Algumas pessoas estão me perguntando sobre a Sanepar (SA:SAPR4), que aprovou a criação das UNITS. Visto, isto, vou colocar aqui algumas ponderações.
Para quem não sabe, units é um ativo que combinam ações preferenciais PN com ordinárias ON, sendo negociadas da mesma forma que ações comuns (código seria SAPR11, por exemplo).
A empresa propôs a criação de units porque as ações ON tem baixa liquidez e o governo do Paraná quer vender parte da sua posição (tem 90% e por lei pode reduzir para 60% sua participação mínima). A criação de units ajudaria a contornar o problema da liquidez das ONs através da conversão.
As ações ON (SAPR3) já ganharam valorização em relação à PN (SAPR4), visto que a relação de troca já era aguardada de 1 ON para 1 PN, o que privilegia o controlador, quem tem ON.
Você deve aderir à oferta? Sim, porque ao se estabelecer um mercado ativo de units (SAPR11), então a liquidez de SAPR4 e SAPR3 poderá ficar prejudicada.
Agora, a conversão não é ainda 100% garantida, visto que o Conselho de Administração deve observar se a adesão à conversão será suficiente para viabilizar o programa. O Estado do Paraná junto com a Copel (SA:CPLE6) tem 37% da capitalização total da Sanepar. Acionistas estrangeiros e demais investidores tem 59% das ações. Estima-se que desse total, 30% esteja na mão de fundos institucionais. Ou seja, podemos ter 67% da base acionária da empresa aderindo às units se tais investidores se alinharem com o governo.
A XP Gestão, que tem cadeira no Conselho da Sanepar, foi um dos precursores do movimento de criação de units. Por detrás disso está a intenção de reduzir a participação do Governo do Paraná na empresa e fazer uma blindagem política da gestão. A gestora tem sido ativa em conversar com outros fundos institucionais que detém investimento na estatal também.
O 1º período de conversão vai até o dia 17 de novembro. O 2º período até o dia 27 de novembro. Vamos ficar atentos e acompanhar os desdobramentos. Para fazer a conversão você deve entrar em contato com sua corretora informando sua intenção em fazer a conversão.
Além disso, junto ao fato relevante, colocaram também mudanças no estatuto da empresa, uma cláusula para garantir implementação de qualquer aumento tarifário aprovado pelo regulador e, ainda, a necessidade de aprovação dos minoritários para eliminar a cláusula, o que é bom em termos de governança.
Fora a conversão, os próximos movimentos do papel devem estar relacionados ao risco da Agepar (Agência Reguladora do Paraná).
Foi-se estabelecido o percentual de reajuste de 25% a ser aplicado ao longo de um período de 8 anos (e não 4 como o mercado esperava). Com isso, parte do reajuste fica nas mãos do próximo governador, implicando em um risco político. A Agepar, contudo, ainda não publicou as fórmulas precisas sobre como os reajustes serão calculados desde a revisão tarifária.
A Sanepar vale no mínimo R$14 reais (se só for aplicado o próximo aumento na tarifa e depois reajuste apenas por inflação nos próximos 7 anos), o que já implica em um potencial de valorização de 29%.
Se todo o reajuste for implementado, o papel poderia valer facilmente mais de R$20 reais, com potencial de valorização superior a 90%.
Como o papel tem um baixo custo de carregamento, visto que seu dividend yield tem sido de 5,8% ao ano em média, acredito que esta ação é uma das ações da Bolsa que tem excelente assimetria de retorno. Isto é, risco de perda baixo - e mitigado pela distribuição de dividendos que é próxima da taxa Selic que deve fechar o ano em 7% - e com potencial de valorização de ao menos 30% nos próximos 12 meses, podendo ser mais que isso.
Além disso, a longo-prazo a saída do Governo do Paraná será extremamente positivo eliminando o risco político da gestão da empresa.
Acho uma boa oportunidade.Vamos a partir de agora colocar as ações da Sanepar na nossa carteira de longo-prazo também.