Sua frustração com um erro é muito maior que a alegria de um acerto?
Se sim, você repete o mesmo padrão de grande parte da população mundial e esse viés cognitivo nos atrapalha bastante na hora de investir, especialmente, quando chegamos “machucados” no mercado financeiro.
Quem diz que nunca registrou prejuízo ou perdeu uma boa oportunidade de investimento no mercado financeiro provavelmente está mentindo ou começando agora. Se não for seu caso, tenho absoluta certeza que quando leu isso na hora veio aquele pensamento “maldita ação que comprei” ou uma lembrança sobre uma determinada sequência ruim de operações.
Esse sentimento que mistura raiva, decepção e, muitas vezes, evolui para o medo (que é o estágio mais grave), deixa o trader/investidor verdadeiramente incomodado com sua posição em mercado, pois o fantasma do prejuízo vira e mexe volta a assombrar na primeira correção mais forte e aí para exorcizar esse sentimento a operação é encerrada sem respeitar qualquer planejamento.
Essa sensação ruim de faca no pescoço fica ainda mais perturbadora quando a operação está no prejuízo. Não no prejuízo calculado no stop loss ou na mudança de fundamento da empresa, pois todo mundo vai tomar uma decisão de investimento errada e vai precisar assumir um prejuízo. Mas sim quando seu gerenciamento de risco foi para o saco e stop loss planejado de X está em 3X.
Dentro da economia comportamental, esse tipo de comportamento do trader/investidor é intitulado como efeito disposição, que justamente está ligado na forma que o trader/investidor carrega sua posição: realiza seu lucro rápido e segura, sem respeitar seu stop loss, as posições perdedoras na torcida que aquele quadro será revertido.
Em ambas situações, seja em garantir o lucro o mais rápido possível, assim como não assumir que está errado, que é a principal função (de alerta) do stop loss, o sentimento comum é o medo de perder.
Quando a operação de fato não dá certo, o melhor remédio sem dúvida nenhuma é o stop loss técnico ou se estamos falando de fundamento é necessário a revisão do cenário. Agora, qual a melhor estratégia quando a operação está no lucro e coça a mão para zerar? Na minha opinião é fazer uma parcial.
Fazer uma parcial significa encerrar um pedaço da sua operação e automaticamente zerar seu risco. Ou seja, se tudo der errado a partir daquele momento você irá sair no zero a zero da operação. Poder não correr mais risco, dentro do mercado de renda variável, é uma dádiva.
A partir do momento que zera seu risco, instantaneamente o trader/investidor tira dos ombros uma tonelada de peso, consegue surfar aquela tendência com total tranquilidade e não entra na afobação para zerar em qualquer correção mais forte ou sem alteração clara do setup que está utilizando.
Para o trader, em especial day trader, a parcial deve fazer parte da sua estratégia, pois retirar risco operacional em um ambiente caótico é fundamental para conseguir atingir sua meta do dia, partindo do pressuposto que o preço facilmente pode voltar para seu ponto de entrada e até mesmo atingir seu stop loss.
Sem a parcial, isso gerará uma grande frustração e sem dúvida atrapalhar o andamento do seu dia. Com a parcial, isso sairá no zero a zero e com o psicológico tranquilo para retomar seu operacional.
Para o investidor/swing trader, a parcial te deixa tranquilo em levar aquela posição até de fato sinalizar uma reversão de tendência e nisso, partindo do pressuposto que a operação está correndo bem, sem dúvida será um percentual bem maior do que o projetado inicialmente, pois estará com seu risco zerado e aproveitando tranquilo a tendência. E mais: se o papel eventualmente recuar para um ponto interessante você poderá fazer uma nova entrada para recompor sua carteira.
Portanto, procure por entradas com stop loss baseado em fundos, não em topos, pois serão nos topos provavelmente que serão feitas as parciais. Por isso, insisto na recomendação do último artigo: "'Humano, Demasiado Humano', Invista Como um Robô!" desenvolva um sistema que priorize o risco, ou seja, que ofereça entradas com stop loss curto, pois, no final das contas, o que vale mesmo estatisticamente não é nível de acerto, mas sim quanto em média seu sistema perde e ganha.