Publicado originalmente em inglês em 18/05/2021
Para os investidores da Walt Disney Co. (NYSE:DIS) (SA:DISB34), a semana passada foi de sinais mistos. Embora a reabertura econômica e a flexibilização das restrições da Covid-19 facilitem o retorno dos visitantes aos seus parques e cinemas desertos, seu serviço de streaming – salvação da companhia durante os lockdowns – está perdendo parte da sua força, após registrar um crescimento espetacular no ano passado.
A gigante do entretenimento divulgou, na semana passada, o número de 103,6 milhões de clientes no serviço Disney+ ao final do último trimestre, ficando abaixo dos 110,3 milhões projetados pelos analistas. Esse número decepcionante acelerou o declínio das suas ações, que já caíram cerca de 10% no último mês. Elas fecharam a US$ 170,08 na segunda-feira.
O rápido crescimento do Disney+ deu suporte às suas ações durante toda a pandemia, quando seus negócios tradicionais perderam bilhões de dólares durante os confinamentos. O serviço superou 100 milhões de usuários em apenas 16 meses, após seu lançamento nos EUA em novembro de 2019. Nos meses seguintes, foi lançado no Canadá, Austrália, América Latina e Cingapura.
Agora que as assinaturas estão desacelerando, os investidores preferem ficar de fora, temendo declínios maiores na cotação dos papéis. A atual correção, em nossa visão, é uma oportunidade de compra para investidores de longo prazo que estão em busca de um bom ponto de entrada.
Apesar de números mais fracos, enxergamos diversos catalisadores positivos que podem melhorar a posição financeira da Disney neste ano, dando suporte às suas ações e ajudando a gigante do entretenimento a retomar seus dividendos suspensos.
Forte demanda reprimida
Entre os fatores positivos da DIS está a decisão do governo americano, na semana passada, de relaxar as diretrizes de uso de máscaras, o que ajudará na recuperação das suas unidades tradicionais de geração de receita, como parques temáticos, cinemas e cruzeiros, cuja demanda reprimida é forte após um ano de restrições de viagens.
Os parques da Disney estão agora reabertos em todas as partes, exceto Paris, e a companhia está voltando a fazer lançamentos cinematográficos exclusivos – seu ponto forte antes da pandemia. “Free Guy: Assumindo o Controle” e “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” serão exibidos nos cinemas por 45 dias antes de irem para o ambiente online, segundo anúncio da Disney na semana passada.
Alguns dos principais analistas de Wall Street ainda continuam otimistas com a Disney após o balanço da semana passada. Com base nas recomendações de 19 analistas, as ações da Disney tem potencial de alta de 23% em relação ao seu nível atual, com o preço-alvo consensual de 12 meses a US$ 209,06, de acordo com a TipRanks.
Steven Cahall, analista sênior de ações do Wells Fargo, disse em nota:
“Após o número de assinantes do Disney+ ficar abaixo do consenso, nossa expectativa é que a ação recue e se consolide um pouco. Entretanto, encaramos isso como uma excelente oportunidade para acumular, já que estamos falando de um papel de longo prazo, haja vista que nem o mercado potencial nem a estratégia em si foram inteiramente prejudicados. Recomendamos compra diante de qualquer fraqueza e vemos uma trajetória de dois anos para US$ 250.”
Analistas otimistas com as ações da Disney acreditam que o número de assinantes abaixo do consenso é temporário e que o atrativo geral do investimento na companhia continua forte, principalmente com a retomada dos seus negócios tradicionais.
A Disney disse na semana passada que as assinaturas cresceram no fim do trimestre e que praticamente voltou a produzir filmes e séries de TV. Mais produções da Marvel e Guerra nas Estrelas estão a caminho, na esteira do sucesso de “WandaVision,” “O Mandaloriano” e “O Falcão e o Soldado Invernal.”
Além disso, a expansão global do Disney+ também segue forte. O serviço deve ser lançado na Malásia em 1 de junho e na Tailândia no dia 30 do mesmo mês. O serviço Star+ para a América Latina deve estar disponível em 31 de agosto, sugerindo que a companhia ainda tem muito espaço para crescer no streaming.
O Morgan Stanley, que classifica a ação como “overweight” (acima da média) definiu o preço-alvo de US$210 para a Disney, dizendo em nota:
“Todos os sinais apontam para uma forte reabertura nas unidades cíclicas da Disney e relacionadas à Covid, principalmente parques. Com o arrefecimento da pandemia, o retorno dos esportes ao ritmo normal e os consumidores de volta aos cinemas, todos os negócios da Disney devem se recuperar rapidamente e contribuir significativamente para o crescimento dos seus resultados”.
Conclusão
As ações da Disney estão sob pressão após a expansão da sua unidade de streaming mostrar sinais de desaceleração. Mas essa correção oferece uma oportunidade de compra quando suas unidades tradicionais reabrirem, e seu serviço de streaming ainda tem muito espaço para crescer. Esses fundamentos positivos mostram que suas ações têm tudo para ganhar força daqui para frente.