Garanta 40% de desconto
🚨 Mercados voláteis? Descubra joias escondidas para lucros extraordináriosDescubra ações agora mesmo

Raio-X Harley-Davidson: Recuperação da Empresa Que Sobreviveu a Duas Guerras

Publicado 31.05.2022, 09:48
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Definitivamente a fabricante de motocicletas mais icônica do mundo, a Harley-Davidson já enfrentou duas guerras mundiais e diversas crises econômicas. Hoje analisamos o desempenho da companhia em um momento pós pandemia.

Nome: Harley-Davidson, Inc.

TickerHOG

Fundada em: 1903, por William Harley e Arthur Davidson

Preço: USD 36,34

Valor de mercado: USD 5,36 bilhões

Um meio de locomoção rápido e barato, no final do século XIX e início do século XX as bicicletas já tomavam conta das metrópoles americanas e europeias. Porém, se as bicicletas tinham altíssima mobilidade, lhes faltava a velocidade presente nos automóveis que começavam a ser produzidos em massa naquele momento. Pensando em como solucionar este problema, os amigos de infância William Harley e Arthur Davidson desenvolveram o primeiro protótipo do que seria a sua versão de uma bicicleta motorizada. Nascia o primeiro modelo das Harley-Davidson.

Se hoje a marca é praticamente sinônimo de motocicletas no mundo todo, dois grandes eventos do século XX foram fundamentais para impulsionar a popularidade da montadora: as duas guerras mundiais. Em 1917, quando os Estados Unidos decidiram entrar na Primeira Guerra Mundial, o governo americano encomendou mais de 20 mil motocicletas a Harley-Davidson para utilizar como meio de transporte para suas tropas em território europeu. Com isso, o público americano foi se tornando cada vez mais familiarizado com a marca, que ficaria conhecida pela alta qualidade e resistência das suas motocicletas.

Com a chegada da grande depressão em 1929, a companhia viu suas vendas caírem 82%. Mesmo assim, a empresa perseverou, sendo ao lado de sua principal concorrente, a Indian, uma das únicas duas fabricantes de motocicletas a sobreviver à maior crise econômica da história dos Estados Unidos. Com a chegada da Segunda Guerra Mundial no final da década de 30, a companhia voltaria a aumentar sua produção e passaria a ser um ícone de uma geração.

Anúncio de terceiros. Não é uma oferta ou recomendação do Investing.com. Leia as nossas diretrizes aqui ou remova os anúncios .

Nasce uma estrela

Durante a Segunda Guerra Mundial, a Harley-Davidson vendeu mais de 90 mil motocicletas aos aliados, catapultando sua produção para números jamais antes vistos. No retorno aos Estados Unidos, veteranos podiam adquirir suas motocicletas utilizadas na Europa e na Ásia a preços módicos, fazendo com que a companhia consolidasse sua popularidade em território americano.

No pós-guerra a companhia se sedimentaria como um ícone da contracultura graças a filmes como O Selvagem (The Wild One), protagonizado por Marlon Brando e Sem Destino (Easy Rider), com Peter Fonda e Dennis Hopper pilotando suas choppers pelas estradas americanas. Glorificada por Hollywood, a Harley-Davidson deixaria de vender apenas motocicletas: passaria também a vender um estilo de vida para rebeldes e inconformados com a sociedade moderna.

Crepúsculo de um ídolo

Associar sua marca a um estilo de vida pode ajudar uma empresa a fidelizar seus clientes: consumidores deixam de ser apenas compradores e passam a ser defensores fiéis da companhia, se identificando com seus valores e estética. Com isso, a Harley-Davidson construiu uma base fiel de consumidores, vendendo um estilo rebelde e arrojado. O grande problema em atrelar a marca a apenas um nicho da sociedade é que eventualmente esse nicho pode parar de crescer.

No caso da Harley-Davidson, foi exatamente o que aconteceu. Se em 1985 a idade média de um proprietário de uma Harley era de 27 anos, atualmente ela é de 50 anos, segundo dados de 2018 da própria companhia, quando ela parou de divulgar este número. Enquanto companhias japonesas como a Honda (TYO:7267) (SA:HOND34) e Yamaha (OTC:YAMCY) faziam comerciais inclusivos para o público feminino e de diferentes etnias desde os anos 70, até pouco tempo a Harley-Davidson focava no seu público de homens brancos e renegados pela sociedade. Atualmente, muitos não se identificam mais com essa demografia, nem com motos barulhentas, que consomem muita gasolina sem que isso se traduza para potência do motor, o que pode ser um dos motivos para a queda de receitas da companhia.

