O Fim da Crise?
PIB brasileiro cresceu 1 por cento no 1T17 – primeira alta em 8 trimestres, ou 24 meses, ou dois anos.
Na comparação anual, o PIB ainda apresentou queda de -0,4 por cento, ou seja, ainda estamos abaixo do primeiro tri do ano passado – Dilmãe foi a primeira presidenta a criar uma máquina do tempo: PIB brasileiro voltou ao que era lá no fim de 2010.
Fontes: Empiricus Research e IBGE.
De qualquer forma, oficialmente, a recessão acabou, a questão é saber se esse crescimento vai se repetir nos próximos trimestres ou se a crise política vai enfraquecer o processo de retomada.
Olhando um pouco mais no detalhe, o que puxou mesmo o número foi o setor agrícola (alta de 13,4 por cento no trimestre) – refletido nas exportações. Tudo indica que agro seguirá puxando a economia – governo tem estimulado o setor e o clima contribui para a safra recorde.
Mesmo que não tenha “brilhado”, consumo já dá sinais de estabilização e a grande decepção fica ainda com os investimentos – recuo de -1,6 por cento. Dada a incerteza que sopra de Brasília, difícil esperar que haja grande avanço no próximo tri.
Mesmo que o alívio tenha vindo do campo, é bom ver números positivos depois de tanto tempo – gol de canela vale tanto quanto gol de placa.
Fontes: Empiricus Research e IBGE.
Uma boa surpresa foi a revisão do número do 4T16 – queda tinha vindo -0,9 por cento e foi atualizada para -0,5 por cento.
Qualquer ajuda é bem-vinda.
O mercado agradece e, com a ajuda externa (mais à frente), a Bolsa sobe depois do tombo de ontem. A curva de juros responde ao comunicado do Banco Central (abaixo) e juros abrem um pouco. Dólar segue absolutamente comportado e vai de lado próximo dos 3,25 reais.
Bunda na Parede
Copom reduziu a Selic em 100 bps e sinalizou que os próximos cortes podem ser mais moderados (entenda-se 75 bps na próxima reunião).
Há quase uma revolta entre os economistas: “pra que sinalizar redução do corte em uma economia que já está totalmente amassada?”.
Minha opinião, e confesso que estou praticamente sozinho nessa, é que a cautela de Ilan é justificada.
Ninguém sabe se e como Temer vai se manter, a situação fiscal ainda é um grande problema e o câmbio pode estressar a qualquer momento – se eu não estou disposto a pagar antecipado, por que o Bacen deveria?
Há quem diga que Temer já aceitou um recuo no fim do imposto sindical – o que mais ele vai entregar para ficar no cargo?
Vale (SA:VALE5) lembrar que o foco do Banco Central é o controle da inflação via política monetária.
Tudo e só isso.
Como o processo de afrouxamento monetário é endógeno e path dependent (o resultado depende do caminho), acelerar os cortes pode resultar em uma Selic final maior.
É melhor ir cortando aos poucos e ajustar conforme os eventos em Brasília vão se desenrolando.
De qualquer forma, estamos próximos de uma Selic de um dígito – claro que é preciso endereçar o problema fiscal para que isso se mantenha.
Pode-se falar o que quiser do governo Temer (e há bastantes críticas a serem feitas), mas, em um ano, ele fez mais pela redução dos juros e pelo fim da vida mansa dos rentistas e banqueiros do que os cinco anos do governo anterior.
O Mapa da Marília
Se você quiser saber mais sobre Selic, taxas de juros e como isso afeta seus investimentos e sua futura aposentadoria, a Marília criou o Mapa do Tesouro , um curso para leigos totalmente focado no Tesouro Direto.
São seis aulas ao vivo, que explicam desde o comecinho (como abrir sua conta) e vai até instruções para fazer a gestão ativa de sua carteira.
No ano passado, quem seguiu as recomendações da Marília, lucrou 49 por cento. Já esse ano, a estratégia está rendendo 169 por cento do CDI.
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Ainda o Brexit?
Se aqui o tom é de cautela, os dados de emprego nos EUA surpreenderam pra cima – foram criadas quase 250 mil vagas de emprego em maio e, na esteira dos bons dados e da recuperação do preço de algumas commodities, Bolsas americanas operam em alta.
A grande dúvida do momento (como o mercado adora uma narrativa, não?!) é se as eleições no Reino Unido vão azedar – as pesquisas mais recentes indicam que Theresa May viu sua vantagem, que era de 20 pontos, cair para perto de 3 pontos percentuais.
E o que isso importa?
Bem, se a Primeira Ministra perder força no Parlamento, as negociações sobre o Brexit podem tomar caminhos inesperados.
Quem vai mal é o minério – nova queda de quase 2 por cento, já opera próximo dos 55 dólares por tonelada – amanhã falaremos um pouco mais sobre isso e a tal “Rota da Seda” chinesa.