Liquidação ou Correção de Mercado? Seja como for, aqui está o que fazer em seguidaVejas ações caras

Pelo Sim, Pelo Não

Publicado 20.10.2014, 16:11
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O mercado de açúcar em NY fechou a semana praticamente inalterado. O vencimento março de 2015 apreciou apenas 8 pontos (menos de dois dólares por tonelada) encerrando a semana cotado a 16.62 centavos de dólar por libra-peso enquanto os demais vencimentos não emplacaram dois dígitos de variação positiva. O mercado físico expõe toda sua fraqueza negociando na semana que se encerrou 50 mil toneladas de VHP para embarque outubro com um dilatado desconto de 125 pontos da tela de março. Isto é, açúcar sendo vendido praticamente ao custo de produção.

Se o açúcar não vai bem, o etanol consegue ser ainda pior. Explico: o mercado futuro do petróleo tipo Brent para entrega imediata acumula uma queda de 19,5% no trimestre e negociava nesta última sexta-feira a US$ 84.50 o barril. Com isso, pela primeira vez em muito tempo, o preço justo do litro da gasolina no Brasil coincide com o preço praticado na bomba, ou seja, de aproximadamente R$ 2,835. Agora não tem mais defasagem. O que passou, passou. O sangramento do caixa da Petrobras como efeito, entre outras coisas, dessa política perversa comandada pelo ex-ministro em exercício Guido Mantega, foi finalmente estancado.

Para o setor, que imaginava um ajuste nos preços dos combustíveis para que o etanol voltasse a ser competitivo, agora vai ter que conviver com os níveis atuais que não remuneram as usinas. O hidratado hoje é vendido com prejuízo médio de 5,5% em relação ao custo de produção, sem considerarmos o custo financeiro.

Petróleo mais baixo significa que o etanol precisa ser mais baixo para não perder mercado, que remunerando mal implica em mais cana sendo transferida para o açúcar no mix do próximo ano, que se traduz em mais oferta de açúcar no mercado, que significa preços mais baixos. Num círculo perverso que inflige ao setor apenas as agruras sem ter aproveitado as vacas gordas porque a gasolina está congelada.

O processo decisório para as empresas está numa encruzilhada vitimado por indefinições no cenário político até que o País escolha o próximo presidente. Caso o vencedor seja o candidato Aécio Neves, do PSDB, os rumores que circulam no mercado acerca das pessoas que fariam parte de sua equipe - caso seja eleito - trazem conforto e a esperança de mudanças qualitativas na condução de políticas de fomento para o setor sucroalcooleiro. A permanência de Dilma seria um desastre uma vez que seu governo já provou que é incompetente e infestado de mafabés que não possuem nenhum plano de governo, apenas um projeto de poder perpétuo.

Pelo sim, pelo não, se assumirmos a saída do PT do governo a percepção do mercado é de que assistiríamos a entrada de um grande fluxo de investimento estrangeiro o que deve pressionar a taxa do dólar. Seria prudente que as usinas olhassem com atenção as cotações de NY convertidas em reais por tonelada. Na média dos dois últimos anos ela foi de R$ 872 por tonelada, atingindo o pico de R$ 1.000 por tonelada. Com o dólar tendo altas repentinas e aceleradas de maneira pontual, há de se aproveitar os momentos em que uma eventual fixação de venda FOB represente esses valores.

Mas o mercado de açúcar em NY pode subir também. Não necessariamente com esse dólar. Algumas estratégias básicas usando opções e aproveitando a baixa volatilidade negociada podem capturar essas situações caso tenhamos uma apreciação dos preços em função do quadro fundamentalista que se desenha para o futuro próximo: a) uma safra 2015/2016 que na melhor das hipóteses chegaria a 550-560 milhões de toneladas de cana no Centro-Sul, b) o primeiro déficit mundial de açúcar depois de 3-4 anos que, segundo um banco europeu, pode alcançar 3,5 milhões de toneladas; c) menor renovação dos canaviais dos últimos anos por falta de investimento; d) aumento da mistura de anidro na gasolina que passa de 25% para 27,5% causando um incremento no consumo de 1,1 bilhão de litros.

A bandeira vermelha (sem conotação política) que tremula nesse caso é, como dissemos acima, uma queda acentuada do petróleo no mercado internacional, que altera essa equação provocando uma mudança vigorosa no mix de produção.

Acredito que teremos um mercado muito mais sensível e atento a arbitragem entre açúcar e etanol. Nunca as opções foram instrumentos tão necessários num cenário indefinido como este que estamos encarando. Pelo sim, pelo não convém ficar atento.

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