Durante o período de transição, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, fez algumas declarações que deixaram o mercado financeiro preocupado. Como resultado, o dólar voltou a subir e a Bolsa a cair. Existe um receio de que o novo governo possa deixar de lado a responsabilidade fiscal para focar apenas no social, o que seria um desastre. Sabemos que ambos (economia e sociedade) andam de mãos dadas.
Mas é claro que se tratou de um movimento pontual. Movimento este que deve se repetir até que o novo presidente tome posse. Qualquer frase dita sem pensar tem o potencial para bagunçar o coreto e aumentar a volatilidade do mercado. Temos, porém, que agir com a razão e não com o coração. Lula já foi presidente do país, sabemos como ele governa. E, por mais que parte da sociedade e parte do mercado torçam o nariz, há que se admitir que ele sempre deixou claro sua preocupação maior com as questões sociais.
Como a ressaca proveniente das declarações do Lula passou, imagino que o mercado entendeu que ele estava falando mais para a sua base de eleitores do que como indicativo de política econômica a ser adotada. Em seus dois primeiros mandatos ele teve preocupação com a responsabilidade fiscal e provavelmente terá neste terceiro mandato. Mesmo assim, daqui até o final do ano, viveremos ao sabor das notícias, o que vai gerar a volatilidade nos ativos financeiros.
Bom, dentro deste cenário, a pergunta que muita gente faz é em quais ações investir, enquanto a insegurança não sai de cena? Àqueles que trabalham como day trader só posso dizer que não precisam mudar muita coisa, pois como sabemos, quem atua neste segmento precisa de volatilidade. É com o sobe e desce dos preços das ações que se faz lucro.
Quanto àquele investidor que não especula e prefere investir mais a longo prazo, a dica é procurar empresas mais resilientes, com horizonte mais longo para retirar o ruído do curto prazo. E que empresas são essas? Um bom exemplo é a Petrobras (BVMF:PETR4).
Então você caro leitor, deve estar se perguntando? Petrobras, justo agora que o PT voltou ao poder? E o Petrolão, não há o risco de voltar? No meu entender é muito difícil que toda aquela história se repita, pelo menos na mesma proporção. De lá para cá a Petrobras melhorou muito em termos de governança corporativa. Criou mecanismo de compliance que diminuem bastante ações de corrupção que gerem prejuízos aos cofres públicos.
Além disso, a estatal lucrou R$ 46 bilhões no terceiro trimestre de 2022, alta de 48% em comparação a igual período de 2021 e acima das projeções. Na Bolsa, no período de 12 meses o preço de suas ações apresenta alta de 63,82% e de 35,47% durante 2022. E como todos sabem, a Petrobras mantém uma boa política de distribuição de dividendos que faz valer bastante a aposta em suas ações e, em parte até mitiga os riscos do sobe e desce dos preços.
Outra gigante que vale a pena arriscar no longo prazo é a Vale (BVMF:VALE3). Uma das dez maiores pagadoras de dividendos do mundo, no terceiro trimestre deste ano lucrou US$ 4,45 bilhões, alta de 14,6% na base anual. Se considerarmos as ações propriamente ditas, a mineradora apresenta variação positiva de 28,81% em 12 meses e de 11,68% na variação de 2022.
Concessionárias de serviços públicos como água e energia também costumam ser boas opções para o longo prazo, pois tarifa pública, mesmo que haja atrasos nos pagamentos é algo praticamente garantido. Ninguém fica muito tempo com água ou luz cortados e esse fator é a grande razão para a resiliência dessas empresas que operam com concessões públicas.
Agora, reforçando, essas dicas valem para este momento de transição, que naturalmente deixou todo mundo com um pé atrás. A partir de primeiro de janeiro tudo pode começar a mudar mas, com certeza, não será nada que quebre a banca. A Bolsa continuará a ser a Bolsa de sempre.