As bolsas americanas tiveram mais uma semana de alta, mesmo com os dados da criação de postos de trabalhos, no mês de setembro, terem sido abaixo do esperado. O índice de confiança do consumidor também caiu, assim como o dólar escorregou. Entretanto más notícias são lidas como positivas para ativos de risco, pois indicam que o Banco Central deve postergar quaisquer decisões de diminuição de compras de títulos, mantendo assim ligadas as máquinas de impressão de dólares.
Os principais índices das commodities cederam depois de divulgado que a China está passando por algumas condições mais apertadas de liquidez – geradas por empréstimos-podres na carteira dos bancos. Entre as matérias-primas, o algodão liderou a baixa com - 4,79%, seguido pelo óleo de aquecimento (- 3,35%) e o café em NY, que baixou 3,19%.
O arábica fez novas mínimas com as perdas de US$ 7.34 por saca, fechando abaixo de US$ 110 centavos por libra – nível que não víamos desde o começo de 2009. O robusta, com a queda de US$ 4.32 a saca, chega perto do objetivo que eu tenho escrito há algum tempo, que é US$ 1.500 a tonelada – o que não significa que não será rompido, é claro.
Nas origens o humor não poderia ser pior com os preços praticados internamente, despencando junto com as bolsas e fazendo com que produtores se reúnam com seus líderes para buscar alternativas para as perdas que muitos sofrem.
No Brasil estão sendo montadas propostas para que o governo converta dívida em valores por saca equivalente a R$ 347.00, assim como plano de opções adicionais que permitam os estoques públicos serem elevados para até 50% do volume de exportação. Leia-se, em torno de 15 milhões de sacas. Também entra no rol para que nos próximos cinco anos o PEPRO (subsídio), para que haja financiamento para margem aos produtores na BM&F e a reativação das CPRs (instrumento importantíssimo).
Da Colômbia foi dito que a Federação Nacional do Café não terá mais dinheiro em seus cofres ao fim de do mês de novembro para pagar o subsídio aos produtores, que hoje está em US$ 42 centavos por libra (ou quase um terço do valor da saca). Parece improvável que isto aconteça, entretanto caso acontecesse estragaria os planos do país em recuperar sua produção para os níveis acima de 12 milhões de sacas, que foi o tamanho de suas safras até 2007.
Outra informação interessante foi a matéria circulada pelas agências de notícias dizendo que no México, onde por acaso estou agora, a maior empresa torrefadora do mundo tem planos de triplicar a produção local para atender uma planta sua e assim diminuir importações. A ideia seria plantar e substituir árvores com mudas de variedades com maior produtividade e ajudar os produtores no manejo e com boas práticas.
O CFTC voltou a divulgar o Commitment of Traders, mas na última sexta-feira informou apenas as posições do dia 1 de outubro – o que nada adianta para quem precisa decidir o que fazer no mercado hoje. O órgão deve atualizar as informações em alguns dias.
A queda do terminal trouxe uma boa participação dos comerciais, com as torrefadoras estendendo suas compras e as origens jogando a toalha e fixando vendas. Talvez este seja o sinal de que o fundo do poço não esteja tão longe, muito embora haja bastante café que ainda precisa ser vendido.