Não sei você, mas tem dias em que eu olho pro mercado e fico com a impressão de estar assistindo a uma novela escrita por roteiristas em crise criativa. Só que, em vez de atores, temos CEOs, bancos centrais e investidores impacientes. E em vez de trilha sonora... temos juros.
No meio disso tudo, meu trabalho como RI – ou Relação com Investidores – me fez enxergar tudo de outra forma. O título pode parecer técnico, mas, na prática, é simples.
Hoje trabalho uma empresa listada na bolsa de valores e sou a ponte entre a empresa e seus mais de 50 mil investidores. Entre quem busca entender as dinâmicas internas do negócio e quem só quer os números. Entre as expectativas, nem sempre lógicas, do mercado e a realidade dos números que movem o valor de uma companhia, que hoje ultrapassa os 400 milhões de reais. Não é só um cargo, é um papel crucial para manter a confiança dos investidores e garantir que todos os envolvidos compreendam o que realmente está em jogo.
Mas também é um trabalho que exige traduzir muito mais do que relatórios financeiros. Ele exige interpretar o humor do mercado.
E isso, acredite, muda o tempo todo.
Às vezes, o mercado é racional e segue um caminho previsível, mas, na maioria das vezes, ele é movido por emoções mal disfarçadas de números e gráficos. Mais do que analisar os dados frios, meu trabalho exige entender as entrelinhas contadas por esses números e o que eles dizem sobre o estado da economia e os ventos que estão soprando no cenário macroeconômico. E ao tentar entender isso é que me deparo também com as fascinantes histórias do mercado financeiro.
Essa curiosidade sempre me fascinou: as falências que abrem portas para novas oportunidades, os casos de sucesso que transformam setores inteiros, e, principalmente, como as grandes tendências econômicas globais influenciam tudo isso.
E foi convivendo com essa curiosidade por histórias e tentando entender a influência da oscilação constante do mercado sobre elas, que comecei a escrever. Não pra “ensinar” sobre economia, mas pra dividir o espanto, a curiosidade e, com sorte, alguma provocação. Porque o mercado é cheio de ruídos, mas às vezes, quando a gente escuta bem, dá pra entender alguma coisa.
Aqui, a proposta é simples: transformar essa complexidade toda em algo mais digerível. Sem economês forçado, sem reverência cega. Vamos falar sobre o que move o dinheiro — mas também sobre o que move as decisões por trás dele. Política, comportamento, ego, ciclos, erros, exageros. O que der vontade. Desde que provoque.
Nos vemos por aqui, uma vez por semana. Quando o mercado estiver claro — e principalmente quando não estiver.