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Qual o Plano? O Ano Acabou?

Publicado 16.03.2020, 11:16
USD/BRL
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BVSP
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BOVA11
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SUZB3
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Dado o comportamento dos mercados nas últimas semanas, em especial depois daquela fatídica Quarta-feira de Cinzas, investidores têm perguntado se o ano estaria perdido, se 2020 passará para a história como um período de rendimentos negativos, inexoravelmente.

Em resumo, o ano já acabou? Entendo sinceramente que não. Há muito a se fazer. Temos um plano bastante claro na cabeça e hoje vou tentar apresentá-lo aqui.

Começa mais ou menos assim…

Desde o início da semana passada, temos adaptado nossas carteiras recomendadas para um posicionamento conservador. De imediato, sugerimos uma exposição de 30% dos portfólios a dólar e ouro e introduzimos as ações da Suzano (SA:SUZB3) (correlação positiva com o dólar) com peso relevante entre nossas indicações. Na sequência, propusemos uma operação vendida (short) com BOVA11 (SA:BOVA11) — ou com qualquer outra referência sistêmica para a Bolsa brasileira.

Deixe-me qualificar um pouco melhor essa posição short.

“Quer dizer, então, que a Empiricus está apostando na queda da Bolsa brasileira, dado que sugeriu a venda de BOVA11?”

Não é o caso, definitivamente. O que fizemos foi uma redução da exposição líquida às ações brasileiras, para algo em torno de 10%, hedgeada com a posição em dólar e ouro.

Por que fizemos isso? De forma simples e direta, porque era a coisa sensata a se fazer. Foi um movimento de gestão de risco. Como a matriz de risco e retorno piorou, as alocações precisaram ser modificadas para contemplar esse novo cenário.

Para facilitar a exposição, vou recuperar argumento do Day One da última quarta-feira (11).

O analista/gestor/investidor/estrategista — deem-lhe o nome que quiserem — não prevê o futuro. Ele não é um infectologista — na verdade, isso ajudaria pouco, porque também os infectologistas não preveem o futuro. Ninguém sabe o que vai acontecer ao certo. O melhor dos analistas consegue enxergar, com precisão, uma distribuição de probabilidades dos eventos futuros possíveis, conforme sintetizado na curva abaixo:

Anúncio de terceiros. Não é uma oferta ou recomendação do Investing.com. Leia as nossas diretrizes aqui ou remova os anúncios .

Ou seja, ao lado esquerdo, configura-se o pior cenário possível à frente. O cenário de lockdown leva a uma retração brutal da atividade econômica, que, por sua vez, contamina as condições de liquidez e solvência de algumas empresas e setores. Há um custo social e psicológico muito grande, com as pessoas, isoladas e adotando o “social distancing”, sendo tiradas de suas zonas de conforto. O pânico e a aversão ao risco sobem ainda mais. Cadeias inteiras de suprimento são afetadas. As medidas de política econômica são pouco efetivas para combater o duplo choque de oferta e demanda agregadas. Vendas compulsórias se instauram no mercado financeiro. O drawdown (queda do topo ao fundo) dos índices de ações bate 60%, semelhante àquele de 2008. Trouxe duas tabelas com comparativos históricos para colocarmos em perspectiva essa crise frente às demais e trazer um pouco do quão ruim a coisa pode ficar.

Em contrapartida, também podemos caminhar à direita na curva de sino mais acima. A atuação dos bancos centrais consegue conter o pânico e endereçar problemas de iliquidez. Países emitem dívida a juro negativo e salvam o planeta inteiro num grande bail out, uma espécie de grande plano de estatização. A sinalização de que “tudo será comprado a qualquer preço pelos Tesouros e bancos centrais” elimina a pressão vendedora e gera otimismo (ainda que alimente o moral hazard e hipoteque o nosso futuro, mas isso é problema para depois). Empresas farmacêuticas desenvolvem vacina e remédio para o coronavírus. Resgatamos os princípios keynesianos mais elementares e iniciamos um gigantesco pacote fiscal focado em infraestrutura, ao menos endereçando parcialmente o problema da demanda agregada. Os mercados voltam a subir de forma vertiginosa, o surto é controlado e iniciamos uma clássica recuperação em V. Em 12 meses, ninguém lembra mais do coronavírus e de seu brevíssimo bear market.

