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Publicado 21.06.2018, 12:48

As coisas são meio loucas. Às vezes, acho que o louco sou eu. Depois acho que são os outros. Vai ver é todo mundo, sei lá.

Eu tenho uma aposta com a Luciana Seabra. Não precisa se preocupar, não é uma competição, claro. Até porque passo longe de ser uma pessoa competitiva, imagina… Jamais colocaria algo aqui de um contra o outro. Contar o resultado de uma aposta dessas, então, nem pensar…

Maaaaas, caso fosse uma competição, ela estaria perdendo de goleada.

Temos uma discussão antiga aqui. Ela defende as vantagens da gestão ativa. Acha que bons gestores conseguem selecionar investimentos melhor do que a média do mercado. Eu jogo no outro time: sou mais adepto da gestão passiva (não confundir com ingestão).

A aposta é a seguinte:

A Luciana selecionou no começo deste ano seus dez fundos de ações preferidos. Mediremos a média aritmética de seu desempenho pela próxima década. Se essa estatística for superior à performance do Ibovespa, ela ganha - os fundos escolhidos terão sido melhores do que a média do mercado; vitória da gestão ativa. Caso contrário, este humilde redator ganha um almoço.

Até agora, a seleção seábrica (o corretor automático me alerta para um possível erro de ortografia; eu ignoro — a palavra existe e é acentuada, pois proparoxítona) está aquém do índice.

Fique claro desde já: a seleção de fundos da Luciana é a melhor a ser feita. O resultado em nada tem a ver com erros nos critérios de escolha. Ao contrário, ela é, disparado, a melhor analista de fundos do Brasil, guarda a maior interlocução com gestores de todo mercado local, respeitada de A a Z, passando por LS, além de ser brilhante, competente, bla bla bla. Vou lhe dizer o que falo pra ela quase todos os dias: pra mim, a Luciana é a pessoa mais relevante da indústria de fundos de investimento hoje. Real, oficial.

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A história da competição é obviamente uma brincadeira. E todas as vezes em que efetivamente disputei com ela ou com qualquer outro analista da Empiricus sai derrotado.

Os pontos realmente importantes são outros.

O primeiro deles é aparentemente - e apenas aparentemente - esquizofrênico. Tenho repetido por aí: se você é um bom investidor de ações, você precisa estar perdendo dinheiro neste ano. Aqui é preciso rigor com as palavras. Não me refiro aos traders, aos especuladores, aos quantitativos, aos trend followers, aos grafistas e por ai vai.

Falo de investimento, entendido conforme proposto por Aswath Damodaran: o ato de se comprar um ativo por menos do que ele vale; e “vale" sendo definido a partir dos critérios de Benjamin Graham e Warren Buffett sobre o que é valor intrínseco.

O investidor canônico de ações procura negócios previsíveis, estáveis, de boas margens, alto retorno sobre o capital, com altas barreiras à entrada, vantagens competitivas claras, pouca alavancagem, etc. Em resumo, bons negócios, comprados a um bom preço.

Qual é o problema disso? O ano de 2018 tem penalizado fortemente ações cujas empresas perfazem o perfil acima. Ações de consumo estão sendo destruídas pela decepção com indicadores de atividade econômica. As chamadas bond proxies foram dizimadas com a abertura de juro. Os bancos sofrem com a incerteza sobre o juro, o medo de fim do JCP ou da tributação de dividendos, o baixo crescimento da carteira de crédito, a pouca esperança com reversão adicional de provisão, as incertezas eleitorais e coisas parecidas. Os papéis ligados à infraestrutura sofrem com a volatilidade dos juros e a completa falta de convicção para investimentos.

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Esses são setores típicos dos praticantes do investimento canônico em ações. Portanto, se eles vão mal, o investidor precisa ir mal.

Ao melhor estilo “money talks, bulshit walks”, talvez você pense: “ah, mas eu quero ganhar em qualquer cenário.” Claro, eu também quero. Mas, se você tem uma filosofia bem definida, tem de se apegar a ela. Não significa que vai funcionar para todo e qualquer momento de mercado. A ideia é que, na média, funcione e que renda frutos no longo prazo.

Quando afirmo que o bom investidor de ações está indo mal neste ano, não quero agir como um agente provocador, apenas um desafio à intuição de consenso de que os líderes dos rankings de rentabilidade são sempre os melhores. Não é isso. Os números estão ai pra quem quiser olhar. Olha a Dynamo, a Atmos…

Mas minha defesa da gestão passiva não vem dai. Os argumentos são outros.

Primeiro, o grosso do retorno de longo prazo se dá mais pelo asset allocation (alocação entre classes de ativos). Isso não é uma opinião. Tem lote de artigo científico provando o ponto, tanto para o Brasil quanto para o exterior. Assim, na tentativa de escolher este ou aquele ativo, este ou aquele fundo, acaba tirando a atenção do investidor do que realmente importa, além de ensejar maiores custos de transação.

O mais importante vem agora: o que determina a evolução dos ativos financeiro é a ocorrência de eventos aleatórios, cuja antecipação simplesmente escapa às possibilidades humanas.

O ambiente de Bolsa é completamente diferente daquele das leis físicas e naturais. Ele se caracteriza pela visão prejudicada pelo véu da interação social.

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Estamos inseridos num universo de incerteza e, por mais competentes e superpoderosos que sejamos, não conseguiremos retirá-la do meio do caminho. No mundo dos investimentos, vivemos mo Quarto Quadrante de Nassim Taleb, em que a técnica, a sofisticação econométrica e os modelos valem zero.

