Calendário Econômico: Guerra tarifária, Super Quarta, PIB dos EUA e payroll
- O Fed deve manter os juros em julho e só cortar a partir de dezembro;
- A decisão depende de sinais mais claros sobre inflação e emprego;
- Juros altos e mercado de trabalho firme tendem a sustentar o dólar no curto prazo.
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O mercado de trabalho dos Estados Unidos continua mostrando resistência, apesar dos sinais de desaceleração da atividade econômica, enquanto dirigentes do Federal Reserve seguem atentos ao impacto dos aumentos de preços provocados pelas tarifas sobre a inflação. Não há expectativa de corte de juros neste mês, mas o Fed deve começar a preparar terreno para um movimento dessa natureza, provavelmente em dezembro.
Fed deve manter juros parados em meio a emprego firme e incerteza com a inflação
Atualmente, as cotações indicam praticamente nenhuma chance de redução da taxa em 30 de julho, mesmo com a pressão do presidente Trump para cortes imediatos e apesar de dois de seus indicados para o Fed, Chris Waller e Michelle Bowman, terem sinalizado apoio a essa ideia. A maioria do comitê considera que ainda há espaço para aguardar, sobretudo após o relatório de emprego de junho vir mais forte do que o esperado e diante da incerteza sobre o impacto inflacionário das tarifas anunciadas pelo presidente.
A inflação tem mostrado números comportados recentemente, com variações mensais de 0,1% e 0,2% entre fevereiro e maio, mas a expectativa é que os efeitos das tarifas comecem a aparecer com três meses de defasagem. Isso significa que os relatórios de IPC de julho, agosto e setembro podem trazer leituras mensais de 0,4% ou até 0,5%.
O Fed ainda carrega a marca de ter subestimado a alta de preços no período pós-pandemia, quando classificou o movimento como “transitório” e depois viu a inflação alcançar 9% em 2022. Dessa vez, o banco central não deve cortar juros sem dados concretos, evitando a necessidade de uma reversão posterior caso a inflação se mostre persistente.
Por isso, a expectativa é de uma reunião sem surpresas, com manutenção dos juros e continuidade da política de aperto quantitativo.
Fed deve preparar o terreno para cortes
Apesar disso, a perspectiva é de que os cortes ocorram ainda este ano. A confiança do consumidor tem se enfraquecido, e os gastos começam a desacelerar diante da perda de poder de compra, maior volatilidade no patrimônio das famílias e receio quanto a uma possível piora no mercado de trabalho. Cerca de 90% dos postos criados nos últimos dois anos e meio vieram de apenas três setores: governo, lazer e hospitalidade, além de educação privada e serviços de saúde.
Os demais segmentos, tecnologia, serviços empresariais, manufatura, construção e outros, somaram em média apenas 23,2 mil vagas por mês nesse período.
No lado da inflação, a avaliação é que as tarifas representam um choque pontual, e as leituras mensais devem recuar para patamares mais moderados ainda este ano. Os preços de energia seguem sob controle, e um mercado de trabalho mais fraco significa que a alta dos salários, que impulsionou a inflação em 2021 e 2022, não deverá ter a mesma força agora.
Além disso, a mudança na dinâmica do mercado imobiliário tende a reduzir a pressão vinda dos custos de moradia, fator que foi um dos principais vetores da inflação recente.
Cortes em dezembro ou em setembro?
Por ora, o mercado aposta que o Fed poderia reduzir os juros em setembro, com cerca de 16 pontos-base de um corte de 25 pontos já embutidos nos preços. Nossa visão é mais cautelosa. Com os efeitos das tarifas pressionando a inflação nos próximos meses, a confirmação de leituras mais moderadas deve vir apenas nos relatórios de outubro e novembro.
Como essas divulgações acontecem depois das reuniões do FOMC de setembro e outubro, seria necessário um enfraquecimento expressivo no mercado de trabalho para justificar um corte antes. No momento, esse cenário ainda não se materializa. Isso tende a aumentar o atrito entre Trump e Jerome Powell, incentivando o presidente a buscar um nome mais alinhado para substituir Powell quando seu mandato no comando do Fed terminar no início do próximo ano.
Diante desse quadro, dezembro parece ser o momento mais provável para o início dos cortes, possivelmente com uma redução de 50 pontos-base caso se confirmem sinais mais claros de desaceleração no emprego e no crescimento do PIB. Esse roteiro seria semelhante ao de 2024, quando o Fed aguardou segurança antes de mudar o rumo da política monetária: primeiro fez um corte de 50 pontos-base em setembro e depois promoveu reduções adicionais de 25 pontos em novembro e dezembro.
Impacto sobre o dólar em uma semana cheia
Ainda não está claro o quanto a possibilidade de Trump substituir Powell tem influenciado o comportamento do dólar neste mês. Houve momentos de pressão ampla sobre a moeda quando surgiram rumores mais concretos, mas as taxas curtas dos EUA tendem a encerrar o mês um pouco mais firmes, oferecendo algum suporte ao dólar mesmo em um ambiente de viés baixista.
A menos que o comunicado do FOMC, os votos ou a coletiva de Powell surpreendam adotando parte das ideias mais flexíveis defendidas por dirigentes como Christopher Waller, a tendência é de que o dólar siga sustentado. Isso se reforça porque, no dia seguinte à decisão do Fed, sai a leitura do núcleo do PCE de junho, que deve começar a mostrar a aceleração de preços esperada para este verão no Hemisfério Norte.
O dólar também terá um evento de risco importante na sexta-feira, com o prazo final para acordos tarifários e, talvez ainda mais relevante, a divulgação do relatório de empregos de julho. Enquanto o mercado de trabalho permanecer firme, uma inflação mais alta pode atrasar o início do ciclo de cortes e sustentar a moeda norte-americana.
Caso o dólar ganhe força, é provável que isso ocorra especialmente em relação ao iene japonês e ao franco suíço, moedas de baixo rendimento. O mercado trabalha com agosto como um período de baixa volatilidade após a definição do risco de 1º de agosto, favorecendo operações de carry trade que pressionam essas moedas.
Esse cenário também considera a continuidade das negociações comerciais dos EUA com União Europeia e China, e a manutenção da demanda por moedas de países exportadores de commodities, apoiada na perspectiva de melhora do crescimento global. Em tese, mais acordos comerciais reduzem o apelo das moedas consideradas porto seguro, que tiveram forte valorização durante a tensão tarifária em abril.
No geral, há espaço para o par USD/JPY subir até 150 nas próximas semanas, especialmente se houver renúncia do primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba. Já o EUR/USD poderia recuar para a faixa de 1,15/1,16 se esse cenário de mercado de trabalho resiliente e política do Fed mais conservadora se confirmar. O USD/CHF poderia retornar a 0,81, enquanto moedas ligadas a commodities, tanto do G10 quanto emergentes, tendem a ter desempenho superior se o risco tarifário continuar em evidência.
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