Pode, perfeitamente, acontecer o primeiro cenário, o mais negativo. Pode também ser o segundo, o mais positivo. E, claro, há infinitos eventos igualmente possíveis entre eles, no meio da distribuição.

O bom analista/gestor/investidor/estrategista precisa preparar-se para toda a distribuição, já que é simplesmente impossível saber qual dos cenários vai se materializar exatamente. Aqui, há apenas dois tipos de pessoas: aquelas que não sabem qual dos cenários vai se materializar. E aquelas que não sabem que não sabem. O segundo grupo é muito mais perigoso.

Em cenários de extrema incerteza e sobretudo quando envolve risco de ruína e falência (como é o caso do cenário extremamente negativo apresentado), o parágrafo anterior é inviolável. Não se admite aventuras, brincadeiras, sonos tranquilos e postura gananciosa. O momento requer conservadorismo, proteção, diligência, seriedade e trabalho Para ser bem-sucedido, primeiro precisamos sobreviver, resume Warren Buffett. Ou, como recomenda Taleb, qualquer estratégia que envolva risco de ruína precisa ser evitada, a qualquer custo. O foco agora é a sobrevivência, proteção patrimonial. Isso vale tanto para investimentos quanto para outras decisões financeiras: viagens, trocas de carro, compra de apartamento, doações relevantes. Isso pode esperar.

Há dias fartos e há dias nefastos. Chegará o momento — talvez não demore, pela própria natureza dessa crise, mais acentuada e, ao mesmo tempo, provavelmente mais célere também — de voltarmos a focar na multiplicação de patrimônio. Agora, porém, precisamos de responsabilidade e proteção patrimonial. Essa é uma das grandes crises recentes da história do capitalismo, algo com precedentes somente nas grandes guerras em termos de isolamento e potencial quebra das cadeias de suprimento. E assim precisa ser encarada.

Num ambiente como esse que se coloca diante de nós, recorro a dois elementos essenciais para argumentar em prol da necessidade de cautela.

O primeiro é o Princípio da Precaução, tão defendido por Nassim Taleb. Se uma ação ou uma política tem a suspeita ou o risco de causar extremo dano, essa ação não pode ser adotada sem a devida segurança. Diante do risco e da dimensão que essa crise ainda pode assumir (por favor, não confundir com “necessariamente vai assumir”), o único caminho possível é o da precaução. Recuperando um pouco o juramento de Hipócrates, o primeiro princípio é não causar danos. Começamos por aí. Acima de tudo, está o patrimônio do nosso assinante.

O segundo se liga ao princípio da ciência, que apresenta o mesmo argumento de forma diferente. Há dois tipos de erros possíveis. O erro tipo 1 toma por verdadeiro o que é falso. Já o erro tipo 2 toma por falso o que é verdadeiro. Comprar uma ação ruim e ver ela derreter (erro tipo 1) é uma decisão bem diferente de deixar de comprar uma ação boa e ver ela se multiplicar (erro tipo 2). O primeiro aniquila seu patrimônio. O segundo apenas vai ser mais uma das oportunidades que você deixou passar na vida — neste momento mesmo, algumas estão passando e nós não estamos vendo; faz parte do processo o erro tipo 2.

Talvez o leitor mais exigente (e acho que ele está mesmo certo em ser exigente) possa perguntar: “Ah, mas vocês não previram a crise?”.

Respondo com o grave defeito da transparência e honestidade de sempre: com efeito, não previmos a crise. E por quê? Porque é da essência dos cisnes negros sua impossibilidade de previsão. Não é esse o jogo. A definição do black swan é: um evento raro, de alto impacto e imprevisível — claro, depois que acontece, fica óbvio, como qualquer outra coisa na vida. Nunca vou me esquecer daquela apresentação do Bernardinho em nosso evento de 10 anos: “Eu demorei dois anos e meio para entender aquela derrota para a Rússia. Mas um grupo de pessoas a entendeu em 15 minutos: os comentaristas”.

