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Reforma Tributária: Primeiras Impressões

Publicado 28.06.2021, 10:53
Atualizado 09.07.2023, 07:32

O fim de semana foi ocupado com estudos e conversas a respeito da proposta de reforma tributária enviada na sexta-feira. Muito divertido.

A leitura ainda é preliminar e muita discussão precisa acontecer. Nuances e cálculos mais aprofundados hão de ser feitos. Peço a gentileza de que os comentários aqui registrados sejam recebidos com parcimônia e ciência por se tratar ainda de uma primeira avaliação.

Essa é uma proposta inicial do governo, que, curiosamente, contraria as intenções originais do próprio governo para essa reforma tributária, ensejando, assim, espaço para modificações importantes até sua real implementação. Mesmo se não fosse o caso, já haveria relevante debate e possível modificação no Legislativo, de tal sorte que interpretações mais inflamadas neste momento precisam ser evitadas.

Pondero ainda que há elementos positivos na proposta. Seu caráter ambivalente, portanto, torna difícil, para algumas situações particulares, inferir a real força resultante.

Ressalvas feitas, considero, no geral, a proposta ruim e defendo uma necessidade de mudanças. Cabe à própria sociedade civil apontar caminhos e pressionar por eles.

Os objetivos originais desta fase da reforma, dentro do Ministério da Economia e mesmo por aqueles que estavam envolvidos na redação da lei, eram, sobretudo, reduzir a “pejotização” (aquele seu amigo jornalista que cria uma empresinha ou o conhecido advogado que ganha sob a forma de dividendos), simplificar a estrutura tributária, garantir maior isonomia e evitar aumento de carga tributária — há razoável consenso de que empresas sob o lucro real no Brasil já pagam bastante imposto.

Vejo alguns problemas.

O escalonamento da redução do Imposto de Renda Pessoa Jurídica a partir de 2022, supostamente a ser contrabalanceado pela reintrodução da tributação de dividendos e pela eliminação da dedutibilidade de juros sobre capital próprio, na verdade, implica aumento de carga tributária, ferindo um dos objetivos originais da propostas. Ao combater a pejotização (o que me parece uma ideia legítima e apropriada), introduz-se de maneira imediata uma alíquota de 20% sobre dividendos, retida na fonte; enquanto isso, a proposta reduz a alíquota de IRPJ de maneira gradativa e não proporcional. 

Cumpre também observar que, embora a taxação de dividendos já estivesse em grande medida incorporada ao consenso de mercado, falava-se numa alíquota de 15% (e não de 20%), conforme acabou sendo aproveitado. 

Outro ponto importante se refere à falta de isonomia entre os fundos imobiliários, cujos rendimentos passam a ser tributados, e LCIs e LCAs. Como, em grande medida, os FIIs representam investimentos diretos e também são fonte importante de financiamento para a indústria, de forma semelhante às letras de crédito, não parece razoável tributá-los, deixando os demais instrumentos isentos. Essa é uma surpresa negativa relevante da proposta (a notícia boa é que a indústria já se mobiliza fortemente e há chances efetivas de que isso acabe caindo).

Existem também pontos positivos da reforma. A tributação em Bolsa passa de mensal para trimestral, com alíquota geral de 15%; a taxação de fundos fechados é uma medida justa, já bastante aguardada e que caminha na direção da unificação da tributação dos instrumentos financeiros; o valor de bens imóveis poderia ser atualizado, sendo devida a alíquota de 5%, o que pode significar antecipação de receita tributária para o governo e maior facilidade para alienação imobiliária pelas pessoas físicas; e, claro, a atualização da faixa isenta, que representa um impulso na veia da renda líquida de famílias de renda mais baixa.

Em termos de impacto no preço dos ativos, o pensamento de primeiro nível sugeriria uma migração de casos de value, tipicamente associados a mais pagamento de dividendos, para casos de growth e para outros instrumentos pagadores de renda, como as NTN-Fs e as Bs com cupom; além da perspectiva de pior performance relativa de nomes que usualmente pagam bastante juros sobre capital próprio, como Ambev (SA:ABEV3) e Vivo (SA:VIVT3). 

Contudo, eu tomaria um pouco de cuidado com essa leitura. As pessoas (e as empresas) reagem a incentivos. Não me surpreenderia se as companhias com reserva de lucro acelerassem dramaticamente suas distribuições de proventos, alavancassem seus balanços e passassem a fazer muito mais recompra de ações posteriormente. O sujeito “shorteia” uma boa pagadora de dividendo e acorda com a notícia de um dividendo extraordinário de dois dígitos.

