Mais uma vez a semana começou otimista com o julho-25 subindo +1.400 pontos nos 2 primeiros pregões da semana chegando a negociar @ 379,25 centavos de dólar por libra-peso (fechamento anterior / máxima / mínima / fechamento atual respectivamente @ 363,65 / 379,25 / 355,25 / 361,00 centavos de dólar por libra-peso). Nesse nível estava a média-móvel dos 50 dias e uma importante resistência, que, se rompida, poderia levar o mercado novamente a buscar os 400 e até mesmo os 407 centavos de dólar por libra-peso no curto prazo.
Então saíram os números do USDA... Para o Vietnam a produção saiu de 28 para 31 milhões de sacas; para a Colômbia houve uma redução de 15,00 para 12,50 milhões de sacas; e para o Brasil uma estimativa em 65 milhões de sacas. Mesmo com esses ajustes o cenário global ainda projeta uma “produção global x consumo global” em déficit ao redor dos -6 milhões de sacas. Se formos continuar utilizando a produção do Brasil com base na estimativa da Conab* então o déficit aumenta para -16 milhões de sacas.
Outra notícia baixista veio da Abic indicando que o consumo de café no Brasil caiu 5,13% no primeiro quadrimestre de 2.025. Apenas no mês de abril-25 a queda chegou a 15,96% em comparação ao mês de abril-24. Ora, essa queda já era esperada pois os preços no mercado interno chegaram a dobrar nos últimos meses e o poder de compra do brasileiro segue sendo corroído pela inflação generalizada no país. Mesmo assim essa queda representa apenas -250 mil sacas no consumo interno no período em questão. Segundo a reportagem da Datafolha, “O ano começou animador para o setor, que viu o consumo subir, ainda que em escala modesta. Janeiro e fevereiro registraram crescimento de 1,26% e 0,89%, respectivamente. Em março, a tendência se inverteu e houve uma queda de 4,87%. Em abril, esse movimento se acelerou, e o consumo despencou 15,96%”.
Por outro lado, a notícia publicada parece ter mais um interesse com viés político/setorial do que realmente “assustar” o mercado. Segundo a matéria “No entanto, a realidade entre parte dos industriais é financeiramente delicada. Isto porque o café verde acumulou altas históricas ao longo dos últimos dois anos, mas as empresas não conseguiram repassar essas altas para o consumidor final no mesmo ritmo.
Por isso, as fabricantes pediram socorro ao Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira), como afirmou à Folha o presidente da Abic no mês passado.
Na ocasião, Pavel Cardoso disse que a entidade se mobilizava junto ao Conselho Deliberativo da Política do Café para aumentar o capital de giro destinado à indústria, a fim de dar um fôlego às empresas e capitalizar o setor industrial”.
Ou seja, novamente o empresário ineficiente buscando “ajuda” do governo e culpando a alta nos preços - e não a sua falta de gestão de risco no seu negócio (como vimos no passado recente com algumas empresas “grandes” também pedindo recuperação judicial e dando calotes milionários no mercado). Da mesma forma que o produtor está aprendendo a realizar operações de hedge o mesmo deveria ocorrer na indústria. As ferramentas de hedge mitigam os riscos de mercado tanto para o produtor quanto para a indústria.
Alguém precisa avisar aos “fabricantes” que durante os últimos 2 meses os preços do café tipo robusta já recuaram 600 R$/saca (uma redução ao redor dos -32%) e o café arábica (após negociar nos 3.000 R$/saca) já recuou -17% e está negociando entre R$ 1.750 - 1.850/saca (café tipo "rio") e entre R$ 2.400 - 2.600/saca (café tipo 6 e cereja descascado)...
Essa queda nos preços da matéria prima já está sendo repassada para o consumidor? Ou agora irão justificar que “precisamos recompor as perdas durante o período X”...
O mercado, de uma hora para outra, virou “baixista” já contando com a próxima safra brasileira 26/27 acima dos 80 milhões de sacas. Alguns já estão prevendo uma “florada espetacular” nos próximos meses (ago-set para o robusta e set-out para o arábica). Mas parecem esquecer que a colheita da próxima safra 26/27 só começará em abril-maio de 2026. Daqui até lá o mundo segue consumindo café com a demanda ainda firmes na Ásia e estável (por enquanto) na Europa e Estados Unidos.
Se o USDA estiver correto e se o consumo brasileiro reduzir para 21,50 milhões de sacas, então o Brasil poderá exportar aproximadamente 43,50 milhões de sacas no próximo período julho-25/junho-26 – uma queda ao redor de -2,00 milhões de sacas com base no volume projetado para o período atual (provavelmente o Brasil encerrará o período julho-24/junho-25 exportando bem próximo dos 45,50 milhões de sacas).
Agora, se a produção vier no “meio do caminho” entre Conab* e USDA em 60 milhões de sacas, então o Brasil terá apenas 38,50 milhões de sacas para abastecer o mercado externo – uma redução em -15,38% ou -7 milhões de sacas a menos na oferta.
Creio que ainda teremos 2 eventos importantes para monitorar nas próximas semanas e que, com certeza, irão “fazer preço”: a) a chegada do inverno no hemisfério sul junto com as frentes frias e os riscos com geadas, e b) a antecipação nas compras do lado das tradings para acelerar os embarques durante o período out-novembro-25 para a Europa. Lembrando que a partir de janeiro-26 as novas regras impostas pela Europa contra o “desmatamento” deverão entrar em vigor. E novamente o Brasil e suas lideranças junto com outros países se curvando ao “imperialismo europeu”... Vamos deixar de exportar para a Europa por 2-3 meses e ver onde eles irão conseguir encontrar alimento suficiente para suprir suas necessidades...
A colheita segue firme e forte no café robusta. Por enquanto o rendimento e qualidade do produto estão excelentes. O produtor segue vendendo seu produto com um desconto para o “café rio” ao redor dos -400 R$/saca... A indústria agradece... Mas, como dito acima, continuam “pedindo socorro” ao governo...
No curto prazo o julho-25 rompeu e encerrou abaixo da importante média-móvel dos 100 dias @ 365 centavos de dólar por libra-peso. Essa agora resistência precisa ser superada o mais rápido possível. Caso contrário os próximos suportes serão testados nos 355 / 345 e 324 centavos de dólar por libra-peso. Se o mercado perder os 324 centavos de dólar por libra-peso (média-móvel dos 200 dias) os próximos objetivos estão @ 300 e 240 centavos de dólar por libra-peso...
Possível? No curto prazo creio que não. Provável? Se o inverno for tranquilo (sem geadas) e as floradas forem mesmo “espetaculares” então para os próximos vencimentos Maio-26 em diante sim... Creio que 240 centavos de dólar por libra-peso será o próximo nível do mercado indicando um preço para o café arábica tipo 6 no Brasil ao redor dos 1.500 R$/saca.
No curto prazo a queda nos preços – tanto em NY / Londres quanto no mercado interno – será exclusivamente de responsabilidade do produtor. Se o “efeito manada” ocorrer então em breve estaremos vendo o café tipo robusta negociando abaixo dos R$ 1.000/saca e o café arábica bem próximo dos R$ 1.500/saca (café tipo “rio” já voltou a negociar abaixo dos R$ 2.000/saca @ 1.800/1.850 R$/saca).
O mercado segue avido pelo produto “café”...
Produtor: como sempre, PROTEJA-SE!
Boa semana a todos!