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Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com. Publicado originalmente em inglês em 16/07/2021
A reunião semestral do cartel internacional de petróleo ocorre no início do verão e inverno de cada ano. Em 2021, a primeira ocorreu em 1 e 2 de julho. Nela, os ministros da Opep discutiram os cortes de produção em vigor desde o início da pandemia global que fez evaporar a demanda por energia, com o petróleo atingindo mínimas históricas em abril de 2020. O contrato futuro do petróleo na Nymex chegou a ficar abaixo da cotação negativa de US$ -40 em 20 de abril de 2020. Já o barril de Brent futuro caiu para US$16, seu preço mais baixo deste século.
O WTI caiu mais, pois é estocado em terra para entrega ao oleoduto de Cushing, Oklahoma. Sem outro local para armazenar petróleo, os contratos futuros em expiração acabaram se tornando batatas quentes. O Brent caiu, mas não passou de US$16, pois também é armazenado em alto-mar. Os navios-tanque conseguiram oferecer capacidade de armazenamento para manter os preços em território positivo.
De lá para lá, ambas as referências do petróleo registraram mínimas e máximas ascendentes. Em junho, os preços do barril de WTI superaram a marca de US$70 pela primeira vez desde outubro de 2018. Os ministros do petróleo se reuniram em julho para discutir os níveis atuais de produção. O resultado foi um desastre, o que não é novidade para o cartel. A decisão da Opep de abandonar a política de produção no início de 2020 contribuiu para que os preços despencassem. O cartel não aprendeu com seus erros do passado. No entanto, desta vez, o cenário é bem diferente daquele do início da pandemia global.
Em 20 de janeiro de 2021, Joe Biden tornou-se o 46º presidente dos EUA. Em seu primeiro dia de mandato, o presidente Joseph Biden cancelou o projeto de oleoduto Keystone XL, que transportaria petróleo dos campos de areia betuminosa em Alberta, Canadá, para Steele City, Nebraska, com ramificações até o ponto de entrega da Nymex, em Cushing, Oklahoma. Em maio, o governo Biden proibiu atividades de fraturamento e perfuração para exploração de combustíveis fósseis em território federal no Alasca.
Essas iniciativas não foram inesperadas, na medida em que o presidente calcou sua campanha no combate à mudança climática e na adoção de uma política energética mais limpa e ecológica para os EUA. Contudo, a robusta demanda de petróleo e gás, aliada ao avanço da vacinação contra a Covid-19, acelerou os ganhos nos mercados futuros de hidrocarbonetos. O barril de petróleo com entrega mais próximo disparou para mais de US$74, nível mais alto atingido pelo WTI desde a última semana de 2014.
Fonte: CQG
O gráfico mensal destaca a máxima mais recente da semana passada a US$76,98, oito centavos acima do pico de outubro de 2018 e o nível mais alto desde novembro de 2014. Em 2014, o petróleo superou a marca de US$100 por barril, que representa o próximo nível de resistência técnica. O contrato futuro para agosto estava acima de US$74 em 14 de julho.
Fonte: CQG
O gráfico mensal do gás natural na Nymex mostra rali da mínima de 25 anos a US$1,432 por MMBtu em junho de 2020 até a máxima da semana passada a US$3,822. O gás natural era negociado perto do preço mais alto desde dezembro de 2018, com o próximo nível de resistência técnica na máxima de US$ 4,929 por MMBtu de novembro de 2018. O gás natural estava perto do nível de US$3,75 em 14 de julho.
Outras commodities energéticas também atingiram máximas plurianuais nos últimos meses. O etanol estava acima de US$2,30 por galão no atacado, nível mais alto desde 2014. O carvão térmico para entrega em Rotterdam a US$130 por tonelada registra sua cotação mais alta em uma década, desde 2011.
Com a demanda energética cada vez maior impulsionando os preços, a mudança verde na política energética americana e as pressões inflacionárias no país só fomentam o rali. Em março de 2020, sua produção diária atingiu o recorde de 13,1 milhões de barris. De acordo com a EIA, agência de informações energéticas dos EUA, a produção foi de 11,4 milhões de barris por dia (mbpd) até a semana de 9 de julho. De acordo com dados tanto da EIA quanto do Instituto Americano do Petróleo, os estoques petrolíferos registraram queda por sete semanas consecutivas.
No gás natural, a EIA relatou que os estoques ficaram a 2,574 trilhões de pés cúbicos na semana encerrada em 2 de julho, 17,6% abaixo do ano passado e 6,9% abaixo da média de cinco anos para o início de julho.
