O mercado financeiro passou os últimos dias à espera desta quarta-feira. Os números do índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos (CPI), que saem às 9h30, vão dar clareza sobre se o movimento recente dos ativos globais foi, de fato, uma recuperação. Ou se os investidores continuam vulneráveis, com o sentimento ditando a exposição ao risco.
Depois do pânico no início deste mês por causa do temor de uma recessão nos EUA, agora é a vez da inflação afastar de vez o receio de um pouso forçado da economia. Tudo vai depender da distância entre o CPI e a meta de 2%. Caso a previsão de taxa anual de 3% se confirme hoje, isso não deve impedir o Federal Reserve de agir em setembro.
Daí porque o salto de quase 6% do Ibovespa nas últimas seis sessões e o tombo do dólar para abaixo de R$ 5,45, no mesmo período, não é mera coincidência. Aos poucos, o mercado está voltando aos níveis do fim do ano passado. Para quem não se lembra, 2023 encerrou com um rali nos últimos dois meses por causa da perspectiva de cortes do Fed.
Mercado acorda antes de setembro chegar
Mais de oito meses depois - e muitos solavancos nos mercados - a queda na taxa de juros dos EUA, enfim, está próxima. E os ativos de risco voltam então ao ponto onde estavam quando se imaginava que esse movimento estava perto de começar. O Ibovespa, por exemplo, voltou aos 132 mil pontos e está a meros 1,33% para alcançar o recorde histórico.
Aí surgem perguntas sobre se ou até quando esse apetite vai durar. Em dia de vencimento de indice futuro na bolsa brasileira, o que vai acontecer com a posição líquida comprada em R$ 17,5 bilhões pelos investidores estrangeiros pode ajudar a responder. O montante é praticamente a metade do saldo negativo em recursos externos entre as ações listadas.
Já a aposta na alta do dólar na B3 (BVMF:B3SA3) caiu abaixo de 200 mil contratos, somando menos de R$ 10 bilhões. Isso significa que o quadro técnico do mercado doméstico está mais leve e mais ajustado ao novo cenário do Fed. Os investidores estão acordando antes que setembro comece e esperam que a próxima “Super Quarta” abra caminho para um rali de fim de ano.
Em tempo…
A agenda econômica do dia também traz dados do varejo no Brasil (9h) e da atividade na China (23h). Combinados, os números sobre a produção industrial e o comércio varejista chineses podem dar pistas sobre o que a desaceleração dos EUA representa para os emergentes.
Aliás, o minério de ferro negociado em Dalin caiu abaixo de US$ 100 hoje. Com isso, os ADRs da Vale (NYSE:VALE) amanheceram em queda em Nova York. Mas o calendário doméstico também traz o fim da temporada de balanços, com mais de uma dezena de empresas publicando seus resultados trimestrais desde a noite de ontem.