Pense num aficionado por opções, especialmente venda de PUT a seco ITM. Quando o IBOV cai 2%, esse cara está em festa. Ele gosta de agir na distorção – pois o mercado paga mais – e quando o índice ou o ativo volta para um ponto médio ele encerra a posição coletando uns trocados.
Quando tem uma puxada forte pra cima, a mesma operação na ponta contrária: venda coberta na distorção. Quando dá exercício, um gostinho meio doce, meio amargo (ter de entregar o papel), mas a estratégia é assim mesmo.
Comecei vendendo call coberta de 100 ações, 200, 300, 500, 1000. Depois passei a vender put na mesma medida. Depois, passei a vender/comprar com maior tempo, pois o prêmio é maior e também dá mais tempo de sair de uma posição perdedora.
Mercado em baixa dá muita oportunidade de venda de PUT. Um exemplo foi naquela sexta-feira de março em que o Bradesco (BVMF:BBDC4) derreteu, fui chamado de “Maníaco do Bradesco”: vendi PUT nos R$ 12,00 até as tripas. Joguei uns trimestres pra frente (já que o banco provisionou 100% das Americanas (BVMF:AMER3)) e apostei numa melhora no prazo. Maio, junho, julho, agosto, outubro, janeiro 24... Aquele negócio é uma fábrica de dinheiro, dá um tempinho que as cotações voltam ao normal (meu racional à época).
E deu super certo. PUT ITM, em papel bom, que tá em baixa na região de suporte, em dia de grande distorção, é chance boa de acerto botando no tempo. Agora ao fim de maio por exemplo, em dia que a Vale (BVMF:VALE3) tá com queda acima de 2%, tá rolando prêmio bom no strike ali pelos 58 pila. E se der exercício, a gente assume.
Mas eu alavanquei tanto que percebi em alguns dias meu saldo mudando... Um dia tinha 50 mil, no dia seguinte tinha 20 mil. Cadê meus trintão?
Foi aí que descobri o que é “Razão de Enquadramento” e que, embora sejam operações com boa taxa de acerto, pode rolar um novo COVID e o cidadão se estrepar inteiro. Falando com meu assessor, ele me explicou que as melhores garantias para a B3 (BVMF:B3SA3) e a Corretora são na ordem dinheiro (100%), LFT (95%) e Papeis ON das blue chips.
E o que isso tem a ver com imóveis?
Aqui vem o twist: fiz uma otimização da carteira buscando aumentar as garantias e capacidade de alavancagem e descobri que meu imóvel físico serve como garantia para empréstimos, o que alguns bancos chamam de Home Equity.
Sim, muitos vão falar “dããã!”, mas isso é novidade pra mim. Sempre fui entusiasta de fundos imobiliários e senti um gosto amargo de descobrir que a B3, bancos e corretoras não reconhecem minhas cotas como garantia de valor.
Esta descoberta mudou completamente meu jogo de investimento. Minhas operações com derivativos, que antes estavam restritas pelo capital disponível, agora têm um novo horizonte graças ao crédito obtido com o home equity.
Também não adianta buscar home equity com um barraco na zona periférica de Catolé do Rocha ou um imóvel que ainda esteja alienado para o banco/construtora. Ele precisa estar quitado. Lembra da sua vó, dona Gertrudes, que tem uma casa boa ali no Brooklin ou no Campo Belo? Às vezes vale uma visita de neto/avaliador. Provavelmente, você volta pra casa de barriga cheia e com algumas ideias de Home Equity.
Se sua alavancagem der errado, pelo menos, ela não terá tanto tempo sofrendo como moradora de rua... rs.
Conclusão
Uma alavancagem saudável, que amplia sua capacidade de tomar risco, traz benefícios no tempo. Nisso, usar o imóvel físico como garantia me parece uma boa opção. Apesar do alto investimento inicial, são o triple A dos investimentos pensando em controle sobre o ativo, usufruto, potencial de rendimento e, principalmente, por servirem como garantia para ampliar meu poder de investimento em renda variável.
Se agora é um bom momento de fazer home equity? Acho que não. As taxas ainda estão altas. Esperar mais alguns meses, diminuindo exposição nos derivativos, otimizar sua carteira para grana, LFT e blue chips ON pode ser mais barato e rentável do que entrar agora no Home Equity.