Próximos dados de inflação nos EUA vão comprometer expectativas de corte de juros?

Publicado 06.08.2025, 09:49

Os mercados estão totalmente alinhados na previsão de que o Federal Reserve cortará os juros na próxima reunião de política monetária, em 17 de setembro. Mas ainda existe um elemento imprevisível. A grande questão macroeconômica até lá é: as próximas duas divulgações sobre inflação ao consumidor convencerão o Fed a manter os juros inalterados, ou até mesmo a elevá-los?

No momento, o mercado confia que o banco central afrouxará a política monetária no mês que vem. Comecemos pelo título do Tesouro dos EUA de 2 anos, amplamente visto como um termômetro das expectativas de juros. O rendimento atual, de 3,72% em 5 de agosto, segue bem abaixo da taxa média dos Fed funds (4,33%), sinalizando que os investidores já precificam cortes no curto prazo.Juro de 2 anos nos EUA - Fed Funds

O argumento a favor de cortes também se sustenta em um modelo simples que compara a taxa-alvo média dos Fed funds com a soma da taxa de desemprego e da variação anual do índice cheio de inflação ao consumidor, um indicador que reflete o duplo mandato do Fed de controlar a inflação e maximizar o emprego. Por essa métrica, a política monetária continua moderadamente restritiva, sugerindo que cortes seriam justificáveis.Juro (Fed Funds) vs Taxa de desemprego

Não surpreende, portanto, que o mercado futuro de Fed funds aponte probabilidade implícita de 87% para redução de juros no mês que vem.

O fator imprevisível é a inflação ligada às tarifas e a questão associada: ela aparecerá nas próximas duas leituras do índice de preços ao consumidor (IPC) antes do anúncio de política monetária do Fed em 17 de setembro?

Muitos economistas alertam que as tarifas devem elevar a inflação, mesmo que de forma temporária. O relatório do IPC de junho apontou nessa direção, ainda que de forma marginal. A variação anual subiu pelo segundo mês consecutivo, para 2,7%, maior nível desde fevereiro, afastando-se ainda mais da meta de 2% do Fed.IPC EUA

Beth Hammack, presidente e CEO do Federal Reserve Bank de Cleveland, afirmou nesta semana que a inflação pode acelerar este ano, à medida que as empresas repassem aos consumidores, via aumento de preços, o custo das tarifas mais altas. Em entrevista à CBS News, comentou:

“As empresas têm tentado evitar repassar esses [custos de tarifa], pois temem o impacto sobre a demanda. Elas vinham vendendo estoques acumulados no início do ano, sem precisar incluir o custo das tarifas, mas esses estoques estão chegando ao fim.”

Greg Daco, economista-chefe da EY-Parthenon, concorda:

“As tarifas estão começando a pesar”, disse ao Yahoo Finance no início da semana. “Elas estão gerando maiores pressões inflacionárias, o que reduz o consumo e leva as empresas a adotar uma postura mais cautelosa.”

Ainda assim, como destacou o Wall Street Journal:

“As tarifas dos EUA estão no nível mais alto em décadas. Seus efeitos têm sido moderados.”

Decidir se a inflação representa ou não uma ameaça concreta será determinante para o sentimento dos investidores antes da divulgação do IPC de julho, na próxima semana. A leitura de agosto será publicada poucos dias antes da reunião do Fed, em 17 de setembro.

Enquanto isso, prevalece a postura de cautela. Em setembro, porém, o Fed estará pressionado a definir sua posição em relação à inflação tarifária.

Mary Daly, presidente do Federal Reserve de São Francisco, indicou que o tempo para aguardar está se esgotando. Em entrevista à Reuters, afirmou:

“Eu estava disposta a esperar mais um ciclo, mas não posso esperar para sempre”, em referência à decisão mais recente de manter os juros. “Poderíamos fazer menos de dois (cortes de juros) se a inflação acelerar e se espalhar ou se o mercado de trabalho se recuperar. Acho mais provável que possamos ter de fazer mais de dois… e, na minha opinião, também devemos estar preparados para agir mais se o mercado de trabalho mostrar sinais de enfraquecimento e ainda não tivermos visto reflexos disso na inflação.”

***

PARE DE INVESTIR NO ESCURO! No InvestingPro, você tem acesso a ferramentas treinadas de IA em 25 anos de métricas financeiras para escolher as melhores ações e ainda tem acesso a:

  • Preço-justo: saiba se uma ação está cara ou barata com base em seus fundamentos.
  • ProTips: dicas rápidas e diretas para descomplicar informações financeiras.
  • ProPicks: estratégias que usam IA para selecionar ações explosivas.
  • WarrenAI: consultor pessoal de IA treinado com dados do Investing.com para tirar suas dúvidas sobre investimentos.
  • Filtro avançado: encontre as melhores ações com base em centenas de métricas.
  • Ideias: descubra como os maiores gestores do mundo estão posicionados e copie suas estratégias.
  • Dados de nível institucional: monte suas próprias estratégias com ações de todo o mundo.
  • ProNews: acesse notícias com insights dos melhores analistas de Wall Street.
  • Navegação turbo: as páginas do Investing.com carregam mais rápido, sem anúncios.

InvestingPro

AVISO: Este conteúdo tem caráter exclusivamente informativo. Não constitui oferta, recomendação ou solicitação para compra de ativos. Lembramos que todos os investimentos envolvem riscos relevantes e devem ser avaliados sob múltiplas perspectivas. O InvestingPro não oferece consultoria de investimentos. As decisões e riscos assumidos são de inteira responsabilidade do investidor.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.