Se você investe há algum tempo, provavelmente já ouviu alguém se queixar sobre os impactos da política nos investimentos, seja ela interna ou externa. O assunto pode parecer um pouco denso, mas é fundamental que o investidor compreenda a visão do mercado neste sentido para evitar surpresas. Aliás, em alguns casos, o jogo entre Deputados, Senadores e Poder Executivo pode até ajudar alguém mais atento.
Em meados de fevereiro, após fala do presidente Jair Bolsonaro, o preço das ações da Petrobras (SA:PETR4) despencaram quase 8% em um dia. Contudo, a queda não foi gerada pelos fundamentos, mas, sim, por ruídos causados pela declaração. Quem reforçou a posição com foco no longo prazo provavelmente se beneficiou na época.
Por outro lado, o momento atual também exige atenção por parte de quem investe. Entre os dias 7 de junho e 19 de agosto, a bolsa brasileira registrou uma queda de cerca de 10% após atingir o pico de 130 mil pontos.
Isto tem ocorrido muito por conta do ambiente político e fiscal do Brasil. Em um bate-papo promovido pela Monte Bravo, o head de Wealth Management da Kilima Asset, Eduardo Oliveira, comentou o cenário e destacou a preocupação com o início da campanha de 2022 antes da hora.
Segundo ele, anos eleitorais costumam trazer gastos e isso acaba trazendo maior volatilidade para os mercados. Contudo, mesmo com os problemas, houve uma melhora no ambiente pois esperava-se uma relação de dívida X PIB de 100% no início do ano e hoje ela caiu para 85%, algo muito mais administrável para um gestor público.
Na questão internacional, diversos agentes têm comentado o cenário externo devido aos estímulos concedidos pelo FED e uma eventual mudança na política monetária. Para Eduardo, em se tratando de Brasil, EUA e Europa afetam de forma bastante significativa e a elevação da taxa de juros americana impactará o fluxo de recursos que iriam em direção aos emergentes.
Neste sentido, dentro da visão de longo prazo, ele destacou que o investidor não deve olhar tanto para movimentos de períodos mais curtos. É preciso lembrar que a economia é feita de ciclos e momentos como o atual, quando a queda não é causada pelos fundamentos dos ativos, podem formar um excelente ponto de entrada.
É preciso estar, no entanto, também atento à política fiscal do Banco Central do Brasil, que trabalhou nos últimos tempos a uma taxa de juros negativa e agora começa a corrigir este movimento para conter a inflação. Eduardo destaca que tudo é correlacionado na economia e que quando há um estresse na curva, por exemplo, um dos setores que mais sofrem é o imobiliário.
Por fim, ele destacou ainda que a bolsa de valores está em patamares muito baratos para o investidor estrangeiro devido à desvalorização cambial e que neste momento de queda é preciso respirar fundo e buscar as oportunidades geradas pela crise. Bons negócios!