Chamaria a atenção para os fundos imobiliários. Aqui pode já haver uma oportunidade de compra interessante. Não douremos a pílula. Não é um “screaming buy” clássico, porque envolve risco. A notícia de tributação, tal como colocada, é ruim e poderia trazer uma correção de valores justos entre 5% e 10%. Alguns já caíram 3-4% na sexta-feira. Como é um mercado de pessoa física e sem muita liquidez, os movimentos não são tão instantâneos e seria razoável esperar queda adicional de 2-3% hoje. 

Entretanto, há ponderações importantes. O mercado já vinha fraco nas últimas semanas, tornando alguns FIIs bem atraentes. Com a queda de sexta, alguns bons fundos de tijolos já oferecem yield entre 7% e 8%, o que era impensável há pouco tempo — não à toa, alguns FIIs já diminuíram suas quedas perto do final do pregão de sexta, com investidores institucionais (aqueles com caixa) aproveitando a queda para reforçar posição. 

Existem boas chances de que essa tributação dos rendimentos dos FIIs não seja aprovada. Essa é uma indústria ainda incipiente no Brasil, cuja tributação deveria, por isonomia, ser semelhante àquela de LCIs e LCAs, pois representa investimento direto, e representa uma classe importante de ativos na B3 (SA:B3SA3), com cerca de 1,5 milhão de investidores. A indústria já está fortemente mobilizada e, mais do que isso, como envolve riscos de mudança para os FIIs agro, a medida pode atrair a atenção da bancada ruralista, tradicionalmente bastante vocal e organizada.

Em termos da matriz de payoff, ponderando riscos e retorno potencial, já parece fazer sentido adicionar alguns FIIs na carteira, em especial se considerarmos a chance de não aprovação desse tópico.

A capacidade de separar ruído de sinal será sempre o principal ativo do bom investidor.

