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O Brasil Não Vai Dar Certo, Mas Também Não Dará Errado

Publicado 09.03.2021, 06:40
Atualizado 09.07.2023, 07:32
IBOV
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Quem já tem um pouco de vivência com investimentos sabe da importância das expectativas para a movimentação do preço dos ativos. O que esperamos com relação à economia, às empresas, à política, é o que fará o mercado se movimentar.

Políticas econômicas claras, estabilidade política, informação razoavelmente bem difundidas, são alguns dos aspectos que ajudam a evitar distorções muitos grosseiras nos preços. Tudo o que (não) temos tido no Brasil, não é mesmo?

Projeções muito divergentes, tanto em grau como em direção, são naturais. Se não fossem, não teríamos visto tantas crises ou movimentos bruscos das bolsas mundiais ao longo do tempo.

É claro que não podemos minimizar a importância dos movimentos inesperados, dos cisnes negros. Eles são e continuarão sendo aspectos determinantes para movimentos exagerados nas bolsas, como observado, por exemplo, ano passado com a explosão de casos de Covid-19 ao redor do mundo.

No entanto, no Brasil temos abusado do direito de atrapalhar o curso “natural” das coisas. Em duas semanas tivemos alteração na presidência da maior empresa estatal brasileira, modificação de tributação para baixo num segmento e para cima noutro, votação de PEC que já deveria ter saído mas parecia que não sairia mais…

Enfim, não faltaram surpresas. E momentos de incertezas mais fortes possibilitam movimentos mais exagerados. O gráfico abaixo mostra o comportamento do Ibovespa nos últimos 12 meses.

Mesmo com todas as incertezas vindas da “entrada” em uma pandemia, do fechamento e alteração de muitas atividades, de uma queda expressiva do PIB e tantas outras alterações nas projeções que tínhamos no início de 2020, ainda assim vimos a bolsa subindo 10,2% no período.

Assim como talvez tenhamos visto um pessimismo exagerado em março do ano passado, possivelmente vimos um otimismo excessivo em outros momentos. Pensando friamente, o que houve de “bom” nesse último ano? No Brasil, os juros caiu para patamares nunca vistos e no mundo houve uma expansão da liquidez para patamares ainda mais agressivos.

Se tivéssemos “dormido” há um ano e acordado agora, seríamos informados que o PIB caiu 4,1%, o desemprego subiu para 14,1%, a Selic recuou para 2,0% e os investimentos em bolsa tiveram esse desempenho:

Sim. Quem estava investido em Ibovespa e não vendeu quando todos vendiam ou comprou quando todos compravam, teve esse desempenho.

A vida real mostra que dificilmente alguém ficou parado no período. Se não houve nenhuma movimentação de ativos, ao menos uma vontade de fazer algo possivelmente aconteceu. Em momentos de desespero ou euforia, fazer nada é possivelmente a tarefa mais difícil.

O ambiente todo conspira contra quem fica imóvel. Se acompanhamos o noticiário, ou o mundo está acabando ou estamos em um perfeito mar de rosas, onde nada acontecerá de errado. Se olhamos as projeções das corretoras, um mercado que iniciou o ano podendo ir a 150 mil pontos, 3 meses depois pode cair a 50 mil pontos e 3 meses depois fechar esse mesmo ano em 130 mil.

O noticiário, as corretoras, estão de sacanagem? Querem brincar com nossos sentimentos? Não. Eles simplesmente estão refletindo e transmitindo as suas percepções para aquele momento específico. Se o ambiente está ruim, a catástrofe é percebida. Se o cenário melhorou, nada mais pode dar errado.

Nesse aspecto entra a figura abaixo:

Howard Marks utilizou a imagem do pêndulo para ilustrar as mudanças de humor do mercado. O ponto A seria o momento em que o temperamento do mercado está na média, ou seja, as estimativas estão sem nenhum exagero aparente.

No entanto, se formos pensar no movimento do pêndulo, o ponto A é aquele poucas vezes observado. De um modo geral, se pensarmos que os pontos B e C representariam os extremos do otimismo e do pessimismo, o ânimo do mercado está sempre oscilando entre eles.

Adicionalmente, há uma outra conclusão. Da mesma forma que o mercado está sempre oscilando entre euforia e depressão, ele sempre passa pelo ponto médio. Como investidores, essa noção pode ser a nossa maior aliada.

Aplicando essa lógica à alguns temas futuros, qual a minha percepção?

  • Para o Brasil, esperar que qualquer reforma, sobre qualquer tema, seja da maneira que deveria, é ilusão. Por outro lado, imaginar que não ocorrerá nada no aspecto administrativo ou tributário, também é exagero.
  • Esperar que todas as estatais sejam privatizadas, não faz sentido, mas também assumir que nenhuma será, faz tanto quanto.
  • No longo prazo, virarmos uma Venezuela é tão provável quanto nos transformarmos num país nórdico.
  • Acreditar que os mercados mundiais estão nos patamares corretos, que a conta pelo excesso de liquidez não virá, é aceitar aquela ideia velha de que “dessa vez é diferente”.

Nem ao Céu, nem ao Inferno. Estude aquilo eu você investe ou pretende investir. Se parecer caro, espere. A oportunidade irá surgir. Se estiver barato, compre. Nenhum ativo bom fica descontado para sempre.

Apesar de tudo que vemos e vivemos, investir no Brasil sempre trará boas oportunidades. Os extremos do nosso pêndulo passam do “tudo vai dar certo” para o “tudo vai dar errado” e isso não irá mudar. O negócio é ter paciência para entender em qual extremo estamos.

Um abraço.

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