Sendo 100% sincero aqui, talvez pudéssemos, sim, ter agido um pouco antes. Não no sentido de prever a crise, mas de atuar já na Quarta-feira de Cinzas. As palavras de Ray Dalio, o maior gestor do mundo, ao Financial Times nesse fim de semana expressa muito bem o sentimento em torno dessa questão: “Nós não sabíamos como navegar diante do vírus e, portanto, decidimos não mexer nas nossas posições, porque não tínhamos qualquer vantagem frente ao mercado para tradar o vírus. Então, ficamos com as posições e, em retrospecto, deveríamos ter cortado de imediato nossa exposição ao risco”.

A verdade é que, voltando no tempo, era muito difícil antever o quão grave a crise ficaria e que ela se tornaria estrutural. O caráter era um tanto claro de “one off” e de que o surto passaria, preservando ainda boa parte dos valores intrínsecos das empresas. Mesmo os melhores gestores do mundo não conseguiram reagir imediatamente. Precisamos de alguns dias para estudar, analisar e mudar as carteiras. Tudo aconteceu muito rápido — foram apenas três dias de mercado — e, assim que tivemos a real clareza do potencial tamanho do problema, ajustamos as carteiras, cortando na carne, porque aquilo era o certo a se fazer.

Há uma máxima de que me lembro todos os dias: no mercado, você é tão bom quanto seu último trade. Não importa sua história, não importa há quanto tempo você está na estrada. Sua última atitude foi a correta?

É essa última atitude a relevante, porque é ela que vai prepará-lo para o futuro. Estou convencido de que, a partir de nossas decisões desde a última segunda-feira, estamos rigorosamente preparados. Que seja do meu conhecimento, fomos a única casa de pesquisa, entre todos os bancos, as corretoras e os independentes, a defender uma significativa elevação da exposição a dólar e ouro desde o começo da semana passada e uma redução da posição líquida em ações, por meio do short em BOVA11. Estamos absolutamente focados na gestão de risco agora. E como diria Howard Marks: o risco é a coisa mais importante.

Estamos preparados e temos um plano claro nas mãos.

Se o cenário negativo, de fato, se materializar (hoje parece ser mais um dia nessa nefasta direção) e o Ibovespa caminhar mesmo para algo em torno de 60 mil pontos, aguentaremos firmes o tranco até lá. Chegaremos líquidos a este momento e poderemos comprar ações a preços realmente descontados. Será a chance da vida para formar posições que, em dois a três anos, vão se multiplicar algumas vezes. Aí é realmente a oportunidade da vida para ficar rico de verdade. Tudo de que precisamos é estarmos vivos até lá.

“Ah, mas e se vier uma recuperação vigorosa já a partir de agora?” Ora, se o cenário positivo se concretizar, então será o cenário positivo. Todos ganham com ele. Ainda temos uma posição razoável em Bolsa, juro longo e fundos imobiliários. Surfaremos também. Claro que, num primeiro momento, podemos até não pegar a recuperação com a mesma intensidade de que se estivéssemos “all in”. Mas aqui não se admite posicionamentos irresponsáveis do tipo “all in”. Se o cenário melhorar e ficar tudo mais claro, com as nuvens passando e o céu voltando a ficar azul, retomamos o bull market estrutural e vamos lá buscar os 300 mil pontos ainda neste ciclo. Então, com a crise superada, poderemos voltar a ter uma posição mais pesada em Bolsa. Ainda que não tenhamos surfado a pernada inicial com tamanha intensidade, vamos recuperar no tempo. O cenário bom, positivo e de multiplicação dos preços dos ativos de risco é muito mais simples de navegar. Ele nos traria ganhos de qualquer jeito.

Em resumo, se formos a 60 mil pontos, aumentaremos a alocação líquida comprada em Bolsa para algo próximo a 50% das carteiras. E, se começarmos a subir a partir dos níveis atuais, vamos recuperar de todo modo, só precisaremos estender um pouco nosso horizonte temporal.

