Os mercados financeiros mundiais forçaram a percepção de uma tendência à manutenção do “status quo”, com a Grã Bretanha mantendo-se na União Europeia e tudo seguindo, mas não foi bem assim.
Consequências? Em principio muitas conjecturas sugerindo a instalação do caos no mercado global, com projeções absolutamente negativas, mas o que vai se revelando é que ninguém tem uma noção e não há consenso a respeito das consequências, até porque as mutações impulsionadas inicialmente pelo ímpeto negativo vão gradualmente se ajustando assim que superado o impacto de primeiro momento.
Então parece comprometida a tese da derrocada dos mercados globais como reação obvia ao deliberado pelo plebiscito no Reino Unido, restando claro que ainda é bastante prematuro preconizar-se os impactos econômicos e seus desdobramentos.
Afinal, o Reino Unido é a 4ª economia mundial, mas, mais do que isto tem uma importância relevante na União Europeia, bastando lembrar que é o pendulo de equilíbrio das relações entre Alemanha e França, tradicionalmente países antagônicos, e muito mais do que isto Londres é o tradicional centro financeiro da Europa, com grande influência sobre Wall Street.
Há muito que ser avaliado e, tudo leva a crer, somente o tempo apontará gradativamente os ajustes e se a decisão do Reino Unido foi ou não uma decisão errática e que efeitos colaterais provocará na relação dos demais países da União Europeia.
Não há espaço para juízos precipitados acerca do ocorrido, é necessário dar tempo ao tempo.
Neste meio, mas à distância pela baixa importância do país no contexto internacional, aparece o Brasil, que sendo país emergente e em situação econômica desfavorável se diz deverá repercutir mais intensamente o fato.
O Brasil tem problemas que lhe afligem neste momento muito maiores do que os em torno do Bretix, muito embora se espere, como de hábito em relação aos fatos externos, que o país procure potencializar as repercussões em torno de sí nestas ocasiões.
O Brasil tem neste momento inúmeros problemas em sua economia e na sua política fiscal e excesso de discursos propositivos, mas ainda muito distante da atuação efetiva do governo transitório sobre as causas de forma efetiva.
Convive com cenário absolutamente irreal e desprovida de fundamentos macroeconômicos em torno do preço do câmbio, que poderá levá-lo à derrocada dos projetos de exportação e dinamizar de forma rápida a retomada das importações.
O Banco Central do Brasil, até outro dia excessivamente interveniente no mercado cambial, tem atualmente uma postura inerte da autoridade monetária desde que assumido por nova gestão.
O mercado cambial está sob forte especulação e este fato afasta a taxa cambial que forma da realidade.
Especuladores, predominantemente estrangeiros, não tem compromisso algum com o país, visando somente ganhos de oportunidade, e é necessário que as autoridades atuem fortemente para inibir esta atuação danosa aos interesses do país.
Os estrangeiros detém neste momento o maior volume de acumulo de posição comprada dos últimos 11 anos, estrategicamente preparados para realizar o lucro quando provocarem a reversão do “status quo” atual.
Assim postados, têm o domínio sobre a formação do preço da moeda americana que se vê forçada à depreciação frente ao real, moeda brasileira que tem como lastro uma situação macroeconômica, fiscal e conjuntural que não justifica apreciar-se, mas que tem este movimento assistido por uma “plateia” que fica buscando em fatos desconexos as razões para tal.
Este é um fato real brasileiro que gera este irrealismo e que tem estado aguardando efetiva intervenção corretiva da autoridade monetária brasileira.
Que não se atribua ao Bretix o que nada tem a ver, e que se observe mais internamente os efetivos interesses do país, visto que o preço do câmbio ajustado é ponto fundamental para a recuperação do dinamismo mínimo da economia no curtíssimo prazo e podemos estar desprezando esta possibilidade e até agindo contra os nossos próprios interesses imediatos quando relegamos o fato a segundo plano.
Não há qualquer fundamento crível que possa justificar a apreciação do real frente ao dólar no nosso mercado de câmbio, neste momento.