As recentes medidas protecionistas adotadas pelo governo americano, o chamado "tarifaço" ou “O dia da libertação”, têm gerado ondas de choque na economia global, e prometem ainda gerar mais. A imposição de tarifas sobre produtos importados, especialmente da China, reacendeu o debate sobre o futuro do comércio internacional e seus impactos nos países emergentes, como o Brasil. Em meio a esse cenário de incertezas, surge a questão: como o Brasil pode se beneficiar dessa conjuntura ou irá se afundar?
O "tarifaço" americano, sob a justificativa de proteger a indústria nacional e reduzir o déficit comercial, tem como alvo principal a China, maior parceiro comercial dos Estados Unidos e o maior exportador do mundo. No entanto, as consequências dessas medidas se estendem para além das fronteiras americanas e chinesas, afetando cadeias de suprimentos globais e gerando instabilidade nos mercados financeiros.
Na minha visão, para o Brasil, o "tarifaço" representa tanto desafios quanto oportunidades. Por um lado, a potencial desaceleração da economia global e a redução do comércio internacional podem impactar negativamente as exportações brasileiras, especialmente de commodities, que representam uma parcela significativa da balança comercial do país. Junto a isso, a incerteza gerada pelas políticas americanas, a inconsistência do governo Trump e a própria falta de “previsibilidade jurídica” no Brasil podem afastar investidores estrangeiros, prejudicando o fluxo de capitais para o nosso país.
Por outro lado, o "tarifaço" deve abrir portas para o Brasil em alguns setores específicos. Com a redução da competitividade dos produtos chineses nos Estados Unidos, o Brasil pode aumentar sua participação no mercado americano, especialmente em setores como agronegócio, siderurgia (mesmo com a tarifa adicional aplicada pelo governo de Washington) e indústria de transformação. Além disso, a busca por alternativas à China pode levar empresas americanas a investir no Brasil, atraindo novos investimentos e gerando empregos. Mas tudo isso é especulação por enquanto.
Para aproveitar essas oportunidades, o Brasil precisa adotar uma série de medidas. Sendo fundamental diversificar a pauta de exportações, buscando novos mercados e produtos com maior valor agregado, coisa que me parece que o governo já está fazendo. Além disso, é necessário investir em infraestrutura, reduzir a burocracia e melhorar o ambiente de negócios para atrair investimentos estrangeiros, já essa segunda parte não me parece que o governo está tão focado, visto a falta de investimentos em infraestrutura, o aumento das cargas tributárias e da falta de interesse em cumprir o arcabouço fiscal.
Considero que o governo brasileiro precisa adotar uma postura proativa nas negociações internacionais, buscando acordos comerciais que garantam o acesso aos mercados americano e de outros países. Além disso, seria interessante fortalecer o Mercosul e buscar novas parcerias com outros países da América Latina, Europa e Ásia.
A conjuntura atual exige cautela e planejamento estratégico. O Brasil precisa estar preparado para enfrentar os desafios do "tarifaço" americano, mas também precisa estar atento às oportunidades que surgem em meio à crise, visto que fomos até pouco afetados pelas tarifas impostas por Trump. Como diria Fernando Pessoa, na obra Mensagem, " Tudo é incerto e derradeiro. Tudo é disperso, nada é inteiro". O futuro da economia mundial, após as medidas do governo americano dependerá da capacidade de adaptação às novas realidades do comércio internacional e de aproveitar as oportunidades que surgirem, principalmente para países como o Brasil.