Com o mercado projetando cortes na taxa Selic a partir de 2026, os títulos prefixados voltam a ganhar protagonismo nas carteiras de investidores. A possibilidade de travar taxas elevadas antes de um ciclo de afrouxamento monetário é sedutora — mas exige atenção redobrada aos riscos, especialmente o da marcação a mercado.
Por que os Prefixados se Destacam em Cenários de Queda de Juros?
Títulos prefixados oferecem uma taxa fixa até o vencimento. Quando os juros futuros caem, esses papéis se valorizam, pois passam a oferecer uma rentabilidade superior à dos novos títulos emitidos. Isso pode gerar:
- Valorização de mercado: especialmente em títulos de prazo mais longo.
- Previsibilidade de retorno: ideal para quem busca estabilidade.
- Oportunidade de travar taxas elevadas: desde que antes que o ciclo de cortes se consolide.
Estratégias para uma Alocação Inteligente
- Diversificação de prazos: combinar vencimentos curtos, médios e longos para equilibrar liquidez e retorno.
- Atenção ao duration: quanto maior o prazo, maior a sensibilidade à variação dos juros — e maior o potencial de valorização (ou perda).
- Uso de fundos prefixados: alternativa para quem busca gestão ativa e diversificação automática.
- Alocação gradual: entrar aos poucos no mercado prefixado pode reduzir o risco de errar o timing.
O Alerta: Marcação a Mercado
Apesar do cenário promissor, o investidor precisa entender o risco de marcação a mercado (MtM) — um fator que pode impactar negativamente o valor dos títulos prefixados antes do vencimento.
O que é Marcação a Mercado?
É a reavaliação diária do valor de um título com base nas taxas de juros vigentes. Isso significa que o preço de um título prefixado pode oscilar mesmo que sua taxa contratada seja fixa.
Por que isso importa?
- Se os juros caem: o título se valoriza.
- Se os juros sobem: o título se desvaloriza — e o investidor pode registrar perdas se precisar vender antes do vencimento.
Exemplo prático
Um título prefixado com taxa de 12% ao ano pode se desvalorizar se o mercado passar a exigir 13% para novos papéis. Mesmo que o investidor mantenha o título até o vencimento, ele verá uma queda no valor de mercado no extrato — o que pode gerar desconforto ou decisões precipitadas.
Quem deve se preocupar?
- Investidores com horizonte de curto/médio prazo.
- Fundos de investimento (que marcam seus ativos a mercado diariamente).
- Investidores alavancados ou com baixa tolerância à volatilidade. Como mitigar?
- Alinhar o vencimento ao seu objetivo financeiro.
- Diversificar entre prefixados, pós-fixados e IPCA+.
- Acompanhar o cenário macroeconômico e ajustar a carteira conforme necessário.
Prefixados são uma excelente ferramenta para capturar ganhos em um ambiente de queda de juros — mas não são isentos de riscos. A marcação a mercado pode transformar uma boa estratégia em uma dor de cabeça para quem não estiver preparado. O segredo está no equilíbrio: alocar com inteligência, diversificar e manter o foco no horizonte de investimento.