foi compensada pelo aumento de área. No Centro-Oeste, a falta de chuvas e a semeadura fora da janela mantiveram produtores apreensivos. Em Mato Grosso, onde os trabalhos de campo se encerraram no início de abril, o Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) indicou possível redução de 6,97% na produtividade, indo para 102 sacas/ha, com queda mais expressiva (-3,91%) na região norte do estado, seguida pelo centro-sul mato-grossense, com recuo de 1,93%, e pelo mordeste, de 0,81%. A produção na segunda safra está estimada em 34,6 milhões de toneladas.
Para Mato Grosso do Sul, com três semanas de atraso, a semeadura foi finalizada, e a expectativa é de produção de 9 milhões de toneladas, de acordo com dados da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul). Na Argentina, a Bolsa de Cereales aumentou a estimativa de produção de 45 milhões de toneladas para 46 milhões de t, mas ainda 5,5 milhões de t inferior ao observado em 2019/20. Nos Estados Unidos, dados do USDA divulgados no dia 3 apontaram que 46% da área destinada ao cereal havia sido semeada, 2 p.p. abaixo do registrado no mesmo período de 2020, mas 10 p.p, superior à média de 2016 a 2020.