- Gigantes de tecnologia realizam assembleias de acionistas nas próximas semanas
- A temporada de balanços do primeiro trimestre foi sólida, mas o cenário macro continua incerto
- A inteligência artificial volta ao centro das atenções após executivos de tecnologia e o presidente fecharem acordos no Oriente Médio na semana passada
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Após um mês marcado por forte volatilidade, os investidores finalmente encontram algum espaço para respirar. O tom mais ameno na guerra comercial, os resultados do primeiro trimestre acima das expectativas e, por enquanto, dados econômicos resilientes ajudam a sustentar o humor dos mercados. De acordo com o Econoday, os últimos relatórios de emprego dos EUA sinalizam uma desaceleração no mercado de trabalho, mas sem indicativos de estagnação.
A taxa de desemprego dos EUA segue estável, em torno de 4,2%, enquanto o salário médio por hora desacelerou para uma alta anual de 3,8%. Além disso, os dados de inflação medida pelo CPI de fevereiro a abril ficaram, em sua maioria, abaixo das projeções.
Olhar atento ao calendário macroeconômico
Apesar da trégua aparente, os dados macro e corporativos continuam com peso reduzido frente às incertezas maiores. Na semana passada, o relatório de vendas no varejo veio abaixo do esperado, mas não chegou a acionar alertas de recessão. Já a leitura do Índice de Preços de Despesas de Consumo Pessoal (PCE) de abril, que será divulgada junto com o relatório de Renda e Gastos Pessoais, ainda não captará totalmente os efeitos das tarifas.
Fique atento às próximas atualizações macroeconômicas, segundo dados da Wall Street Horizon. Na quarta-feira, 28 de maio, saem as atas da reunião do Federal Reserve realizada em 6 e 7 de maio. Logo depois, o encontro do FOMC em junho deve ser mais movimentado, com a divulgação das novas projeções econômicas via o Sumário de Projeções Econômicas (SEP) e o tradicional gráfico de pontos do Fed, que indica as expectativas para os juros. Além disso, embora os temores de recessão tenham recuado nos últimos meses, vale monitorar possíveis oscilações na divulgação da segunda leitura do PIB do primeiro trimestre, marcada para quinta-feira, 29 de maio.
Temporada de balanços das gigantes de tecnologia
Embora o cenário macro concentre boa parte das atenções, a agenda de assembleias de acionistas das gigantes de tecnologia, as chamadas “7 Magníficas”, também se destaca nas próximas semanas. Além dessas empresas de tecnologia de peso, outras companhias de grande capitalização realizam eventos relevantes, nos quais detalham o desempenho recente, os planos estratégicos e sua visão sobre o ambiente econômico e os desafios específicos do setor. Nessas assembleias, os investidores exercem seus direitos de voto e interagem com a gestão, em geral de forma colaborativa, embora por vezes os encontros possam ser tensos.
No auge da volatilidade em abril, já destacávamos a importância desses encontros. Agora, com o alívio no ambiente e a expectativa de cortes de impostos e avanços na agenda de desregulamentação, o tom deve ser mais otimista. Confira alguns dos principais encontros agendados:
20 de maio: JPMorgan Chase & Company
O setor financeiro enfrenta, simultaneamente, desafios e oportunidades. No lado positivo, o IPO da eToro (ETOR) na semana passada trouxe ânimo para os mercados de capitais, com as ações disparando no primeiro dia de negociação. Na véspera, a fintech Chime protocolou pedido para IPO na Nasdaq. Além disso, a KKR (KKR) recebeu upgrade do Morgan Stanley (NYSE:MS) e a Carlyle (CG) foi favorecida por uma revisão positiva do TD Cowen. Paralelamente, operações de M&A começam a ganhar tração no setor de varejo esportivo, com movimentos envolvendo Skechers e Foot Locker (NYSE:FL).
Por outro lado, o relatório trimestral do Federal Reserve de Nova York sobre endividamento das famílias evidenciou um cenário de piora nas finanças dos consumidores, com aumento das dívidas e queda nas pontuações de crédito.
O JPMorgan Chase & Co (NYSE:JPM) se mantém como uma das instituições financeiras mais relevantes do mundo, liderada por Jamie Dimon, frequentemente chamado de “o banqueiro da América”. Por isso, os investidores devem acompanhar de perto os desdobramentos da assembleia de acionistas do banco que ocorre hoje.
21 de maio: Amazon.com
No universo das 7 Magníficas, a Amazon.com Inc (NASDAQ:AMZN) ganhou algum alívio após Estados Unidos e China anunciarem, no início do mês, a retirada da maior parte das tarifas comerciais. As ações saltaram mais de 8% na segunda-feira da semana passada, embora ainda estejam bem abaixo da máxima histórica de US$ 242 registrada em fevereiro.
