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Opep Tenta Atirar no Próprio Pé, Mas Política Energética dos EUA Salva o Grupo

Publicado 16.07.2021, 09:36
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Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com. Publicado originalmente em inglês em 16/07/2021

  • Política energética americana foi um presente para o cartel internacional do petróleo – Demanda de energia não para de crescer
  • Rússia tornou-se a força mais potente desde 2016
  • Emirados Árabes Unidos (EAU) geram impasse na reunião semestral
  • Divisão entre EAU e o resto da Opep começou antes da reunião – Cartel está se esforçando ao máximo para dar um tiro no próprio pé.
  • Falta de ação da Opep coloca em dúvida a política de produção e gera incertezas no mundo – Três razões para que os preços do petróleo continuem subindo muito mais

A reunião semestral do cartel internacional de petróleo ocorre no início do verão e inverno de cada ano. Em 2021, a primeira ocorreu em 1 e 2 de julho. Nela, os ministros da Opep discutiram os cortes de produção em vigor desde o início da pandemia global que fez evaporar a demanda por energia, com o petróleo atingindo mínimas históricas em abril de 2020. O contrato futuro do petróleo na Nymex chegou a ficar abaixo da cotação negativa de US$ -40 em 20 de abril de 2020.  Já o barril de Brent futuro caiu para US$16, seu preço mais baixo deste século.

O WTI caiu mais, pois é estocado em terra para entrega ao oleoduto de Cushing, Oklahoma. Sem outro local para armazenar petróleo, os contratos futuros em expiração acabaram se tornando batatas quentes. O Brent caiu, mas não passou de US$16, pois também é armazenado em alto-mar. Os navios-tanque conseguiram oferecer capacidade de armazenamento para manter os preços em território positivo.

De lá para lá, ambas as referências do petróleo registraram mínimas e máximas ascendentes. Em junho, os preços do barril de WTI superaram a marca de US$70 pela primeira vez desde outubro de 2018. Os ministros do petróleo se reuniram em julho para discutir os níveis atuais de produção. O resultado foi um desastre, o que não é novidade para o cartel. A decisão da Opep de abandonar a política de produção no início de 2020 contribuiu para que os preços despencassem. O cartel não aprendeu com seus erros do passado. No entanto, desta vez, o cenário é bem diferente daquele do início da pandemia global.

Política energética americana foi um presente para o cartel internacional do petróleo – Demanda de energia não para de crescer

Em 20 de janeiro de 2021, Joe Biden tornou-se o 46º presidente dos EUA. Em seu primeiro dia de mandato, o presidente Joseph Biden cancelou o projeto de oleoduto Keystone XL, que transportaria petróleo dos campos de areia betuminosa em Alberta, Canadá, para Steele City, Nebraska, com ramificações até o ponto de entrega da Nymex, em Cushing, Oklahoma. Em maio, o governo Biden proibiu atividades de fraturamento e perfuração para exploração de combustíveis fósseis em território federal no Alasca.

Essas iniciativas não foram inesperadas, na medida em que o presidente calcou sua campanha no combate à mudança climática e na adoção de uma política energética mais limpa e ecológica para os EUA. Contudo, a robusta demanda de petróleo e gás, aliada ao avanço da vacinação contra a Covid-19, acelerou os ganhos nos mercados futuros de hidrocarbonetos. O barril de petróleo com entrega mais próximo disparou para mais de US$74, nível mais alto atingido pelo WTI desde a última semana de 2014.

Petróleo mensal

Fonte: CQG

O gráfico mensal destaca a máxima mais recente da semana passada a US$76,98, oito centavos acima do pico de outubro de 2018 e o nível mais alto desde novembro de 2014. Em 2014, o petróleo superou a marca de US$100 por barril, que representa o próximo nível de resistência técnica. O contrato futuro para agosto estava acima de US$74 em 14 de julho.

 

Gás natural mensal


Fonte: CQG

O gráfico mensal do gás natural na Nymex mostra rali da mínima de 25 anos a US$1,432 por MMBtu em junho de 2020 até a máxima da semana passada a US$3,822. O gás natural era negociado perto do preço mais alto desde dezembro de 2018, com o próximo nível de resistência técnica na máxima de US$ 4,929 por MMBtu de novembro de 2018. O gás natural estava perto do nível de US$3,75 em 14 de julho.

Outras commodities energéticas também atingiram máximas plurianuais nos últimos meses. O etanol estava acima de US$2,30 por galão no atacado, nível mais alto desde 2014.  O carvão térmico para entrega em Rotterdam a US$130 por tonelada registra sua cotação mais alta em uma década, desde 2011.

Com a demanda energética cada vez maior impulsionando os preços, a mudança verde na política energética americana e as pressões inflacionárias no país só fomentam o rali. Em março de 2020, sua produção diária atingiu o recorde de 13,1 milhões de barris. De acordo com a EIA, agência de informações energéticas dos EUA, a produção foi de 11,4 milhões de barris por dia (mbpd) até a semana de 9 de julho. De acordo com dados tanto da EIA quanto do Instituto Americano do Petróleo, os estoques petrolíferos registraram queda por sete semanas consecutivas.

No gás natural, a EIA relatou que os estoques ficaram a 2,574 trilhões de pés cúbicos na semana encerrada em 2 de julho, 17,6% abaixo do ano passado e 6,9% abaixo da média de cinco anos para o início de julho.

A mudança da política de energia nos EUA e o aumento da demanda criaram um potente coquetel altista para o petróleo, gás natural e outras commodities energéticas. A falta de uma política de produção coordenada por parte da Opep+ deveria ser uma notícia baixista, mas os preços continuaram perto das máximas recentes após a reunião semestral do cartel.