Hoje, li no Valor o seguinte: “O mercado de ações brasileiro ainda está no meio de uma grande correção baixista e a alta observada na terça e quarta-feiras não passa de um espasmo de curto prazo, segundo o "IMA-crash" (Índice de Mudanças Abruptas). Criado pelo pesquisador e professor do Insper Marco Antônio Leonel Caetano, em conjunto com Takahashi Yoneyama, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), o referencial foi adaptado da metodologia dos sinais, usada para prever terremotos, para a bolsa.”

Os economistas são os invejosos da Física. Querem dar sofisticação e aparência objetiva para a ciência jovem, tentando afastar a Economia das demais ciências sociais e aproximá-la das ciências exatas. Assim, supostamente, conseguem dar uma roupagem de certeza, convicção, ausência de dúvida, precisão e, claro, maior poder para o próprio cientista, cujo ego se engrandece a partir do superpoder da vidência.

Simplesmente não dá. Situações de incerteza, complexidade e distribuição não gaussianas, exatamente como os mercados financeiros, não admitem esse tipo de analogia.

Para mim, o melhor livro de Nassim Taleb não é o “Black Swan”, “Antifrágil” ou mesmo o mais recente “Skin in the game”. A leitura obrigatória é “Iludidos pelo acaso”. Quem realmente define o resultado, mesmo a longo prazo, é a aleatoriedade.

Não quero dizer que seja só sorte. Não é o caso. É preciso, sim, competência para sobreviver por longos períodos no mercado financeiro e oferecer resultados consistentes. Mas não basta. Há uma porção de gente competente que foi expulsa do jogo simplesmente porque se deparou com um cisne negro negativo no meio do caminho, algum evento imprevisível, considerado raro e de altíssimo impacto.

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“Tough ain't enough”, como diria o personagem de Clint Eastwood em “Menina de Ouro”. Ser (SA:SEER3) genial e competente no mercado financeiro, infelizmente, não é garantia de bons retornos, justamente porque são os cisnes negros que acabam definindo as trajetórias, elegendo campeões e rebaixados, sobreviventes, feridos e assassinados. Gênio mesmo é aquele que percebe que não há genialidade alguma.

Luis Stuhlberger é mil vezes melhor do que Alexandre Póvoa, duas mil vezes mais inteligente. Mas isso não significa que consiga prever eventos aleatórios mil vezes melhor, entende?

Investir no Verde (bom) é a mesma coisa que investir na Canepa (ruim)?

Óbvio que não. Suas chances de aumentar seu patrimônio de maneira consistente no primeiro caso são, sim, maiores. Mas, no meu entendimento pessoal, não são tão maiores quanto acredita o consenso de mercado.

Não precisa ir muito longe. Quem poderia prever esse “sell-off” repentino e intenso em mercados emergentes? E quem antecipou a greve dos caminhoneiros, com sua profundidade e extensão?

Num mundo aleatório, não espere de mim tentativas de identificação de topos e fundos do mercado. A hora exata de entrar e sair. Charlatanismo passa longe.

Num mundo de incerteza intransponível e caminhada definida por eventos aleatórios, são corolários:

• Se você quer ter um portfólio de baixo risco, não há alternativa: precisará alocar a maior parte do seu dinheiro num ativo de baixíssimo risco. Não tem como investir em ativos de médio risco e acreditar que, a partir de suas correlações históricas, chegará a um risco baixo para o consolidado do portfólio. O Barbell Strategy (muito dinheiro em pouco risco e pouco dinheiro em muito risco) é superior à Fronteira Eficiente de Markowitz, outro invejoso da física.

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• Procure diversificação (se algo der errado, outra coisa vai dar certo) e convexidade (exposição a perdas potenciais pequenas e ganhos potenciais grandes)

• Ninguém constrói casa pensando na resistência para tranquilos dias de Sol, mas, sim, para tolerar a maior das tempestades. Na gestão ativa ou passiva, sempre tenha proteção para o pior.


P.S.: Interessante matéria do “Valor” hoje dizendo como gestores de ações estão empregando mais capital às cotações atuais e comprando papéis de alta qualidade que ficaram baratos. Está alinhado ao escrito aqui recentemente. Hora boa para comprar aqueles aviões tipo Lojas Renner (SA:LREN3), Hypera (SA:HYPE3), Localiza (SA:RENT3), Fleury (SA:FLRY3), Equatorial…

Mercados brasileiros começam a quinta-feira com perdas significativas. A combinação de aversão a risco no exterior e inflação acima das expectativas gera desconforto.

Novos capítulos da guerra comercial entre EUA e China disparam busca por segurança, após representantes do país asiático apontar abuso comercial norte-americano e ameaçar com retaliação.

Por aqui, destaque para reação à decisão do Copom de manter a taxa Selic em 6,50 por cento ao ano. Comunicado impecável. Só elogios desta vez. Deixou a porta aberta para um evento aumento no futuro caso seja necessário, mas mostrou intenção de, caso nada mude, também não mudar a Selic. Boa!

Na agenda, IPCA-15 apurou inflação de 1,11 por cento em junho, contra projeções de 1 por cento, numa aceleração desencadeada pela greve dos caminhoneiros.

No exterior, há decisão sobre juro na Inglaterra e, nos EUA, saem índice de atividade da Filadélfia, pedidos de auxílio desemprego e indicadores antecedentes

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