A empresa também confirmou uma nova rodada de cortes na força de trabalho, somando-se à série recente de demissões no setor. Apesar disso, o último balanço veio forte, superando as estimativas tanto em receita quanto em lucro, com crescimento de 17% na divisão Amazon Web Services (AWS) na comparação anual. O mercado aguarda atualizações do CEO Andy Jassy na assembleia marcada para esta quarta-feira.
28 de maio: Meta Platforms
Antes da divulgação do PCE e do feriado prolongado nos EUA, a Meta Platforms Inc (NASDAQ:META) realiza sua assembleia de acionistas em formato virtual. A companhia também superou as expectativas de vendas e lucro no primeiro trimestre, o que ajudou a recuperar as ações após atingirem mínima abaixo de US$ 500 em abril. No acumulado do ano, META é a big tech com melhor desempenho, com investidores apontando sua liderança na corrida pela inteligência artificial.
Mesmo diante de preocupações com possível retração nos gastos publicitários, a empresa elevou seu lucro em 35% no primeiro trimestre e apresentou projeções robustas para o restante de 2025. Um dos destaques foi o aumento expressivo na previsão de investimentos (capex) para o ano fiscal de 2025. Espera-se que o CEO Mark Zuckerberg e outros executivos detalhem essas iniciativas na assembleia da próxima quarta-feira.
5 de junho: Netflix
Embora oficialmente não faça parte das 7 Magníficas, a Netflix Inc (NASDAQ:NFLX) está entre as melhores ações de 2025. Até a última quarta-feira, os papéis acumulavam alta de 29% no ano, ocupando a 13ª posição no ranking de desempenho do S&P 500 no período. Há um mês, a empresa causou certo desconforto ao vazar a informação de que a meta de longo prazo seria atingir US$ 1 trilhão em valor de mercado.
Atualmente, essa ambição já não soa tão distante, com a Netflix se aproximando de uma avaliação de US$ 500 bilhões. Na semana passada, a empresa divulgou que seu plano com anúncios atingiu 94 milhões de usuários ativos mensais, crescimento de 34% desde novembro e de expressivos 135% em 12 meses. Visto como um ativo leve, menos sensível à recessão e protegido das tarifas, o papel chega à assembleia de junho sob forte otimismo dos investidores.
6 de junho: Alphabet
Entre as gigantes de tecnologia, a Alphabet (NASDAQ:GOOGL) tem sido uma das mais pressionadas em 2025. As ações acumulam queda superior a 10%, apesar de um primeiro trimestre com resultados robustos. Neste mês, veio à tona o depoimento de Eddy Cue, da Apple (NASDAQ:AAPL), confirmando que as buscas realizadas pelo Safari caíram pela primeira vez em 22 anos, um dado negativo para a Alphabet, já que seu buscador é o padrão nos dispositivos da Apple.
O mercado estará atento às falas do CEO Sundar Pichai e de outros executivos, que deverão abordar não só os desafios no segmento de busca, mas também as investigações conduzidas pelo Departamento de Justiça e os planos para avançar na corrida da inteligência artificial, em meio à intensificação da concorrência.
25 de junho: NVIDIA
Encerrando a lista, a NVIDIA Corporation (NASDAQ:NVDA) continua em trajetória de forte valorização. Até 21 de maio, as ações acumulavam alta superior a 50% desde as mínimas de abril. O CEO Jensen Huang, que recentemente acompanhou o presidente Donald Trump em uma missão empresarial ao Oriente Médio, parece estar em boa sintonia com a Casa Branca.
O BofA (NYSE:BAC) destacou a NVIDIA como uma das maiores beneficiadas pelos acordos fechados na Arábia Saudita na semana passada. A expectativa dos investidores é que esses investimentos e novos pedidos sejam o próximo motor do ciclo de crescimento da inteligência artificial. A assembleia de 25 de junho deverá trazer mais informações sobre os planos da companhia, que também divulgará seus resultados trimestrais na próxima quarta-feira.
Considerações finais
Com a maior parte da temporada de balanços do primeiro trimestre já encerrada e o ambiente de comércio internacional momentaneamente mais estável, as assembleias de acionistas ganham ainda mais relevância. Nesses encontros, investidores buscarão entender como as empresas estão planejando seus projetos de capital e quais iniciativas serão adotadas para gerar valor, seja por meio de recompras de ações, dividendos ou novos investimentos estratégicos.
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