Nos últimos dias, uma audiência pública organizada pela B3 (BVMF:B3SA3) sobre novas regras de ESG para companhias listadas gerou um certo burburinho na Faria Lima. Em resumo, a bolsa pede que as empresas deem mais espaço para minorias em cargos de liderança.
Embora observações possam ser feitas sobre o tema, é fundamental que entidades e órgãos públicos ajudem a tornar o mercado mais justo, com espaços para todos.
Mas, não é o que temos visto e daí deriva a iniciativa de audiência pública.
Dados da própria B3 mostram que de 423 negócios listados, mais de 60% não possuem nenhuma mulher na diretoria estatutária e, em 37% delas, nem no conselho de administração.
De 74 respondentes do ISE 2022, 79% informaram ter algo entre 0 e 11% de pessoas de pele negra em cargos de diretoria.
Lá fora, os problemas são semelhantes e as entidades responsáveis pelos mercados já começaram a tomar algumas iniciativas.
Na Nasdaq, por exemplo, novas regras pedem que as companhias elejam pelo menos uma mulher e um integrante de comunidade minorizada para o conselho de administração.
No Reino Unido, foi definido que os conselhos devem ter 40% de sua configuração composta por profissionais do gênero feminino e, no mínimo, um integrante de minoria “não branca” (negros, hispânicos e povos nativos).
Vale ressaltar que também há uma exigência para que ao menos uma mulher ocupe o cargo de CEO, CFO, presidente do conselho ou membro independente.
Na Ásia, tanto Hong Kong quanto Japão também estipularam regras para aumentar a diversidade nos cargos de liderança de suas companhias.
Em quase todos os casos citados, exceto Ásia, existem metas dentro de prazos específicos que, em resumo, não devem passar de 2030.
No Brasil, embora o novo escopo ainda não esteja aprovado, provavelmente teremos algo bastante semelhante ao que ocorre no ocidente.
Por fim, sobre as críticas, são sempre bem-vindas, pois ajudam a dar qualidade ao debate. Contudo, em defesa do ESG, preciso ressaltar que este movimento tem acontecido em todo o mundo e que a tendência já está formada.
Além disso, a quantidade de mulheres que investem tem aumentado ano após ano. Eu mesma sou testemunha disso pelo trabalho que tenho desenvolvido.
Por isso, eleger profissionais do gênero feminino para os conselhos e cargos estratégicos das companhias é fundamental para que as investidoras se sintam representadas.
Se você ainda tem dúvidas, pare e se questione: você gostaria de ver uma mulher que você ama, seja esposa, mãe, irmã ou filha, tendo sucesso profissionalmente? A resposta provavelmente é um sim. Por isso, esta bandeira também deveria ser a sua. Pense nisso!