Tentarei algo novo hoje. Tem um negócio muito importante que preciso contar para vocês, mas, para não soar monotemático, dividi este M5M em duas partes. Primeiro daremos uma passada rápida pelo que está acontecendo no mercado, afinal, a proposta da newsletter é justamente essa. Depois, Parte II demarcada, te faço a tal confidência.
Parte I...
Back to work!
Ontem tivemos um acordo para o novo teto da dívida americana. Conclusão desse imbróglio todo? Democratas e republicanos não chegaram a um consenso antes por mera pressão política: começaram a discutir meio-dia e uma hora depois tínhamos a manchete. Mas essa tal pressão política se desenha um dos principais entraves para os próximos capítulos desta custosa recuperação.
Hoje, trabalhadores paralisados voltando ao batente por lá, e enfim teremos os indicadores da economia americana à plenitude. O problema? Há uma infinidade de indicadores que não foram divulgados represados nos bureaus de estatística americanos. Os próximos dias prometem uma avalanche de números, sugerindo dose adicional de volatilidade.
Camisa 10
Por aqui, a principal referência econômica é a ata do Copom. O que ela nos diz? Que a autoridade monetária já incorpora premissas de um aumento no preço dos combustíveis da ordem de 5% ainda em 2013 (longe de resolver o problema da Petrobras), e que o ciclo de aperto monetário deve trazer mesmo culminar em outra elevação de 50 pontos-base na última reunião do ano.
Entraremos o ano da Copa de camisa 10. Talvez não como a melhor seleção de futebol do mundo, mas certamente com o maior juro real do mundo.
O grande evento
Ata à parte, o holofote do mercado doméstico está com a temporada de resultados do terceiro trimestre, que começa a engrenar. Ontem comentei sobre os bons resultados da Localiza, hoje foi a vez do Pão de Açúcar. Aqui o fator surpresa foi ligeiramente adiantado pela apresentação da prévia operacional, mas não antecipou tudo...
A companhia voltou a surpreender com alta de 70% no lucro líquido e bom avanço na margem líquida, que passou de 1,7% para 2,5%, sob colheita dos esforços em prol de maior eficiência operacional. Destaque para números da Via Varejo, cujo lucro líquido subiu 166%, para R$ 181 milhões. Boa, mas ligeiramente cara para o ROIC que tem.
Bolsa de apostas
Ontem adiantei para o pessoal do PRO uma das minhas apostas para essa temporada de resultados que recém começou. Passamos os últimos três dias debruçados na questão. Chegamos a quatro apostas para ganhar e duas para perder (vender) com a temporada do terceiro trimestre.
Legal que o relatório faz parte da série Stock Picking, aberta a assinaturas. A vantagem de assinar é gritante. Além da comodidade, o preço. Quem assina nosso relatório de fundos imobiliários, por exemplo, hoje recebeu mais um relatório especial. Paga-se o equivalente a quatro relatórios avulsos, leva muito mais do que isso.
Parte II...
Mais um completo absurdo
Tenho falado dia após dia sobre o completo absurdo que acomete o mercado de capitais brasileiro. Temos um índice de ações que premia o fluxo, subestimando o peso dos fundamentos a partir do imaculado “índice de negociabilidade”. Sim, ainda temos. Depois de 40 anos parado no tempo, o Ibovespa finalmente vai mudar a sua metodologia, em 2014. Enquanto isso, em terrinha brasilis...
O jeito mais fácil de se manipular um índice
O que é mais fácil, distorcer o comportamento do Ibovespa com as ações da AmBev, ou as da OGX? A capitalização de mercado de OGX é baixa, chega a ser absurdo considerar que uma empresa que vale pouco mais de R$ 1 bilhão tem peso próximo de 5% do Ibovespa, enquanto uma companhia que vale R$ 265 bilhões (AmBev) responde por ínfimos 1,6% do principal índice da bolsa brasileira.
Veja que, antes de mais este rali no vácuo, ou seja no final da semana passada, operando R$ 10 milhões um agente de mercado poderia movimentar o equivalente a 4% das ações em circulação de OGX. Tente fazer o mesmo com a AmBev. Pronto. Temos por A+B qual o ponto mais suscetível a influência dentre os componentes do Ibovespa.
Como promover uma disparada
Alvo definido, hora de executar a segunda parte do plano. Como fazer as ações voarem? Com a combinação de “notícias” enfáticas desencadenado uma inevitável catálise de fluxo. Há fundos passivos que têm por estatuto seguir o Ibovespa. De alguma forma, esses caras têm de estar amarrados à volatilidade do índice.
Ou seja, a OGXP3. Na véspera, leu-se por aí que “OGX acerta capitalização”, “Eike será diluído”, “Vinci Partners deve assumir o controle da empresa”. Inclusive brinquei com esta último ao final do M5M de ontem (para quem não havia entendido, that’s a bingo!)
De informação mesmo, de fontes oficiais, o que li não foi bem isso: A versão da Vinci: “a Vinci Partners nega cabalmente as informações veiculadas pela mídia de que poderia se associar ou mesmo realizar operação ou investimento de qualquer natureza na OGX” A versão da OGX: “as informações divulgadas pela mídia a respeito de eventual acordo de capitalização com novos investidores constituem suposições de profissionais da imprensa baseadas em rumores.”
Cuidado com as manchetes (edição infinita)
Interessante notar que as notícias não se sustentam nas próprias pernas. Quem sentar para fazer uma regrinha de três, verá que US$ 200 milhões de aporte não seriam suficientes para tomar o controle da companhia, ou diluir Eike para fora do bloco de controle.
Considerando o aumento de capital, Vinci seria responsável por 18% da empresa à cotação de R$ 0,70 por ação, como chegou a ser ventilado na imprensa.
Ligue os pontos
Ahhh, ontem foi vencimento de opções sobre Ibovespa e Ibovespa Futuro... Agora tudo faz sentido. Basta você somar as partes. Pergunta: tem muita gente ganhando e perdendo com esse circo, mas tem alguém (regulador) vendo tudo isso? Quem são as fontes dessas matérias?
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.