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Como previmos em nosso artigo da semana anterior, o mercado financeiro nesta que passou pode ser descrito como um intenso cabo de guerra. De um lado, o otimismo vindo do exterior puxava com força, levando a Bolsa de Valores a novos recordes e derrubando a cotação do dólar. Do outro, a persistente desconfiança com o cenário político e fiscal brasileiro segurava a corda, impedindo que a euforia fosse ainda maior. O resultado foi uma semana de ganhos expressivos para o investidor, mas que deixa no ar uma pergunta crucial: essa maré de otimismo veio para ficar?
O grande motor do bom humor global foi, sem dúvida, os Estados Unidos. A divulgação de dados de inflação mais baixos que o esperado por lá funcionou como um sinal verde para os investidores em todo o mundo. Na prática, uma inflação mais controlada na maior economia do planeta significa que o banco central americano, o mais poderoso do mundo, não precisará ser tão duro em sua política de juros. Isso faz com que o dinheiro global, sempre em busca de melhores retornos, olhe com mais carinho para países como o Brasil, que oferecem juros bem mais altos. Esse movimento de entrada de capital estrangeiro explica diretamente os dois principais fenômenos da semana: a queda do dólar e a alta da Bolsa.
Contudo, enquanto o cenário internacional sorria, o Brasil tinha seus próprios desafios servindo como um freio de mão. Questões internas, como as discussões sobre os gastos do governo para o próximo ano e julgamentos importantes com potencial de impactar as contas públicas, mantiveram os investidores com um pé atrás. Essa desconfiança cria o que o mercado chama de "prêmio de risco", ou seja, o investidor exige um retorno maior para aplicar seu dinheiro aqui, por considerar o ambiente mais incerto. Foi exatamente essa cautela que impediu o dólar de cair ainda mais e a Bolsa de subir com mais força no início da semana.
Essa batalha foi visível nos números. O Ibovespa, principal índice da nossa Bolsa, não apenas subiu, como rompeu pela primeira vez a barreira dos 144 mil pontos, sua máxima histórica, impulsionado pelas maiores empresas do país, como Petrobras, Vale e os grandes bancos. Ao mesmo tempo, o dólar, que assustava os brasileiros ao se manter acima de R$ 5,40, sentiu o peso do otimismo externo e recuou para a casa de R$ 5,35, trazendo um alívio para os preços de produtos importados e para quem planeja uma viagem ao exterior.
E o que esperar da próxima semana?
Se a semana que passou foi de otimismo, a próxima será de definição. Todas as atenções estarão voltadas para a chamada "super quarta-feira", quando o banco central americano (o Fed) anunciará sua decisão sobre os juros. Este será o momento da verdade, que irá confirmar ou frustrar as expectativas que animaram o mercado. Se o Fed sinalizar que o ciclo de alta de juros realmente chegou ao fim, a tendência positiva pode ganhar ainda mais força. Contudo, se o tom for de cautela, alertando que a luta contra a inflação ainda não acabou, podemos ver uma rápida reversão de todo o otimismo recente.
Além do cenário internacional, o foco continuará sobre o nosso "dever de casa". O andamento das pautas econômicas no Congresso e a busca do governo por um caminho que equilibre as contas públicas serão cruciais. Para que a melhora vista nos últimos dias seja sustentável, não basta apenas contar com os ventos favoráveis do exterior; é preciso que o Brasil demonstre solidez e previsibilidade em sua própria economia. A próxima semana, portanto, será decisiva para entendermos se a maré global favorável terá força suficiente para superar os desafios da arrumação da casa.
É hora de entrar em AÇÃO!