- A suspensão das tarifas por Trump estimulou o apetite por risco, embora as dúvidas estruturais permaneçam no horizonte.
- Com o DXY testando uma resistência crucial e dados determinantes no radar, o destino do dólar segue em aberto.
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O dólar teve uma sessão positiva ontem, especialmente frente ao iene japonês. Mesmo com uma melhora expressiva no apetite por risco, a moeda americana também se fortaleceu frente às moedas de commodities. Dados mais fortes de confiança do consumidor nos EUA, somados às notícias vindas do Japão, que pressionaram o iene, sustentaram o movimento de alta do par USD/JPY e de outros cruzamentos com o iene. Esse impulso chegou a se estender para o pregão de hoje, mas, na ausência de novos catalisadores, o dólar perdeu força e passou a operar de forma lateralizada. Apesar de ainda acumular ganhos na semana, os dados econômicos de quinta e sexta-feira serão determinantes para saber se essa recuperação tem sustentação. Do ponto de vista técnico, o DXY testa uma zona chave de resistência, situada entre 99,58 e 100,15.
Ainda é cedo para ficar otimista com o dólar?
Não seria surpresa se o dólar voltasse a ser pressionado ao longo da semana, isso mesmo após a reviravolta do presidente Trump, que suspendeu a ameaça de tarifas de 50% sobre produtos da União Europeia. Maio deveria inaugurar uma nova fase na diplomacia comercial, com avanços concretos em acordos. Naturalmente, ninguém esperava uma postura colaborativa por parte de Bruxelas, mas a recente escalada nas tensões com o bloco serve como um lembrete oportuno: disputas comerciais e retóricas protecionistas tendem a ressurgir de forma abrupta. E, se os últimos eventos ensinaram algo, é que o dólar costuma ser uma das principais vítimas sempre que esse tipo de ruído retorna ao radar.
O índice do dólar americano, embora esteja levemente subavaliado, uma distorção que persiste há algum tempo, segue limitado por preocupações em relação à sustentabilidade das contas públicas dos EUA. Os investidores, de forma legítima, estão cada vez mais obrigados a considerar um cenário em que fatores políticos erráticos pesam tanto quanto os fundamentos econômicos.
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Recuo nas tarifas melhora o apetite por risco
A decisão de Trump de adiar o aumento das tarifas sobre produtos europeus resultou em uma disparada dos ativos de risco no início da semana, o que contribuiu para pressionar ativos considerados de proteção, como ouro e o iene, embora ambos tenham ensaiado recuperação na sessão desta quarta-feira. Após a recuperação do dólar ontem, surge a dúvida: o movimento virou tendência de curto prazo? Esse movimento foi gerado após uma ligação classificada como construtiva entre Trump e o presidente da Comissão Europeia. O anúncio, divulgado no fim de semana, gerou um rali nos ativos de risco, especialmente nas bolsas europeias. Paralelamente, também ajudou a fortalecer o dólar, que vinha pressionado frente às principais moedas, em meio à incerteza tarifária. Na primeira metade do pregão desta quarta-feira, os futuros do Nasdaq 100 operavam com leve queda, em compasso de espera pelos resultados da Nvidia (NASDAQ:NVDA). Ainda assim, a tendência nas bolsas segue claramente positiva.
Fique atento ao iene
O par USD/JPY exerce forte influência sobre o dollar index, dado que o iene tem peso de 13,6% na composição do índice. Após o forte rali de terça-feira, a dúvida agora é se haverá espaço para mais ganhos no USD/JPY ou se o par voltará a recuar rapidamente. O iene foi pressionado após notícias de que o Japão estuda reduzir a emissão de títulos de longo prazo, o que gerou queda nos juros desses papéis. Desde então, tanto os rendimentos quanto o iene apresentaram uma leve recuperação, mas resta saber se isso configura apenas um repique técnico ou uma retomada da tendência de fortalecimento da moeda japonesa. As preocupações com a elevação dos juros, especialmente na parte longa da curva dos JGBs, seguem no radar. A expectativa é que a redução da oferta desses títulos ajude a sustentar os preços dos papéis e aliviar as pressões nas taxas, exatamente o que se observou na sessão de ontem. Embora o detalhamento final da emissão de dívida para o próximo ano fiscal só deva ser divulgado em junho, o mercado já começou a reagir. O iene se desvalorizou de forma ampla frente às principais moedas na terça-feira, mas ainda não está claro se esse movimento terá continuidade.
Surpresa positiva na confiança do consumidor nos EUA
No front dos dados americanos, os destaques de hoje incluem o Índice de Manufatura de Richmond e a ata do FOMC. Além disso, vale acompanhar os resultados da Nvidia após o fechamento dos mercados, dado o peso que a companhia exerce sobre os índices acionários e, indiretamente, sobre o dólar. Ontem, todas as atenções estavam voltadas para o relatório de Confiança do Consumidor medido pelo Conference Board. A expectativa era de uma recuperação modesta, com o índice subindo de 86,0, mínima de cinco anos, para 87,1. No entanto, o dado surpreendeu fortemente, vindo em 98,0, o que impulsionou ainda mais o dólar no momento da divulgação.
Para que o dólar consiga sustentar uma recuperação mais consistente, os dados que serão divulgados precisam aliviar os temores de uma recessão iminente. Isso é cada vez mais crucial, considerando que as preocupações fiscais começam a corroer o pouco de estabilidade que a moeda ainda mantém. A questão não é que os novos planos de gastos do governo causem imediatamente um colapso nas contas públicas. O problema é que Washington, mais uma vez, desperdiçou uma oportunidade de ouro para enfrentar o déficit. Olhando para frente, as dúvidas sobre a solvência fiscal dos EUA podem continuar sendo um vento contrário relevante, especialmente se os próximos leilões do Tesouro americano indicarem uma demanda abaixo do esperado.
Ainda nesta semana, os investidores estarão atentos aos dados preliminares do PIB, aos números de pedidos de auxílio-desemprego e às vendas pendentes de imóveis, todos na quinta-feira. Na sexta, os destaques ficam por conta do núcleo do PCE, métrica preferida do Fed para inflação, além dos dados de renda, gastos pessoais e da leitura revisada do índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan.
Análise técnica: DXY testa resistência crítica
Conforme observado no gráfico, o índice do dólar (DXY) testa uma zona relevante de resistência entre 99,58 e 100,15, região que atuou tanto como suporte quanto como resistência no passado. Enquanto esse patamar seguir funcionando como barreira, o caminho de menor resistência para o DXY permanece apontando para baixo, apesar da recuperação observada nesta semana. Sob a ótica técnica, o cenário só melhora de forma consistente caso o índice consiga romper essa zona e apresente sequência de alta.
Do lado inferior, o suporte imediato está em 99,00, com o piso de abril, em 97,92, voltando ao radar.
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