Rússia tornou-se a força mais potente desde 2016

Em 2016, quando os preços do petróleo estavam em queda, os russos passaram a se envolver muito mais na política de coordenação ao lado dos membros da Opep. Embora a Rússia não faça parte do cartel, sua influência cresceu nos últimos anos. A Opep raramente dá um passo sem consultar e cooperar com Moscou. No passado, quaisquer anúncios sobre mudanças de política de produção ocorriam no primeiro dia das reuniões. Nos últimos cinco anos, o primeiro dia é reservado para os membros, mas os anúncios só são feitos dois dias ou mais, após o ministro do petróleo da Rússia e o presidente Putin chancelarem as decisões. A esfera de influência da Rússia se estendeu para o Oriente Médio. O relacionamento próximo com o Irã evoluiu à medida que ambos os países davam suporte ao líder sírio Assad. Até mesmo a Arábia Saudita fortaleceu seus laços com Moscou nos últimos anos. A associação floresceu sob o novo governo dos EUA.

A Arábia Saudita e a Rússia defendiam um limite de 400.000 bpd nas atuais cotas de produção, mas isso não foi suficiente para os Emirados Árabes Unidos,

Emirados Árabes Unidos (EAU) geram impasse na reunião semestral

Previstas para 2 de julho, a decisão de produção não saiu até o dia seguinte, por causa da tentativa dos EAU de flexibilizar ainda mais os cortes. A relação dos Emirados com os EUA fortaleceu-se nos últimos meses. Além disso, os árabes estabeleceram relações diplomáticas e comerciais com Israel no último ano.

Os emirados saíram da mesa de negociação, criando a possibilidade que os membros da Opep ficassem livres para produzir. No entanto, o petróleo subiu logo depois da reunião, em um movimento contraintuitivo. Ironicamente, as perspectivas baixistas do cartel levaram à máxima mais recente de US$76,98 no WTI e US$77,84 no Brent em 6 de julho.

Quando um mercado dispara com notícias ruins, é um sinal de muita força subjacente.

Divisão entre EAU e o resto da Opep começou antes da reunião – Cartel está se esforçando ao máximo para dar um tiro no próprio pé.

Os laços entre Emirados Árabes Unidos e os EUA provavelmente são um ponto de impasse para o Irã e a Arábia Saudita. Além disso, o cartel durante anos sofreu com o peso da crescente produção de shale oil nos EUA.

Em março de 2021, o ministro de energia saudita, o príncipe Abdulaziz bin Salman, regozijou-se ao dizer que a política americana de máxima produção havia acabado. Os membros do cartel e a Rússia lambiam os lábios à medida que o preço do petróleo subia nos últimos meses. A missão da Opep é ajustar sua política de produção de modo a proporcionar aos seus membros ótimos resultados financeiros. O impasse com os EAU é apenas mais um exemplo de como os membros do cartel estão atirando no próprio pé, mas, até agora, a alta do petróleo os está tirando de apuros. Se tivessem fechado um acordo de aumentar a produção em 400.000 bpd nos próximos meses, os preços provavelmente teriam subido ainda mais em relação aos níveis atuais.

Falta de ação da Opep coloca em dúvida a política de produção e gera incertezas no mundo – Três razões para que os preços do petróleo continuem subindo muito mais

A Opep não consegue atuar em conjunto. Sem qualquer acordo de política de produção nos próximos meses, seus membros parecem estar submetidos à própria vontade. Embora as discussões continuem, o abismo entre os EAU e os outros membros, inclusive a Rússia, pode ser muito grande para ser vencido. O futuro do cartel depende de um compromisso equilibrado, no momento em que os Estados Unidos entregam ao grupo o poder de precificação em uma bandeja de prata.

A ação dos preços do petróleo após o dissenso no cartel é impressionante. Pelo menos três fatores podem fazer os preços subirem muito nos próximos anos:

  • O Fed pode continuar chamando a inflação de “transitória”, "temporária” ou qualquer outra coisa, além do legado da inundação de estímulo econômico e monetário pelos governos. A inflação contribui para a alta de todas as commodities, e o petróleo não é exceção.
  • O conflito entre EAU e outros membros da Opep e a Rússia é um microcosmo do estado turbulento em que se encontra o Oriente Médio. A região abriga cerca de metade das reservas petrolíferas do mundo. Com a produção norte-americana caindo por causa da nova política energética, qualquer evento que prejudique a oferta, refino e rotas logísticas na região pode impactar drasticamente os preços do petróleo. O petróleo se tornou muito mais sensível a eventos no Oriente Médio durante o governo Biden no Salão Oval.
  • O petróleo futuro na Nymex ficou um pouco acima da máxima de outubro de 2018, atingindo seu preço mais alto desde 2014. Esses patamares podem permitir que o petróleo atinja cotações de três dígitos.

A Opep tentou dar um tiro no pé em sua última reunião semestral, mas a política energética dos EUA tirou seu pé da linha de fogo. Tudo leva a crer que a Opep obrigará os consumidores americanos a pagar preços mais altos, apesar da incompetência do cartel.

Em 14 de julho, saiu a notícia de que a Opep+ havia fechado um acordo provisório no sentido de reduzir os cortes em 400.000 bpd e permitir que os EAU aumentassem suas extrações de 3,2 mbpd para 3,65 mbpd a partir de abril de 2022, o que pesou sobre o mercado futuro. Pode ser que o petróleo corrija um pouco, mas a força da demanda deve fazer com que ele ganhe fôlego novamente. Os produtores americanos vêm aumentando a oferta, mas a mudança da política energética nos EUA provavelmente criou um teto de oferta, na medida em que a produção de combustíveis fósseis vai de encontro com o caminho verde trilhado pelo governo Biden.

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