Nova queda em março reforça tendência de arrefecimento no varejo brasileiro

Publicado 28.04.2025, 13:45

O volume de vendas do varejo registrou uma queda de 1,6% em março, segundo dados do Índice do Varejo Stone (NASDAQ:STNE) (IVS). Essa é a segunda baixa consecutiva, o que reforça uma tendência de arrefecimento, que também pode ser observada nos demais resultados trazidos pelo relatório. 

O acumulado do trimestre, por exemplo, trouxe uma queda sazonalmente ajustada de 0,3% em comparação ao trimestre anterior. A comparação entre as vendas digitais e físicas também corrobora a percepção de arrefecimento, com retração mensal em ambos os índices: o varejo digital caiu 12,9% e o índice de comércio físico 0,1%.

Entre os segmentos analisados no relatório, apenas o setor de Hipermercados, Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo teve alta mensal, de 2,2%. Nos dados trimestrais a situação é similar: apenas o segmento de Tecido, Vestuário e Calçados teve alta acumulada, com um resultado 0,4% acima do resultado do trimestre anterior. 

Na análise regional o que se viu foi uma manutenção do quadro observado no mês anterior. Os principais resultados foram a alta de 2,1% nas vendas do varejo no Acre e a queda de 8,2% no Rio Grande do Sul. Um destaque do mês foi o crescimento de 1% registrado em Goiás, o único entre todos os estados das regiões sul, sudeste e centro-oeste.

No fechamento trimestral, o relatório trouxe também a análise do desempenho dos setores mais sensíveis à renda e dos setores mais sensíveis ao crédito. Frente ao trimestre anterior, bens mais sensíveis à renda tiveram queda acumulada de 1%, enquanto bens mais sensíveis ao crédito registraram alta de 0,6%. Contudo, essa divergência entre ambos se dá, principalmente, por diferenças na base de comparação (último trimestre de 2024), que tinha sido positiva para os setores mais sensíveis à renda, mas fraco para setores mais sensíveis ao crédito.

A percepção de arrefecimento acompanha os dados macroeconômicos. O mercado de trabalho, ainda que robusto, registrou uma nova alta no desemprego, chegando a 6,8% em fevereiro, segundo dados da PNAD. Além disso, o comprometimento da renda das famílias com o serviço da dívida também registrou um aumento em seu último resultado, o que, somado à alta inflação, pressiona o orçamento doméstico, potencialmente afetando o consumo. 

O cenário de inflação e juros altos aumentam a incerteza para o comércio varejista. Isso se reflete também nos resultados dos índices de confiança do consumidor (ICC) e de confiança empresarial (ICE), ambos do FGV/IBRE. O primeiro registrou uma leve alta em março, mas se mantém na região “pessimista” e teve piora da confiança para consumidores fora da faixa alta de renda. Paralelamente, o ICE registrou nova queda em março puxada, especialmente, pela confiança do setor de comércio, que teve um recuo de 2,4 pontos. 

Assim, os sinais de esfriamento do comércio varejista são cada vez mais consistentes, mas ainda é preciso continuar acompanhando os resultados das vendas para confirmar tal tendência.

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