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Powell Promete Alta de Juros em Março nos EUA, Mas Sinaliza Moderação

Publicado 07.03.2022, 09:31
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O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, foi estranhamente específico ao dizer aos senadores americanos, na semana passada, que recomendaria uma elevação de juros de um quarto de ponto percentual na reunião da próxima semana do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).

Não foi uma declaração extraordinariamente corajosa, mas, ao transparecer rigor, conseguiu remover a especulação de que o banco central dos EUA poderia realizar uma alta maior de juros – possivelmente de meio ponto percentual –, como algumas autoridades chegaram a sugerir.

Ao mesmo tempo, Powell apontou que a guerra na Ucrânia provavelmente contribuiria para a inflação, ao pressionar os preços globais de petróleo, gás e outras commodities, que já vinham acelerando.

Os investidores reagiram positivamente à notícia de que o Fed limitaria sua elevação a um quarto de ponto percentual. Outros, no entanto, ficaram menos satisfeitos.

Bill Dudley, ex-presidente do Fed de Nova York, reconheceu que o banco central tinha poucas opções neste momento, a não ser proceder com cautela, descartando uma alta de meio ponto percentual. Mas ele disse que as autoridades estavam atrasadas em quatro ou cinco elevações de 25 pontos-base neste momento.

Adam Posen, diretor do Instituto Peterson, concordou. “O Fed perdeu sua aposta”, disse ele em uma entrevista a um jornal alemão. O banco central americano esperou demais para intervir na inflação sem prejudicar a retomada da economia.

Posen e Dudley concordam que o Banco Central Europeu não está muito atrás. Ele enfrenta uma situação diferente, a inflação não é tão alta, o mercado de trabalho não está tão firme e o impacto da guerra na Ucrânia pode ser muito maior.

O economista de Harvard, Larry Summers, ex-secretário do Tesouro americano, disse à Bloomberg que o Fed não tem alternativa, senão realizar um forte movimento de combate à inflação.

“Acredito que já estejamos em uma espiral de alta da inflação ou prestes a ver seu irrompimento. Onde é possível ver isso mais claramente é nos dados referentes aos salários e às vagas em aberto, os quais apontam para uma inflação salarial de cerca de 6% e pressões para sua aceleração. E acho que isso precisa soar todos os alarmes no Fed. Por essa razão, considero que há um risco muito maior de o Fed ficar aquém do necessário do que de pesar a mão”.

Summers acredita que os investidores ainda não precificaram a quantidade de altas de juros necessárias para reduzir a inflação e evitar um “acidente financeiro”.

Atrasado em acionar o gatilho, mas quantas elevações serão suficientes?

Ao ser questionado durante o depoimento semestral ao Senado, Powell disse que o Fed não irá tolerar um longo intervalo de inflação alta, mesmo que isso exija uma elevação de juros capaz de obstar o crescimento. Quando perguntado se imitaria o ex-presidente do Fed, Paul Volcker, em elevar os juros ao nível necessário, ainda que isso provocasse uma recessão, Powell respondeu: “Espero que a história registre que a resposta à sua pergunta seja sim”.

No ano passado, Powell passou meses defendendo que o aumento da inflação era um fenômeno transitório devido aos distúrbios à cadeia de fornecimento. “A análise retrospectiva indica que deveríamos ter agido antes”, disse Powell à audiência no Senado na semana passada, “mas não há um precedente real para isso”.

O relatório de empregos de fevereiro, divulgado na sexta-feira, mostrou que as contratações continuaram fortes, com a economia americana criando 678.000 postos de trabalho, o que fez com que a taxa de desemprego caísse para 3,8%. Os dados só reforçam a intenção do Fed de elevar os juros, apesar de os salários estáveis respaldarem uma abordagem comedida.

O índice de preços ao consumidor será divulgado nesta semana e deve fortalecer a determinação do banco central americano, com previsões de um avanço de 7,8% no ano.

O presidente do Fed de Chicago, Charles L. Evans, ao falar após a divulgação do relatório de empregos, disse que o Fomc poderia aproximar sua taxa referencial do nível de 2%, considerado neutro na economia, se elevá-la em um quarto de ponto percentual em cada uma das sete reuniões remanescentes deste ano.

Ele disse à CNBC que isso poderia ser mais do que ele considera como necessário, mas atingir uma meta de 1,75-2% até o fim do ano permitiria chegar perto o bastante do nível neutro e possibilitar uma tomada de ação mais rápida, se necessário.

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