A mudança da política de energia nos EUA e o aumento da demanda criaram um potente coquetel altista para o petróleo, gás natural e outras commodities energéticas. A falta de uma política de produção coordenada por parte da Opep+ deveria ser uma notícia baixista, mas os preços continuaram perto das máximas recentes após a reunião semestral do cartel.
Em 2016, quando os preços do petróleo estavam em queda, os russos passaram a se envolver muito mais na política de coordenação ao lado dos membros da Opep. Embora a Rússia não faça parte do cartel, sua influência cresceu nos últimos anos. A Opep raramente dá um passo sem consultar e cooperar com Moscou. No passado, quaisquer anúncios sobre mudanças de política de produção ocorriam no primeiro dia das reuniões. Nos últimos cinco anos, o primeiro dia é reservado para os membros, mas os anúncios só são feitos dois dias ou mais, após o ministro do petróleo da Rússia e o presidente Putin chancelarem as decisões. A esfera de influência da Rússia se estendeu para o Oriente Médio. O relacionamento próximo com o Irã evoluiu à medida que ambos os países davam suporte ao líder sírio Assad. Até mesmo a Arábia Saudita fortaleceu seus laços com Moscou nos últimos anos. A associação floresceu sob o novo governo dos EUA.
A Arábia Saudita e a Rússia defendiam um limite de 400.000 bpd nas atuais cotas de produção, mas isso não foi suficiente para os Emirados Árabes Unidos,
Previstas para 2 de julho, a decisão de produção não saiu até o dia seguinte, por causa da tentativa dos EAU de flexibilizar ainda mais os cortes. A relação dos Emirados com os EUA fortaleceu-se nos últimos meses. Além disso, os árabes estabeleceram relações diplomáticas e comerciais com Israel no último ano.
Os emirados saíram da mesa de negociação, criando a possibilidade que os membros da Opep ficassem livres para produzir. No entanto, o petróleo subiu logo depois da reunião, em um movimento contraintuitivo. Ironicamente, as perspectivas baixistas do cartel levaram à máxima mais recente de US$76,98 no WTI e US$77,84 no Brent em 6 de julho.
Quando um mercado dispara com notícias ruins, é um sinal de muita força subjacente.
Os laços entre Emirados Árabes Unidos e os EUA provavelmente são um ponto de impasse para o Irã e a Arábia Saudita. Além disso, o cartel durante anos sofreu com o peso da crescente produção de shale oil nos EUA.
Em março de 2021, o ministro de energia saudita, o príncipe Abdulaziz bin Salman, regozijou-se ao dizer que a política americana de máxima produção havia acabado. Os membros do cartel e a Rússia lambiam os lábios à medida que o preço do petróleo subia nos últimos meses. A missão da Opep é ajustar sua política de produção de modo a proporcionar aos seus membros ótimos resultados financeiros. O impasse com os EAU é apenas mais um exemplo de como os membros do cartel estão atirando no próprio pé, mas, até agora, a alta do petróleo os está tirando de apuros. Se tivessem fechado um acordo de aumentar a produção em 400.000 bpd nos próximos meses, os preços provavelmente teriam subido ainda mais em relação aos níveis atuais.
A Opep não consegue atuar em conjunto. Sem qualquer acordo de política de produção nos próximos meses, seus membros parecem estar submetidos à própria vontade. Embora as discussões continuem, o abismo entre os EAU e os outros membros, inclusive a Rússia, pode ser muito grande para ser vencido. O futuro do cartel depende de um compromisso equilibrado, no momento em que os Estados Unidos entregam ao grupo o poder de precificação em uma bandeja de prata.
A ação dos preços do petróleo após o dissenso no cartel é impressionante. Pelo menos três fatores podem fazer os preços subirem muito nos próximos anos:
A Opep tentou dar um tiro no pé em sua última reunião semestral, mas a política energética dos EUA tirou seu pé da linha de fogo. Tudo leva a crer que a Opep obrigará os consumidores americanos a pagar preços mais altos, apesar da incompetência do cartel.
Em 14 de julho, saiu a notícia de que a Opep+ havia fechado um acordo provisório no sentido de reduzir os cortes em 400.000 bpd e permitir que os EAU aumentassem suas extrações de 3,2 mbpd para 3,65 mbpd a partir de abril de 2022, o que pesou sobre o mercado futuro. Pode ser que o petróleo corrija um pouco, mas a força da demanda deve fazer com que ele ganhe fôlego novamente. Os produtores americanos vêm aumentando a oferta, mas a mudança da política energética nos EUA provavelmente criou um teto de oferta, na medida em que a produção de combustíveis fósseis vai de encontro com o caminho verde trilhado pelo governo Biden.
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