Os planos de expansão internacional da MRV (SA:MRVE3) fazem jus à fama de “come quieto” do mineiro. A construtora de Belo Horizonte está ganhando cada vez mais espaço nos Estados Unidos, a partir de sua subsidiária AHS Residential.
A companhia quer se tornar a maior construtora do segmento americano de construção multifamily (unidades construídas e alugadas pela própria empresa, com toda a infraestrutura e sistema de serviços compartilhados) e, para isso, planeja o investimento de 6 bilhões de reais nos próximos cinco a seis anos.
Capitalização da AHS
A empresa contratou o Bank of America (NYSE:BAC) (BofA) e o BTG Pactual (SA:BPAC11) para buscar interessados em acelerar o ritmo de expansão.
O dinheiro do futuro sócio será usado para fomentar construções nos Estados de Flórida, Georgia e Texas, além de aumentar a atuação no Colorado e mais adiante, no Arizona e no distrito de Washington.
Hoje, a AHS ocupa a 21ª posição no mercado multifamily norte-americano, segundo ranking da NMHC (National Multifamily Housing Council), mas a expectativa é que alcance o pódio em poucos anos com o impulso dos possíveis novos investimentos.
Ainda que os Estados Unidos também estejam vivendo um cenário de alta de juros, o segmento que a subsidiária atua continua bastante aquecido por lá — pelo menos na região em que estão presentes, conhecida como “Sun Belt” (sul dos EUA).
AHS muda nome para Resia
O novo sócio ainda vai encontrar uma empresa de cara nova. A AHS passa agora a se chamar Resia, marca inspirada no termo “residencial”.
A subsidiária do grupo MRV precisou ser rebatizada porque a sigla AHS, que vem de American Housing Solutions, era utilizada por uma empresa de seguros para eletrodoméstico com as mesmas iniciais.
Potencial de crescimento
A AHS possui, atualmente, 1 bilhão de dólares em VGV (Valor Geral de Venda) em projetos em construção nos EUA, mostrando que pode continuar entregando crescimento nos próximos trimestres e sendo um grande diferencial para a MRV. Além disso, a empresa já havia revisado o seu plano de negócios e prevê a construção e venda de 12 mil unidades por ano (o plano inicial era de 5 mil unidades por ano).
Programa Casa Verde e Amarela (versão turbo)
No Brasil, há, basicamente, dois “gatilhos” para que a companhia retome a sua margem bruta nos próximos trimestres e possa alcançar a sua expectativa, que é de 30 por cento: (i) a falta de oferta, principalmente no CVA, com muitas empresas deixando de operar no segmento e (ii) uma possível correção das regras do programa – ainda mais considerando que estamos em ano eleitoral.
E parece que as coisas também começaram a conspirar a favor da MRV por aqui. O governo federal anunciou nesta semana que elevará os subsídios do programa Casa Verde e Amarela e já está preparando novas mudanças no financiamento para habitação.
A medida é uma tentativa de conter a queda nas contratações do programa, que no primeiro trimestre representaram -15 por cento a menos em relação ao mesmo período do ano passado.
Como vai funcionar
Sobre a elevação dos subsídios, o aumento será de 12,5 por cento a 21,4 por cento, dependendo da localização do empreendimento, da renda familiar e outros critérios a serem avaliados para o enquadramento no benefício. Apenas como exemplo, para uma família em São Paulo com renda de 2,6 mil reais, o incentivo irá de 12.182 reais para 13.843 reais (+13,6 por cento).
Já para as possíveis mudanças relacionadas ao financiamento do programa, o governo está avaliando reduzir em 1 p.p. a taxa do pró-cotista (linha para trabalhadores com ao menos três anos de contribuição ao FGTS), aumentar a faixa de renda familiar dos grupos 2 e 3 (a faixa de renda do grupo 1 já havia sido aumentada no ano passado) e também ampliar o prazo de financiamentos de 30 anos para 35 anos – este último necessitaria, inclusive, de mudanças de legislação.
O importante é que, enquanto as mudanças ainda estão em processo de implementação ou ainda em estudo, a MRV está conseguindo priorizar os lançamentos do CVA nas cidades com menor concorrência ou lançando mais empreendimentos de suas linhas Sensia e Class (fora do CVA), nas regiões onde os preços já estavam próximos do teto do programa.
Reitero recomendação de compra para as ações da MRV (MRVE3).