Rumo à disputa em torno da PTax, dólar inicia recuperação do preço!

Publicado 27.02.2014, 08:28

Não há fundamentos críveis para sustentar a tendência de apreciação do real vista nos últimos pregões.

Atribuir-se a reflexos imediatos de eventual reversão de expectativas decorrente do programa ajustado pelo governo focando o superávit primário de 1,9% e outros quesitos parece ainda algo mais infundado, pois o efeito ação-reação no caso brasileiro não sugere este imediatismo por parte dos investidores estrangeiros, por ter o governo brasileiro baixa performance no cumprimento de suas metas com efetividade, o que sugere comedimento e observação.

Como temos pontificado, não vemos como o Brasil passar incólume neste processo de retração de liquidez internacional consequente do “tapering” iniciado pelo FED no seu programa “QE3” e também pelo remanejamento de investimentos diretos e voláteis estrangeiros para outros mercados emergentes com melhores oportunidades, e, naturalmente, para os Estados Unidos.

E ainda haverá um 3º ciclo da transição da crise iniciada em 2007/2008 representada pela elevação do juro no mercado americano, que poderá ser antecipado pelos T-Bills, que será outro momento de pressão sobre a formação do preço da moeda nacional ante o dólar, visto que deverá motivar o deslocamento de recursos em poder dos emergentes para o mercado americano.

Parece um equívoco analisar dados esporádicos díspares gerados num cenário americano seriamente afetado por problemas climáticos altamente severos, considerando-os como sinais de retrocesso à recuperação que está em desenvolvimento. A economia americana é muito forte e seu processo de recuperação será autossustentado pelo aumento do consumo com o país em ambiente de normalidade, consequente da geração do emprego e da renda.

Há, portanto, fases presumíveis de refluxo de capitais estrangeiros aqui locados e isto deverá repercutir na formação do preço da moeda americana no nosso mercado de câmbio.

Já há menção do fato que havíamos preconizado por ocasião da revisão procedida pelo BC na estratégia de intervenção no mercado de câmbio ao final do ano passado. Gradualmente haveria queda de demanda por “hedge”, portanto tirando pressão sobre a necessidade de oferta maior por parte da autoridade monetária de “swaps cambiais”, enquanto por outro lado se acentuaria a demanda por dólares à vista para fazer face ao aumento de saídas.

A mídia destacou que os estrangeiros detém fatia recorde da divida publica em janeiro consequente de entrada liquida de US$ 2,63 Bi para o mercado de renda fixa no final daquele mês, elevando-a a 17,2% equivalente a R$ 335,37 Bi ou 17,2%. Porém, é importante destacar que naquele mês o Tesouro efetuou o resgate de R$ 100,0 M, o que reduziu o total da divida publica e repercutiu na relatividade de cada montante com o seu novo total.

O Tesouro Nacional parece disposto a testar o sentimento do mercado internacional em relação ao Brasil após o novo objetivo de ajuste fiscal, e assim sendo avalia a colocação de bônus denominados em euros para oferta no mercado europeu. Os encontros acontecerão na Alemanha, Reino Unido, Holanda e França e serão organizados pelos bancos Santander, JPMorgan e Banco do Brasil.

Há uma sensação de imediatismo por parte do TN num momento em que seria recomendável dar mais um tempo, mas parece, no nosso entender, uma necessidade de ter uma emissão de sucesso para “responder” aos críticos e as criticas recentes que definiram o país como vulnerável e frágil. Depois de obter um carimbo pesado de desgaste do FED americano, provavelmente o TN almeje recuperar a imagem brasileira com uma emissão de sucesso para provar que o mercado internacional não considera o Brasil nem vulnerável e nem frágil. Corre o risco de pagar mais alto pela ousadia!

A reação eufórica ao expressivo montante de receita do governo federal de R$ 123,7 Bi em janeiro divulgado na segunda-feira, ontem já foi analisada como abaixo da meta oficial. O montante é recorde histórico, mas a taxa de crescimento (0,91% real) está sendo considerada fraca diante das expectativas da área econômica, que depende de mais receitas para contrabalançar a escalada de despesas neste ano eleitoral.

Além disto, permanecem as dúvidas acerca da questão energética e seus custos adicionais se confirmados, e, também, a questão da meta de crescimento do PIB revelar substancial assimetria em relação às projeções do mercado financeiro em quase 1/3 o que se revela uma ameaça de desequilíbrio das receitas tributárias projetadas pelo governo para fazer face ao superávit primário objetivado.

O fluxo cambial fechado no dia 21 passado, presumivelmente envolvendo operações fechadas até o dia 19 e liquidadas em D+2, ainda não captou dados relativos ao momento após anúncio do ajuste fiscal e cortes orçamentários. Registrou até agora fluxo cambial positivo liquido de US$ 94,0 M, sendo negativo no comercial em US$ 1,934 Bi com incremento de US$ 528,0 M na semana de 17 a 21 e positivo no financeiro em US$ 2,027 Bi com incremento de US$ 304,0 M na semana passada. Há uma fragilização nos ingressos de Pagamentos Antecipados de Exportações este mês em relação ao mês passado, normalmente recursos ingressados pelas multís ligadas ao segmento de grãos.

Na semana de 17 a 21 o fluxo líquido foi negativo em US$ 224,0 M.

Na semana próxima que envolverá o fechamento do mês haverá oportunidade de verificar-se a efetividade da melhora de fluxos financeiros para o Brasil, mas espera-se também queda no desempenho das exportações brasileiras, em especial para seus parceiros do Mercosul afetados por graves crises econômicas.

Neste momento acreditamos que ocorrerá a inflexão da taxa cambial que passará a revelar apreciação do dólar frente ao real, como já salientamos ontem, primeiro por estar fora do ponto, segundo pela proximidade da formação da taxa PTax de virada do mês que se prestará a ajustar os valores em reais das posições futuras e liquidações e determinará perdas e ganhos, e terceiro como tendência forjada nas perspectivas para o Brasil no setor externo, que na realidade ainda não sofreram alteração.

A alta da SELIC em 0,25% já está precificada e era consenso do mercado, a ponto de não merecer maiores considerações na nota pós reunião por parte do COPOM, mas o pronunciamento de Janet Yellen, Presidente do FED, pode causar ruídos, assim como a divulgação do PIB brasileiro.

No nosso entender a racionalidade sugere que nesta fase seja mitigada/atenuada a visão negativa a respeito do Brasil que era crescente, mas sem recompor de imediato a credibilidade internacional severamente atingida e que sensibilizou desfavoravelmente a visão dos investidores estrangeiros a respeito do país, para gradualmente, à medida que seja cumprida pelo governo “a lição de casa” ou não, ocorram as reações positivas ou outra vez negativas.

O risco presente é o mercado repor a credibilidade sem que o governo entregue o compromisso, e isto deve ocorrer com gradualismo.

O desafio é grandioso para o governo brasileiro, ainda mais por se tratar de ano eleitoral que sugere pressões intensas para a exacerbação dos gastos.

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