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Montando uma carteira utilizando o modelo de CAPM

Publicado 11.10.2024, 10:00

O modelo de precificação de ativos de capital (Capital Asset Pricing Model, CAPM) é amplamente utilizado por investidores para modelar o risco sistemático de um ativo em relação ao mercado. Esse modelo calcula o retorno esperado de um ativo com base em sua sensibilidade ao risco de mercado, medida pelo beta. O beta é uma medida que indica o quanto o preço de um ativo tende a se mover em relação ao mercado como um todo. Um beta de 1 sugere que o ativo deve se mover em linha com o mercado, enquanto um beta maior que 1 indica que o ativo é mais volátil. Já um beta menor que 1 sugere que o ativo apresenta menos volatilidade em comparação ao mercado. Investidores que desejam montar uma carteira ajustada pelo beta utilizam essa métrica para selecionar ativos de acordo com o nível de risco que estão dispostos a assumir em relação ao mercado.

Para construir uma carteira ajustada pelo beta, o primeiro passo é definir o nível de risco desejado. Um investidor mais conservador pode preferir uma carteira com beta próximo de 0,8, enquanto um mais agressivo pode buscar um beta acima de 1,2. A partir daí, selecionam-se os ativos de acordo com os betas individuais, escolhendo tanto ações quanto outros ativos que tenham características complementares de volatilidade. Em seguida, os ativos são ponderados de forma que a média ponderada dos betas da carteira atinja o nível de risco definido. Isso permite ao investidor ajustar sua exposição ao risco de mercado de acordo com suas expectativas e perfil de investimento.

Um dos principais benefícios de ajustar uma carteira pelo beta é o controle mais preciso sobre o risco sistemático. O investidor pode gerenciar sua exposição ao mercado de maneira eficiente, evitando oscilações indesejadas e alinhando seu portfólio com sua tolerância ao risco. Além disso, o beta é uma métrica amplamente compreendida e fácil de utilizar, tornando a estratégia simples de aplicar. Outra vantagem é que o beta permite uma diversificação direcionada, onde o investidor pode ajustar a volatilidade esperada sem comprometer a diversidade de ativos na carteira.

No entanto, há algumas desvantagens. A principal é que o beta é uma medida baseada em dados históricos, o que significa que pode não refletir o risco futuro de forma precisa. Mudanças nas condições do mercado ou nos fundamentos de uma empresa podem fazer com que o beta se altere, tornando as estimativas menos confiáveis. Alinhado a isso, o beta pode ser calculado em diferentes janelas (6 meses, 1 ano, 5 anos, etc.), o que torna difícil saber qual o beta que exprime corretamente o grau de risco de determinado ativo. Além disso, o beta considera apenas o risco sistemático, ou seja, os movimentos gerais do mercado, ignorando os riscos específicos de cada ativo. Isso pode levar o investidor a negligenciar fatores importantes relacionados ao desempenho individual de empresas ou setores. Outro ponto crítico é a necessidade de rebalanceamento constante da carteira. Como os betas dos ativos mudam com o tempo, é necessário ajustar as ponderações da carteira de forma regular, o que pode aumentar os custos operacionais e fiscais (i.e., vender operações com lucro e incidir no pagamento de impostos).

A escolha do período de rebalanceamento é um outro fator que deve ser considerado em uma carteira ajustada pelos betas. Um rebalanceamento muito frequente pode gerar altos custos, enquanto ajustes feitos em intervalos muito longos podem deixar a carteira desalinhada com os riscos, podendo estar exposta a riscos maiores que o inicial. Ou, ainda, estar exposta a menos riscos, o que diminuirá o retorno esperado. Alguns investidores optam pelo rebalanceamento automático, que pode ajudar a manter a consistência do portfólio, mas tende a aumentar os custos. Outros preferem rebalancear periodicamente, como a cada trimestre ou semestre, o que equilibra a necessidade de ajustes com os custos associados. Existe também a possibilidade de rebalanceamento dinâmico, no qual ajustes são feitos quando o beta foge de uma banda. Por exemplo, um investidor pode montar uma carteira que tenha um beta de 1 e só haveria rebalanceamento quando o beta estivesse menor que 0,8 ou superior a 1,2. Essa abordagem é mais flexível, mas requer monitoramento constante.

Criar uma carteira ajustada pelo beta do CAPM é uma estratégia interessante para quem busca alinhar o risco sistemático da carteira com seus objetivos de investimento. No entanto, é fundamental entender as limitações do beta, como a sua dependência de dados históricos, e considerar os custos do rebalanceamento.

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