Promessa de Emoções Animam o Mercado

Publicado 01.02.2014, 13:36

A escassez de chuvas no Centro-Sul não apenas elevou a níveis históricos o preço da energia, mas também tem surpreendido às usinas e acionado a luz amarela para o mercado de açúcar. Sem chuva a cana não cresce, obviamente, e a seca tem persistido em algumas regiões produtoras de maneira irregular. É difícil afirmar nesse momento que o dano é irreversível. Mais difícil ainda quantifica-lo. O fato é que ele existe e pode ser eventualmente compensado (se houver uma quantidade de chuvas suficiente). Num cálculo grosseiro, tem gente apostando numa perda de 1-2% na safra do próximo ano. A verificar.

A falta de chuvas é a razão principal para a vigorosa subida de preços ocorrida no pregão desta última sexta-feira. O contrato futuro de açúcar em NY encerrou a semana com alta de 50 pontos em relação à semana anterior, ou 11 dólares por tonelada, tendo o primeiro vencimento março de 2014 encerrando o mês de janeiro cotado a 15,61 centavos de dólar por libra-peso. No acumulado do ano, no entanto, o açúcar é a segunda commodity que mais caiu no planeta, com 4.9% abaixo do trigo 8.2%.

O percentual de alta na sessão de sexta-feira, de 4,14% foi o maior registrado desde junho de 2012 quando o mercado fechou com 4,34% de alta. Os altistas ficaram ligeiramente animadinhos. Afinal, depois de assistir 70% dos pregões encerrando em baixa nas últimas 50 sessões, qualquer respiro vira festa.

Uma usina de MG comenta com este escriba que o índice pluviométrico da região em janeiro, que historicamente é de 400 mililitros, alcançou este mês menos de 50 mililitros. Ou seja, a seca pode frustrar os sonhos dos baixistas que já contavam como certa uma visita do mercado de açúcar de NY ao temível território dos 13 centavos de dólar por libra-peso.

Segundo Marcos Masagão da Future Analysis Consultoria, o preço médio de venda dos fundos no vencimento março/2014 é de 16,65 centavos de dólar por libra-peso, enquanto que para maio/2014 é de 17,55. Dessa forma, baseado no fechamento de sexta-feira os fundos somam um lucro não realizado ainda de mais de US$ 150 milhões. Talvez não tenham pressa de recomprar essas posições, mas não é difícil imaginar que se a situação de falta de chuvas piorar pode haver uma reversão violenta na tendência atual. Num mero palpite, eu diria que mais 30-40 pontos de alta podem colocar fogo no mercado atingindo não apenas os fundos (que estão vendidos a descoberto uns 110,000 lotes), mas aqueles que venderam opções de compra com baixa volatilidade e agora se deparam com um incrível aumento de 6% na semana (veja abaixo).

Uma indicação dessa mudança de percepção, ainda que sutil, é a volatilidade do mercado. A média de 20 dias está em 19,15%, enquanto a de 40 dias é de 17,04% e a de 60 dias é de 14,54%. Houve uma escalada acentuada na volatilidade das opções que estavam muito baratas mesmo. Os provedores de opções de balcão, chamadas de OTC, deverão ajustar os prêmios de maneira a prever um acréscimo da volatilidade nos próximos pregões. Assim, evidentemente, as proteções passam a ficar mais caras. A volatilidade de 10 dias, por exemplo, é de 22,88%! Todos sabiam que essa moleza de prêmios baixos um dia tinha que acabar. Quem comprou tá sorrindo.

Está começando a voltar lentamente a correlação entre o mercado interno de açúcar e o mercado de NY em reais. Nos últimos 50 dias, a correlação entre os dois ficou em 0,8600 (1 indica alta correlação, 0 indica nenhuma correlação), ou seja, 86% do preço do preço do açúcar negociado no mercado interno são “explicados” por variações em NY em reais. Abre oportunidade para se pensar em hedge de açúcar negociado tendo ESALQ como parâmetro, usando NY.

O consumo de etanol indica que o estoque de passagem vai ser bem estreito mantendo a firmeza nos preços do anidro e do hidratado que hoje liquidam para as usinas muito acima do açúcar para exportação de 40-80 dólar por tonelada equivalente de açúcar.

Na sexta-feira começou o Ano do Cavalo no horóscopo chinês. Segundo especialistas (impressionante como existe especialista para qualquer assunto hoje em dia) o Cavalo traz muita volatilidade para os mercados e uma guerra (comercial) entre o Oriente e o Ocidente. Para quem estava receoso que a vaca iria para o brejo, eis que surge o cavalo.

Diz o ditado que mente vazia é a oficina do Diabo. Mercados calmos suscitam todo tipo de fofoca digna das revistas de celebridades. Não existe o menor fundamento nas notícias publicadas por um certo relatório de que uma grande empresa do setor estaria atravessando período conturbado entre seus acionistas e a direção executiva, inclusive com a dissidência de algumas das usinas do grupo. Recentemente, a mesma publicação jurou de pés juntos que outra usina do grupo teria sido vendida para os chineses. Um executivo da empresa, assustado, chegou até a pensar em se matricular numa escola de línguas para aprender mandarim. Depois desistiu. Que gente, viu.

O Demarest Advogados, com o apoio da Archer Consulting, promovem o Seminário “Cenário Político e Econômico e Perspectivas para o Agronegócio”, dia 11 de março de 2014, a partir das 13 horas, com a presença do jornalista e colunista da Folha de SP, Reinaldo Azevedo e do economista e sócio da MB Associados, José Roberto Mendonça de Barros, bem como Dr. Renato Buranello e associados do citado escritório, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, Presidente da ABAG, Alexandre Figliolino, Diretor Comercial para Açúcar e Etanol do Itaú BBA e esse escriba que vós fala. O evento é gratuito e as vagas são limitadas. Reserve a sua pelo email: eventos@demarest.com.br

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