Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com. Publicado originalmente em inglês em 26/07/2021
Na semana passada, diversos expoentes do mercado participaram da conferência virtual B-Word, evento realizado pelo Crypto Council for Innovation, cujo objetivo é “desmistificar e desestigmatizar narrativas comuns sobre o bitcoin”, além de “explicar como as instituições podem adotá-lo”. Entre as celebridades participantes estiveram Cathy Wood, fundadora da ARK Invest; Jack Dorsey, cofundador do Twitter (NYSE:TWTR) (SA:TWTR34) e Square (NYSE:SQ); além de Elon Musk, fundador da Tesla (NASDAQ:TSLA) (SA:TSLA34).
Wood, que é CEO e diretora-geral de informação da empresa de investimento, usou a plataforma para continuar expressando sua expectativa de alta para o bitcoin e outras criptomoedas. Musk, “tecno-rei” da Tesla, admitiu que impulsionou as criptos, mas negou tê-las derrubado. Já Jack Dorsey, que é CEO do Twitter e da empresa de pagamentos Square, disse que as criptos são moeda da internet.
Musk e Dorsey são os representantes maiores de forças tecnológicas disruptivas. Do outro lado do espectro, governos ao redor do mundo dependem do status quo para exercer poder. O controle da oferta monetária é crucial para manter o poder.
Se Dorsey estiver correto, as criptomoedas representam uma grande ameaça ao controle governamental. A capacidade de expandir e contrair a oferta de dinheiro é fundamental para a execução de políticas fiscais e monetárias. As criptomoedas são uma força libertária que representa uma ameaça direta.
As criptos, moedas estáveis (stablecoins) e a futura leva de moedas digitais emitidas por governos compreendem a classe de ativos. Minha expectativa é que haja uma divisão entre esses três segmentos, além do aumento da regulação da classe.
Após os ralis parabólicos que tiveram fim em abril e maio, o bitcoin e o ethereum, líderes de mercado, estão muito mais perto das mínimas do que das máximas. Líderes governamentais sinalizam que podem estar prontos para ir para cima das criptomoedas para evitar que registrem novas máximas.
Bitcoin, ethereum: criptomoedas líderes caem desde abril e maio
A máxima do bitcoin foi tocada em 14 de abril, dia em que a Coinbase Global (NASDAQ:COIN) abril seu capital na Nasdaq.
Fonte: CQG
O gráfico semanal do bitcoin futuro destaca o declínio do recorde de US$65.520 em 14 de abril até a mínima de US$28.800 no fim de junho.
A US$32.480 no fim da semana passada, o bitcoin ainda estava perto das mínimas e a menos da metade do preço da máxima, embora no momento em que escrevo esteja sendo negociado ao nível de US$38.000. O ethereum, vice-líder entre as criptos, aguardou até maio para atingir o pico.
Fonte: CQG
O ethereum atingiu a máxima de US$4.406,50 em 12 de maio e caiu até a mínima de US$1.697,75 no fim de junho. A US$2040 em 23 de julho, o ethereum estava mais perto da mínima do que da máxima. No momento em que escrevo, também estava mais alto, a US$2333.
Os movimentos parabólicos de alta, depois de caírem como uma faca, tanto o bitcoin quanto o ethereum vêm digerindo a correção, consolidando-se não tão distantes das mínimas recentes.
Stablecoins também são criptos, mas há uma diferença
O bitcoin e o ethereum são criptomoedas puras, que refletem a filosofia libertária, rejeitando o controle governamental da oferta monetária.
Uma stablecoin é uma moeda baseada em blockchain, cujo preço reflete o nível de outra criptomoeda, moeda fiduciária ou commodity comercializada em bolsa. As quatro principais stablecoins flutuando no ciberespaço são Tether , USD Coin , Binance USD e Multi-Collateral Dai.
Fonte, todas as imagens: Investing.com
Desde a semana passada, o tether era negociado a US$0.9994, ocupando a terceira posição do mercado, atrás do ethereum, com uma capitalização de mercado de US$61,76 bilhões. Desde o fim da semana passada, o USDT continua em terceiro lugar, a US$1,0006, com capitalização de mercado de US$61,83B.
