Este artigo foi publicado originalmente em inglês no dia 02/08/2017
A China é o segundo maior consumidor de petróleo do mundo. Contudo, ao contrário do maior consumidor de petróleo do mundo, os Estados Unidos, a China produz muito pouco de seu próprio petróleo. Isso torna a China um mercado particularmente valioso para produtores, especialmente durante o período atual de sobreoferta.
Por que a demanda chinesa está tão alta?
Há três motivos:
1. A China é uma economia fortemente industrializada que também está em transição para uma economia de consumo. O setor industrial da China continua a consumir uma grande quantidade de energia, mas o tráfico de veículos também está crescendo. Mesmo com os preços ligeiramente mais altos do petróleo, a produção industrial da China cresceu 6,3% em janeiro e fevereiro de 2017. As vendas de veículos aumentaram 6,5%.
As vendas de veículos sofreram uma ligeira desaceleração em abril como resultado do aumento de impostos, mas rapidamente se recuperaram no mês seguinte. As vendas de SUVs foram particularmente fortes, aumentando 17%.
2. A China vem aproveitando a oportunidade apresentada pelos baixos preços do petróleo para preencher suas reservas estratégicas de petróleo. Em meados de 2016, a China informou que tinha 237,5 milhões de barris de petróleo bruto em suas reservas estratégicas. Uma interrupção nas importações para as reservas estratégicas poderia inesperadamente baixar os preços do petróleo, mas isso parece improvável. Imagens de satélite revelam que a China continua a construir mais instalações de armazenamento para acomodar importações adicionais para sua reserva estratégica.
3. As refinarias de petróleo independentes da China, às vezes chamadas de "bules de chá", contribuíram fortemente para o aumento da demanda da China. Durante o primeiro semestre de 2017, as refinarias estatais da China mantiveram suas atividades estáveis, mas as refinarias independentes da China aumentaram suas atividades depois que o governo elevou suas cotas de importação de petróleo bruto. A produção das refinarias na China cresceu 3% nos primeiros seis meses de 2017, chegando a 11,1 milhões de barris por dia.
Quem está vencendo a batalha pelo mercado de petróleo da China?
Desde janeiro de 2015, a Arábia Saudita e a Rússia negociam posições como a principal fonte de importações de petróleo bruto da China. Entre janeiro de 2015 e junho de 2017, a Arábia Saudita exportou uma média de 1,03 milhão de barris por dia para a China. Nesse mesmo período, a Rússia exportou uma média de 1,02 milhões de barris por dia. Um olhar sobre as importações da China vindas da Arábia Saudita e da Rússia por mês revela que embora a Rússia tenha aumentado seu abastecimento para a China, a Arábia Saudita permaneceu bastante estável. No entanto, a principal fonte de petróleo para a China muda com frequência.
A tendência parece favorecer a Rússia, que foi auxiliada pela abertura de um oleoduto entre a Sibéria e a China. A Rússia também se beneficiou de sua decisão de aceitar o pagamento de petróleo em iuan, enquanto a maior parte do petróleo é negociada no mundo inteiro no dólar.
No entanto, a empresa nacional de petróleo da Arábia Saudita, Aramco, mantém contratos de longo prazo com as refinarias chinesas para o seu petróleo bruto. A Aramco também tem amplos investimentos em refinarias chinesas que asseguram contratos consistentes para petróleo saudita. Caso a demanda chinesa comece a diminuir, é improvável que a China retire a Aramco de seus fornecedores antes de retirar um novo fornecedor, como a Rússia.