A confiança dos americanos na economia atingiu em fevereiro o mais alto patamar desde 2004, ajudada pelos estímulos fiscais de Trump e pelo mercado de trabalho aquecido.
Os investidores voltaram a colocar dinheiro no mercado acionário, depois da queda forte nos primeiros dez dias do mês, e o S&P500 na sexta-feira dia 16 chegou a negociar com ganhos de 8.75%, comparando com a mínima do dia 9 de fevereiro.
O índice de preço ao produtor nos Estados Unidos, acima do previsto, desvalorizou a moeda americana na quinta-feira, muito embora a inflação mais alta foi um reflexo da alta do petróleo em janeiro, quando em janeiro o barril foi acima de US$ 66.00 – 10% acima do que está hoje.
As commodities recuperaram as perdas recentes lideradas pelos ganhos dos metais industriais, do cacau, do petróleo e da soja. Cinco dos componentes do CRB cederam, entre eles o café, o açúcar e o algodão.
O contrato de maio do café arábica fez uma nova mínima e fechou nela, com o robusta em Londres também cedendo e encerrando em cima da média-móvel de quarenta dias.
Nem mesmo o Real firmando na curta semana brasileira, assim como o peso colombiano mais apreciado, conseguiram prover suporte ao mercado que viu os fundos liquidarem 8,864 contratos no período em que os preços não subiram nada.
O começo do período de entrega do contrato de março atraiu vendas dos países produtores que aguardavam por um rally, que apenas aconteceu no começo do ano e durou pouquíssimo, como todos as últimas altas recentes.
Com o relógio indo contra quem tem café para vender e fotos que continuam circulando mostrando cafezais carregadíssimos de fruto (arvores que não refletem todo o parque, é verdade), o cenário não encoraja os compradores.
Os baixistas acreditam que há mais quedas pela frente, não apenas por verem café estocado que virá ao mercado, mas principalmente por crerem que se vendeu muito pouco café da safra 18/19, o que faz pensarem em uma pressão de venda já na pré-colheita.
Olhando para a queda de preço de cafés baixos e do conilon no Brasil, nas últimas semanas, os sinais são de fato negativos. A chegada da safra do conilon em pouco menos de dois meses pode fazer com que a nuvem negra fique difícil de ser dissipada.
O curioso nisto tudo é observarmos outras estimativas da safra apontando para números bem aquém do otimismo de alguns meses atrás. A Terra Forte, por exemplo, divulgou uma expectativa de produção de 43.62 milhões de arábica e 15.53 de conilon, um total de 59.15 milhões. A Cooxupé vê o arábica entre 40 e 42 milhões, não muito distante de vários.
Na viagem feita por vários profissionais do setor, muitos de nossos amigos em comum, o consenso foi de que o Sul de Minas vai colher muito menos do que se imaginava. A bolsa, por ora, não reage em função da percepção da necessidade de venda, que tem se traduzido em vendas de origem toda vez que Nova Iorque tenta sair do buraco.
Para ajudar os baixistas as notícias de planos de expansão de produção na África, com destaque a Uganda que quer quadruplicar sua safra até 2025, passam a mensagem de que as cotações atuais ainda estão em níveis remuneradores, mesmo que isto não seja a realidade para uma parcela dos países produtores, e ainda que o país possa não vir a entregar o plano, dado o histórico passado.
Os estoques americanos no mês de janeiro caíram apenas 18 mil sacas, pouco para um mercado que esperava entre 200 e 500 mil de queda.
Sobra a esperança de alguma recuperação do contrato “C” no pós-começo do período de notificação, que no caso será a partir de terça-feira já que segunda-feira é feriado por aqui, Dia do Presidente.
É pouco, mas por ora parece ser a única novidade disponível para os altistas no curto-prazo.
Na próxima semana não haverá comentário, volto a escrever no fim de semana do dia 24 de fevereiro.
Uma ótima semana e muito bons negócios a todos.