As nossas estimativas projetam uma redução para a safra brasileira de soja 24/25 em relação à estimativa anterior (fevereiro), com uma produção agora projetada em 170,1 milhões de toneladas (171,5 na projeção de fevereiro). Mesmo com a redução, o patamar atual ainda indica uma produção brasileira recorde na temporada 2024/25, além de uma recuperação importante em relação às perdas produtivas registradas na safra 2023/24, quando a produção ficou em torno de 153 milhões de toneladas.
O ajuste negativo derivou da diminuição do potencial produtivo das lavouras do Rio Grande do Sul, Estado que voltou a sofrer com a baixa umidade e temperaturas elevadas nos últimos dias de fevereiro, e nos primeiros dias de março.
Tal fato impactou ainda mais as lavouras que já sofriam com déficit hídrico desde o final de dezembro, ampliando as perdas produtivas nas lavouras semeadas de forma mais precoce e localizadas, principalmente, no Noroeste gaúcho. Apesar das perdas produtivas, temos que destacar, também, que há lavouras em condições boas em algumas regiões do Estado, indicando que, principalmente a má distribuição de chuvas, foi determinante para uma produção estadual menor nesta temporada.
O corte de produção no Rio Grande do Sul nesta última estimativa, contrasta com o aumento nos potenciais produtivos de importantes estados cultivadores da faixa central do país, com destaque para os estados do Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais.
No Mato Grosso, o avanço da colheita tem revelado a maior produtividade média da história do Estado, o que somado ao aumento da área, resulta em uma produção recorde do maior estado produtor do país, com uma safra superior a 49 milhões de toneladas.
Da mesma forma, produtividades elevadas e possivelmente recordes também estão levando a produções históricas nos estados de Minas Gerais e Goiás. Diante disso, podemos dizer que as grandes produções dos estados da faixa central do país trazem alguma compensação para as perdas do Rio Grande do Sul em nível nacional, garantindo um cultivo brasileiro recorde.
Em relação à colheita dessa “supersafra”, os trabalhos continuaram avançando em um bom ritmo nas últimas semanas, garantindo uma forte recuperação dos atrasos acumulados nas primeiras semanas do ano. Até o dia 14 de março, aproximadamente 70% da área brasileira de soja estava colhida, o que indica um ritmo superior à média das últimas cinco safras, que fica em torno de 64%, e superior ao mesmo período da temporada passada (60%).
Diante desse cenário, a combinação de um desenvolvimento vegetativo abaixo da média no Rio Grande do Sul e a evolução das lavouras em diferentes estágios pelo país reforça a necessidade de acompanhamento contínuo das condições produtivas.
As previsões climáticas indicam um período de maior umidade em algumas regiões, o que pode impactar a colheita, enquanto no Sul, a expectativa é de um alívio nas perdas. Seguimos monitorando os desdobramentos para entender os impactos na oferta nacional de soja.