O pronunciamento mais ameno de Barack Obama com relação à Síria, e um acordo entre os Estados Unidos e Rússia que buscará um caminho para remover as armas químicas do país que está em confronto interno há dois anos, ajudaram as bolsas de ações a subir na semana.
Os principais índices de commodities cederam com a diminuição do prêmio de risco que as matérias-primas do setor de energia e os metais preciosos precificavam quanto a um eventual ataque americano.
O café em Nova Iorque teve um rally de US$ 4.15 centavos na quarta-feira e conseguiu sustentar o ganho até o final da semana. Londres não acompanhou o movimento perdendo US$ 1.02 por saca, e com isso a arbitragem alargou para US$ 40 centavos por libra.
Em Belo Horizonte aconteceu o conselho da OIC, celebrando 50 anos da entidade, e os delegados apoiaram planos que visem melhoria do preço do café, assim como foi debatido medidas que ajudem a obtenção de financiamentos de órgãos multilaterais para beneficiarem os produtores. Os participantes também concluíram que a demanda mundial deve crescer em 2% ao ano, e o órgão reiterou seu compromisso em disponibilizar dados estatísticos, importantes para a formação de opinião e tomada de decisões da produção.
A semana foi rica em notícias vindas do Brasil, como a exportação de agosto que atingiu 2.56 milhões de sacas, movimentação do físico mais franca com a melhora do terminal, e principalmente com o primeiro leilão de opções. De 1 milhão de sacas que estavam disponíveis no leilão, um total de 856.5 mil opções de vendas foram adquiridas por produtores e cooperativas pelo prêmio mínimo, R$ 1,7150 por saca, com preço de exercício de R$ 343.00 a saca para entrega entre 1º e 15 de Abril de 2014. O detentor da opção pode exercer o direito de vender seu café entre os dias 17 e 27 de março de 2014, e receberá o pagamento do café mais despesas entre os dias 16 e 30 de abril de 2014.
A negociação não foi de 100% das opções oferecidas em função de demanda menor nos estados da Bahia, Paraná e Espírito Santo. São Paulo e Minas Gerais absorveram tudo o que havia disponível, e imagino que depois dos próximos dois leilões, que acontecerão nos dias 20 e 27 de setembro, talvez o que não tenha sido negociado venha à mesa em um quarto leilão.
O mercado aqui fora não reagiu ao leilão, e sim a alguns rumores de seca no Brasil (preocupação prematura por sinal). A leitura sobre o leilão é de que embora crie um piso para 3 milhões de sacas, que hoje representa alguma coisa ao redor de US$ 98 centavos por libra, não diminui a urgência da necessidade de fazer caixa para os produtores. Logo pode existir pressão de venda nas subidas da bolsa. Além disso, quando acontecer o exercício das opções o mercado já estará de olho na safra brasileira, que tudo dando certo muitos crêem poder chegar a 60 milhões de sacas.
Os diferenciais do arábica voltaram a enfraquecer, não muito, mas ainda sim nada animador para os altistas. Cafés da Colômbia têm atraído demanda, inclusive, segundo um dealer, de compradores que não estavam mais olhando para esta origem. Ao mesmo tempo em que os diferenciais dos suaves negociam em níveis históricos, os cafés finíssimos brasileiros encarecem em função de uma safra que tem menor volume de qualidade, e que eventualmente uma parte pode ser entregue ao governo – o que não ajuda o país ganhar market-share, embora todos precisem comprar Brasil.
Vale a nota de que da mesma forma que o robusta abocanhou uma fatia de mercado, cafés mais fracos também podem fazer o mesmo antes de alguém decidir pagar diferenciais mais caros.
Outra notícia interessante, que ratifica a crença dos baixistas, foi dos representantes de México, Colômbia e Guatemala que disseram que a produção de seus países foi pouco afetada por ferrugem ou fungos.
Imagino que o intervalo de negociação do arábica continuará intacto, com algum fôlego de puxar com cobertura de vendidos, que é o que eu acredito que tenha acontecido nesta semana, e talvez uma firmeza maior do real, o que eu não acho que venha ser duradoura. O robusta também não deve movimentar tanto, ainda que eu continue negativo para o contrato da LIFFE.
Fora isto, todos estarão de olho na reunião do FED que deve confirmar uma diminuição na compra de títulos, o tal do “tapering” que já está precificado nos mercados de renda fixa e variável.