Anúncio de terceiros. Não é uma oferta ou recomendação do Investing.com. Leia as nossas diretrizes aqui ou remova os anúncios .

A queda

Desde 2017 a receita da empresa vem caindo vertiginosamente, de USD 5,6 bilhões para uma mínima de USD 4 bi em 2020. Para o ano de 2022, a estimativa da companhia é de que a receita chegue a USD 4,88 bilhões, em uma ligeira retomada. Outro ponto que talvez possa explicar a queda nas vendas é o alto preço das motocicletas: se nos EUA o preço médio de motos é de cerca de USD 11.900, o preço médio de uma Harley está na faixa de USD 20.000. Assim, é possível que muitos jovens ainda desejem comprar uma moto da companhia, eles apenas não têm o dinheiro necessário, tornando o produto praticamente exclusivo para homens de meia idade.

Se o preço das motos é um impeditivo para aumentar as vendas, a empresa tem grandes dificuldades para baratear sua produção. Durante décadas a Harley-Davidson atrelou a alta qualidade de suas motocicletas ao fato de serem fabricadas nos EUA. Com uma grande base de clientes nacionalistas, a companhia encontraria grande resistência para mover suas fábricas para países emergentes, em que o custo da mão-de-obra seja mais baixo.

Mudança de rota

O mercado de motocicletas nos Estados Unidos movimenta mais de USD 5 bilhões por ano e, na categoria acima de 600 cilindradas, a Harley-Davidson reina absoluta, com mais de 47% de market share. Porém, se o mercado americano parece grande, ele empalidece diante de um mercado global que gira mais de USD 100 bilhões anualmente. E se a Harley-Davidson deseja crescer, a expansão para outros países é fundamental.

Anúncio de terceiros. Não é uma oferta ou recomendação do Investing.com. Leia as nossas diretrizes aqui ou remova os anúncios .

Atualmente, a América do Norte representa cerca de dois terços das vendas da companhia, mas as vendas em outros continentes vêm ganhando força: no primeiro trimestre de 2022, das 45,2 mil motocicletas vendidas, 6,7 mil foram vendidas na Ásia e outras 6,3 mil foram vendidas na Europa, Oriente Médio e África, representando um crescimento de 16% e 28%, respectivamente em relação ao mesmo período no ano anterior.

E se o futuro de veículos automotivos é se livrar de motores a combustão, a Harley-Davidson deseja se tornar uma das referências no setor, com o lançamento do seu modelo elétrico chamado Livewire no ano de 2020. Porém o preço da ecologia é salgado: uma Livewire não sai por menos que USD 29.799. Entretanto, se a Tesla (NASDAQ:TSLA) começou produzindo superesportivos para depois lançar modelos mais populares, é possível que a fabricante de motos esteja seguindo o mesmo caminho, primeiro instigando consumidores e mostrando que veículos elétricos podem ser sexy, para depois atender às massas.

Curva fechada?

Para o ano de 2022, a empresa espera um crescimento de 5% a 10% na receita e elevar a margem de lucro operacional para algo entre 11 e 12%. Se os números parecem modestos à primeira vista, é preciso lembrar que nos últimos cinco anos, a receita da Harley-Davidson veio caindo a uma média de -3,29% e a média da margem de lucro operacional é de 7,79%.

Assim como toda a indústria automobilística, a companhia vem sofrendo com a falta global de semicondutores, tendo dificuldades para entregar suas encomendas, mas os custos gerados pela inflação têm sido repassados com sucesso para os consumidores. Em seu último balanço trimestral, a companhia reafirmou suas projeções para o ano, mas caso o mundo adentre em uma recessão como muitos analistas temem, a Harley-Davidson pode acabar se comportando como uma de suas motocicletas: grande, lenta e com dificuldades para manobrar.

Anúncio de terceiros. Não é uma oferta ou recomendação do Investing.com. Leia as nossas diretrizes aqui ou remova os anúncios .

Últimos comentários

Boa análise, Rodrigo! Legal ver você por aqui também!
hoje...quem vende mais Harley ou concorrentes...Harley precisa parar de ser status...vejo motos 2015 com 10.000 ou menos para venda...a pessoa compra para dizer que tem...grande M...seja único também...use...
óia Rodrigo... são talvez unicas no mundo...mas uma 2022 com ipva no Brasil em torno de 15.000 é complicado....kkkk
Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.