Durante o mesmo período, o USD Coin ficou a US$0,9989 e era a sétima criptomoeda líder, com um valor de mercado de US$27025 bi. No momento desta publicação, o ativo ocupava o oitavo lugar, a US$0,09995, com capitalização de US$27,13B.
A US$0,9989, o valor de mercado do Binance USD era de US$11,775 bilhões, ocupando a décima posição na hierarquia das criptomoedas. No momento da publicação, continua na mesma posição, negociado a US$0,9996, com capitalização de mercado de US$11,85B.
E, finalmente, desde a semana passada, o DAI estava a US$1, com valor de mercado de US$5.42, ocupando a vigésima segunda posição entre 11000 moedas digitais. No momento da publicação, continuava na mesma posição, com uma capitalização de US$5,56B.
Yellen e companhia estão de olho nas stablecoins
Janet Yellen, secretária do Tesouro americano, vem trabalhando com órgãos reguladores para discutir as stablecoins, que estão sob o escrutínio de parlamentares. A secretária disse:
“À luz do rápido crescimento dos ativos digitais, é importante para as agências colaborarem com a regulação desse setor e o desenvolvimento de quaisquer recomendações para novas autoridades”.
A secretária observou os possíveis benefícios das moedas estáveis, alertando, ao mesmo tempo, os órgãos reguladores precisavam de um marco legal para “mitigar riscos aos usuários, mercados e sistema financeiro”.
Com uma capitalização de mercado total de US$1,395 trilhão no fim da semana passada, as criptomoedas não representam qualquer risco sistêmico ao mercado financeiro. Somente a Apple (NASDAQ:AAPL) (SA:AAPL34) tinha um valor de mercado de US$2,479 trilhões em 23 de julho. Na máxima mais recente o valor de mercado das criptomoedas era de mais de US$2,4 trilhões. A secretária do tesouro e diversos legisladores acham que este é o momento perfeito para criar um marco regulatório, antes que o criptomercado alcance um nível em que precisem sair à cata de animal especulativo.
A senadora progressista Elizabeth Warren, que já teve instituições e mercados financeiros como foco de atenção, enviou uma carta a Gary Gensler, presidente da SEC, comissão de valores mobiliários dos EUA, pedindo-lhe para discorrer sobre os riscos do mercado de criptomoedas para os consumidores e mercado financeiros. Gensler tem histórico no setor de tecnologia financeira, pois já ocupou a presidência da CFTC quando o contrato futuro de bitcoin foi criado. Ele também lecionou sobre tecnologia financeira no MIT durante seu hiato no serviço público.
Regulação no horizonte
O presidente do Fed, Jerome Powell, tem dito aos mercados que o banco central americano está avaliando a possibilidade de emitir um dólar digital. Na coletiva de imprensa após a reunião do Fomc, em junho, ele disse a repórteres que o banco central precisa “acertar” no que se refere ao dólar digital.
Na semana passada, Powell mencionou que um dos argumentos mais fortes em favor de uma moeda digital é a redução da necessidade de stablecoins ou criptomoedas.
Está claro que a regulação está no horizonte dos EUA e Europa. Dado que o governo Biden adota uma abordagem mais global, um marco regulatório coordenado é a rota mais provável.
A China recentemente foi para cima da mineração e negociação de criptomoedas, enquanto se prepara para lançar seu iuane digital. EUA e Europa trilharão a rota regulatória mais longa, enquanto a China faz a regulação com um porrete nas mãos.
Real motivo das preocupações dos governos: cedo ou tarde haverá bifurcação
Minha expectativa é que haja uma bifurcação no mercado com dois níveis de regulação. Moedas digitais emitidas por governos e algumas stablecoins serão objetivo de regras regulatórias diferentes das adotadas para as criptomoedas.
Tudo indica que os EUA estejam falando sério no momento em que o bitcoin, ethereum e diversas outras criptos registram declínios consideráveis. Os aficionados do mercado podem achar que se trata de um golpe baixo, mas as iniciativas governamentais já eram esperadas há muito tempo.