O rebanho bovino brasileiro cresceu 0,3% em 2014. Ao final daquele ano existiam 212,3 milhões de cabeças no país, frente a 211,8 milhões no final de 2013 (IBGE).
O maior aumento ocorreu na região Norte, de 2,5%, e a maior retração na região Sudeste, cuja diminuição foi de 2,1%. Veja a figura 1.
Fig. 1 - Variações dos rebanhos bovinos por região entre o final de 2013 e de 2014.
Fonte: IBGE / Elaboração: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
O maior crescimento percentual ocorreu na Paraíba, onde o rebanho aumentou 9,3%. Vale destacar que em 2012, devido à seca, o estado perdera 28,6% do rebanho bovino. O que tem ocorrido é a recomposição do efetivo.
Cenário semelhante foi observado no Rio Grande do Norte, onde houve aumento de 6,3% no período. A tabela 1 mostra um resumo do que correu em 2014.
Tabela 1 - Rebanho ao final de 2014, variação frente a 2013 e participação de cada UF no rebanho nacional, em ordem decrescente.
UF |
Rebanho |
Variação anual |
Participação no rebanho nacional |
|
% |
Cabeças |
|||
Mato Grosso |
28.592 |
0,7% |
196.978 |
13,5% |
Minas Gerais |
23.707 |
-2,0% |
-494.214 |
11,2% |
Goiás |
21.538 |
-0,2% |
-42.326 |
10,1% |
Mato Grosso do Sul |
21.004 |
-0,2% |
-43.444 |
9,9% |
Pará |
19.911 |
3,9% |
746.189 |
9,4% |
Rio Grande do Sul |
13.957 |
-0,6% |
-80.414 |
6,6% |
Rondônia |
12.744 |
3,4% |
414.355 |
6,0% |
Bahia |
10.824 |
0,0% |
-4.275 |
5,1% |
São Paulo |
10.126 |
-3,4% |
-360.527 |
4,8% |
Paraná |
9.182 |
-2,3% |
-213.736 |
4,3% |
Tocantins |
8.062 |
-1,0% |
-78.353 |
3,8% |
Maranhão |
7.758 |
1,9% |
147.028 |
3,7% |
Santa Catarina |
4.286 |
2,0% |
84.370 |
2,0% |
Acre |
2.800 |
3,8% |
102.184 |
1,3% |
Ceará |
2.597 |
0,2% |
6.072 |
1,2% |
Rio de Janeiro |
2.380 |
1,7% |
39.670 |
1,1% |
Espírito Santo |
2.296 |
-0,8% |
-17.821 |
1,1% |
Pernambuco |
1.920 |
5,3% |
96.845 |
0,9% |
Piauí |
1.660 |
-0,4% |
-6.008 |
0,8% |
Amazonas |
1.405 |
-4,4% |
-65.329 |
0,7% |
Alagoas |
1.253 |
0,1% |
1.398 |
0,6% |
Sergipe |
1.219 |
-0,3% |
-4.243 |
0,6% |
Paraíba |
1.146 |
9,3% |
97.119 |
0,5% |
Rio Grande do Norte |
973 |
6,3% |
58.039 |
0,5% |
Roraima |
736 |
-1,5% |
-11.083 |
0,3% |
Amapá |
168 |
8,1% |
12.562 |
0,1% |
Distrito Federal |
100 |
-1,4% |
-1.396 |
0,0% |
Brasil |
212.344 |
0,3% |
579.640 |
100,0% |
Fonte: IBGE / Elaboração: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
O estado com o maior rebanho bovino é Mato Grosso, seguido por Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, nesta ordem. Destes, apenas em Mato Grosso o rebanho cresceu.
Os dez estados com os maiores rebanhos detêm 80,8% do total nacional, o que equivale a 171,6 milhões de cabeças.
O maior crescimento absoluto ocorreu no Pará, um aumento de 746,2 mil bovinos no período. Em geral, no Norte e Nordeste houve aumentos. A figura 2 mostra estas variações no mapa.
Fig. 3 - Visualização dos aumentos (azul) e reduções (laranja) do rebanho entre 2013 e 2014.
Fonte: IBGE / Elaboração: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Variações de rebanho e mercado
Uma redução no rebanho tende a gerar menos oferta. Tende porque o rebanho total não define a disponibilidade por eras, ou a segregação entre corte e leite.
De toda forma, fizemos um exercício. Comparamos as variações de preços em 2015 (frente a 2014), com o que ocorreu com o rebanho em 2014. Isso porque os dados apresentados se referem ao rebanho no final do ano, ou seja, o que estará disponível no começo de 2015.
Veja o resultado gráfico da associação destas variáveis na figura 4.
Fig. 4 - Variações do rebanho em 2014 e das cotações do boi gordo em 2015 (até outubro), frente a 2014.
Fonte: IBGE / Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Observe que existe uma tendência de altas maiores nas regiões onde houve diminuição do rebanho (pontos alaranjados). A valorização média do boi gordo nos estados onde houve aumento de rebanho foi de 13,4%, enquanto os preços subiram 16,7% nos estados com redução no efetivo.
A linha de tendência decrescente indica que quanto maior a queda no rebanho, maior a valorização do boi gordo no ano seguinte.
Bahia e São Paulo se distanciam um pouco da linha de tendência. No caso da Bahia, uma explicação seria a seca, afetando a engorda e a disponibilidade de boiadas.
Sem considerar São Paulo e Bahia, temos um coeficiente (R²) de 0,83. Valores próximos de 1,0 indicam um ajuste maior do modelo de regressão (ilustrado pela reta). Em outras palavras, se a reta explicasse perfeitamente os dados, teríamos um coeficiente de 1,0.
Para evitar uma possível coincidência, fizemos a mesma análise com os dados de preços e rebanhos imediatamente anteriores. De maneira semelhante, São Paulo teve comportamento discrepante, juntamente com Mato Grosso do Sul.
Aqui surge a hipótese de que o gado importado de praças vizinhas influir na precificação no estado. Retirando os dois estados que tiveram comportamento distinto, tivemos um R2 de 0,80.
Considerações finais
O mercado do boi gordo não se limita a uma simples equação e,portanto, esta análise é complementar a tantas outras que se faz para monitorar o comportamento de preços.
De toda forma, o objetivo desta análise foi trazer os dados recentes sobre o rebanho nacional e mostrar uma possível relação entre as cotações e o comportamento do tamanho do rebanho por estado, sem a pretensão de definir uma forma de “prever” o mercado.
A variável demanda, fortemente influenciada pela situação econômica, é outro ponto que não pode ser negligenciado. A força da indústria e o ajuste pelo qual esta passou no último ano, com dezenas de fechamentos de plantas, também pesam.
O mercado do boi gordo não se limita a uma simples equação e acreditar nisto tende a gerar um alto custo de aprendizado.
O estado com o maior rebanho bovino é Mato Grosso, seguido por Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, nesta ordem. Destes, apenas em Mato Grosso o rebanho cresceu.