Últimos comentários

O aumento de tributação na renda pode gerar um desencorajamento nos investimentos. E mais: pode gerar, inclusive, algumas fugas de capital, se não tiver uma substancial diminuição da tributação no âmbito da pessoa jurídica. Quando o investidor percebe um aumento na tributação e que vai diminuir o retorno, pode optar por investir em outro país. Então, pode ter um efeito perverso nesse sentido.
E o fim esta proximo
O que mais esperava nessa reforma tributaria era a unificacao dos impostos Federais, Estaduais e Municipais para desburocratizar o sistema e diminuir a tributacao das empresas com o objetivo de gerar mais empregos para a populacao, junto com isso uma reforma administrativa cortando drasticamente os gastos publicos, assim o Pais nao precisaria aumentar ainda mais a divida publica que pesa mto no bolso do contribuinte.
Acho que seria mais importante no momento a unificacao dos impostos federais, estaduais e municipais, simplificando e diminuindo a carga tributaria para as empresas com o objetivo de gerar mais empregos, junto com uma redorma administrativa para reduzir drasticamente os gastos publicos era muito mais esperado nesse momento
Acho que os Fiis entraram como boi de piranha. O governo já pede sabendo que não vai levar, assim parece que houve concessões mútuas. Um ponto pouco falado: o governo prestigiou tudo que lhe gera crédito/financiamento. A CEF precisando securitizar operações. Ao salvar LCI/LCA, CRI/CRA e tesouro o governo tornou mais atrativo emprestar-lhe dinheiro.
Cadê Elrobas cadê Petróleo cadê Aeroporto
O bolso de equipe do governo e muitos cheio tra vendita do Brasile e vacina
Ótima análise do Felipe e com a maestria de sempre. Esta reforma é para tapar os buracos do governo e rasgar o bolso da classe média que sempre sustentou este país. Lamentável, acreditar que o Brasil irá mudar, mais impostos e menos trabalho? Precisamos de Gestores e não de políticos!
Ótima análise do Felipe e com a maestria de sempre. Esta reforma é para tapar os buracos do governo e rasgar o bolso da classe média que sempre sustentou este país. Lamentável, acreditar que o Brasil irá mudar, mais impostos e menos trabalho? Precisamos de Gestores e não de políticos!
Excelente análise, temos que ter calma nessa hora e para quem quiser arriscar talvez existam oportunidades....
Ninguém fala do fim a utilização da declaração simplificada (que dá 20% de desconto dos impostos pagos), que agora só existirá para quem ganha até 40mil ao ano.....mais imposto para classe média
essa alteração, se aprovada, será muito ruim para a maioria dos contribuintes.
Pelo que percebi eles estão redefinindo o conceito de reforma...como sempre o estado não faz o necessário para cumprir o que o país está necessitando.
Felipe, aguarde os jabutis e desidratados. Aí comenta de novo...
As propostas são sempre feitas com gordura pra queimar.
Se o governo eliminasse os gastos absurdos com viagens inúteis, mordomias e verbas de gabinetes que nada somam, poderia cobrar menos impostos daqueles que movimentam a economia.
 hahahahahahaha
Sim. Claro que sim. Só não diminuíram os gastos com a campanha antecipada e os voos de helicóptero pra observar o gado nas cidades do interior.
Pediu isso nos 13 anos de governo petista? ou só agora nesses 2 anos e meio??
Brasília é gulosa!  Sempre foi e sempre será... pagaremos mais impostos no fim do dia. E de novo, este Governo NÃO É LIBERAL. Ele é nacionalista, Conservador Populista e gosta de um  estado gordo. Não da para ser Liberal e Conservador ao mesmo tempo. Aprendam isso!
e eu que achei que isso não seria possível. Me enganei redondamente.
não adianta falar com essa gente, pra eles Argentina e Venezuela são bons exemplos a seguir
 MIMIMIMIM
AmBev subindo...
Bom artigo!
Negativos: Tributar dividendossobre investimentos que podem gerar empregos (açoes e FII). Aumento da carga tributária das empresas, que hoje já pagam quase 40%; Fim do regime simplificado para quem ganha acima de 40k ao ano; Desequilibrio entre os investimentos de LCI, LCA, CRI e CRA, que são alimentados pelos amigos banqueiros e tratamento distinto para o FII, que tem o mesmo fim, mas é financiado pelo varejo. Sem contar a reofrma adm que nao saium
Tributacão de dividendos para quem recebe mais de $250k ano me parece justo, diminuir IR das empresas também.
Fake, vai ler a reforma e para de espalhar mentira!!!!! a isenção não vale para FII e Açoes, que geram empregos.
E aquela unificação de impostos pra desonerar e desburocratizar o pagamento de impostos em geral? Foi p saco c a pandemia...
A reforma com a unificação estava pronta, Dep. Aguinaldo Ribeiro, mas para atender aos interesses politiqueiros, resolveram fatiar e esta saindo esta colcha de retalhos com aumento e criação de novos impostos.
, exatamente.
Miranda, acho que ficou bem claro a posição do governo em relação a indústria. Sem mais...
Positivo diminuir o imposto pra quem produz e taxar os que especulam na bovespa com carteiras de 30 dias. Temos que ser imparciais e analisar friamente, porém há bi tributação, já que é pago CSLL antes de distribuir dividendos.
Se isso viesse de um PSDB, PT da vida diria que foi ate razoável, ok. Mas vir de um suposto governo liberal nato, que veio com a missão de diminuir o estado pelo menos um pouco, é um tapa na cara e mostra como o eixo politico no Brasil ainda é distorcido ao estatismo.
concordo e daqui para frente até a reeleição se tornara ainda mais populista, é só ver as propostas que serão votadas nos próximos dias …
 , concordo, mas é esse liberal que tem pra hoje, a outra opção não é uma opção, o PT defende Estado Grande e acha que o nosso é pequeno, ao menos esse privatizou Elet3, baixou os juros, não gastou mais que arrecadou, e criou 2 milhões de mepregos. Infeliizmente a segunda força em nosso país são os socialistas, que acham que a Argentina está num bom caminho.
 Meu amigo, você precisa ampliar sua visão politica.... num país desigual como nosso, nada é pior que o conservadorismo. Lembre-se sempre: Quem ganhou poder não quer ver o mundo mudar. Pare um pouco com a Jovem Pan, vai olhar o Brasil. Converse com o máximo de pessoas que puder nessa sua jornada. Nosso país é muito carente. E esse blablabla de Lula e Bolsonaro nos atrasa para as discussões mais importantes, aquilo que realmente faz a diferença na vida de quem mais precisa. Precisamos de um governo Liberal com Consciência Social. É o que as grandes Start Ups no mundo chamam de  Capitalismo Consciente.... O Vale do Silício é um exemplo nobre deste tema.
Taxação de dividendos, governo pede 20% para levar 15%.
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