Eis o plano que temos nas mãos. Estamos preparados, venha o que vier.

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Últimos comentários

Opa... esqueci denparar de seguir vc alem de ter cancelado minhas assinaturS... e nao e por confa da crise e sim das sus propagandas e dorma de agir nela.... bela falencia ora vcs
A diferença entre o culto e o sábio fica clara nesse texto. Citar Buffet, Taleb, fulano e ciclano de forma longa e prosaica não fará dos leitores dessa parca casa de marketing menos massacrados do que estão por terem seguido as recomendações de alguém que se considera muito mas do que é. FM não tem nada de sábio. Repete indefinidamente a filosofia daqueles que tiveram sucesso e carregam credibilidade como se assim , de alguma forma, se aproximasse deles. Nunca vi Buffet ou Taleb no YouTube dizendo: "vou te dar acesso a minha carteira por 7 dias".... sorte de quem não aceitou nenhuma das inúmeras ofertas dele... O culto cita, imita. O sábio transcende, lidera, transforma.
acredito que realmente precisava de uma correção....agora é a hora exata pra se expor...oportunidade de ouro....pra mim que esperei pacientemente os 82k...estou mais que feliz ..PoiS acredito numa 3 onda sendo iniciada rumo à pelo menos 200k no médio prazo
e quando chega nos 300k pontos?
Felipe Miranda era um que estava bem otimista até pouco tempo atrás. chegou um pouco tarde, mas a reflexão é válida.
300 mil ptos....urco zio...mah nem con mio verde
EMBUSTICUS
carteira universa ... estamos juntos
Nesse cara boto fé
Sempre achamos que a queda não é imediata, até que ela se torna tão grande, que não dá para sair mais do mercado. Foi assim em 2008. A diferença é que em 2008 a crise não foi anunciada. Essa de 2020 estava anunciada desde 2014. Grandes analistas, como Jim Rickards, já tinham alertado. Aconteceu como o previsto. Ainda avisei um consultor da XP na metade de 2019 e ele riu de mim. Agora, reconheceu, "não é que tu tinha razão!". O estopim foi o coronavirus, desse não sabíamos, mas certamente foi desenvolvido especificamente para quebrar os mercados e proporcionar o início da mudança do padrão monetário mundial. Ah, por fim, os bancos centrais não sabem nada além de subir e baixar juros. Estamos ferrados.
perfeita definição, esclareceu de maneira técnica sem perder tempo com alarmismo.
Ou seja: os analistas subestimaram a epidemia e erraram feio em suas recomendações. O que nos garante que, desta vez, vão acertar nessa posição "defensiva" fajuta?(SUZB3 e dolar???, fala sério...). Deveriam assumir que não sabem de nada e procurar outra coisa para fazer: ficaria menos feio...
É o fim do Brasil???
Sim
Discordo sobre “não podiamos prever esta crise”. Os sinais eram bem claros, há mais de um ano. Cabe a você Felipe e à Empiricus um mea culpa.
Olá Carlos, como sou beginer eu não sei quais foram os sinais da crise e gostaria de aprender com você. Podes descrever esses sinais para a gente? Desde já te agradeço! Saudações.
 recomento os vídeos do Renato Oliveira. Já estava previsto um brande baque no ibov devido a fuga de capital estrangeiro. Tem gráficos que mostram isso. Os estrangeiros tiraram mais de 100 bi em quanto as PF estavam comprando seguindo pessoas do tipo Felipe Miranda.
Muitos não entenderam que renda fixa corrói o dinheiro tanto quanto bolsa no longo prazo,marolinha esse negócio,tem compras fantásticas no momento,chance de vida pra uma boa previdência,é triste,mas infelizmente na tristeza de alguns é que se ganha muito.
valeu Felipe e equipe. TMJ.
kkk Apocalipse... fim do mundo... mais um querendo que eu venda a preço de banana os meus ativos... não vendo nada, não compro, pois neste momento estou descapitalizado, mas se tivesse comprava algumas coisas.
Guarde um troquinho para comprar vaselina...vai precisar
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