Depois de um período de uma taxa de juros historicamente baixa aqui no Brasil, chegando até 2%, estamos novamente em um cenário de SELIC mais elevada. No último dia 16, tivemos mais um aumento de 1 ponto percentual na taxa básica de juros, de 10,75% para 11,75%, principalmente puxada pela alta forte da inflação.
O investidor voltou, com isso, a olhar a renda fixa não somente como reserva de emergência ou recurso em que ele não conseguiria uma rentabilidade significante para agora, mas ser algo interessante visando ganhos relevantes.
Observe, então, 3 pontos que devem ser analisados antes de investir na renda fixa nesse cenário:
1 - Escolher investimentos atrelados a inflação, pré ou pós-fixados?
Dessa forma, assim como em várias situações, a resposta é depende!
Se deseja ter um investimento com liquidez e segurança em que acredite numa alta contínua da taxa de juros, um pós-fixado pode fazer mais sentido para você. Hoje, encontramos investimentos com liquidez diária e com segurança rendendo pelo menos 100% da taxa DI.
Temos também produtos como LCI/LCA atreladas ao CDI, com vencimentos nem tão longos com rentabilidades bem interessantes que podem fazer sentido. No atual momento, acredito que os pós-fixados são ótimas alternativas para caso queira surfar toda essa alta de juros, ainda mais se estiver com boa liquidez.
Com IPCA em patamares altos, conseguirmos investimentos que ofereçam um ganho real (aquele que se tem acima da inflação) também são ótimos. No mercado, já encontramos papéis pagando acima de 6% do IPCA de emissores com bons ratings, sendo uma opção muito interessante para proteção do patrimônio.
Um fato que tem que se atentar é que com os movimentos de alta constante da SELIC, em algum momento espera-se controlar o IPCA, assim, observe o vencimento dessas aplicações e tenha cuidado, sobretudo, com as mais longas, uma vez que é muito difícil prever onde estará a inflação, por exemplo, daqui a 4, 5 anos, não é mesmo?
No caso dos Prefixados, deve-se atentar principalmente por conta de não sabermos até onde a alta da SELIC irá. Observo muita gente já prefixando para vencimentos longos ou que já prefixaram a tempos de juros muito baixos... isso de fato é muito arriscado devido ao fato de podermos ter juros básicos mais altos por uma longa data do que os contratados nesses papéis.
Se optar por essa modalidade, pode ser que opções de vencimentos mais curtos sejam mais interessantes. Cuidado com aplicações com vencimentos longos.
2 - Quem é o emissor?
Para quem acompanha o mercado, sabe que já se encontra algumas opções de investimentos na renda fixa oferecendo taxas bastante elevadas e que parecem mil maravilhas para o investidor. No entanto, lembre-se sempre que quem emite certo papel é também responsável por pagar os investidores. Cuidado com "promessas" de ganho muito elevadas, ainda mais de instituições que não apresentam boa nota de crédito!
Observe sempre qual empresa está emitindo o papel, seja ela financeira ou não-financeira, veja qual é o rating da mesma. Hoje, felizmente, temos ótimas ofertas com ratings muito bons emitindo papéis com boa rentabilidade. Não corra um risco que pode ser uma cilada!!
3 - Diversifique também na renda fixa!
Hoje, a oferta de renda fixa é muito grande e acessível para os investidores. Desde um COE até um título do Tesouro Direto podemos até com pouco dinheiro ter em carteira.
Lógico que não necessariamente precisamos ter de tudo, porém, uma boa alocação de ativos na renda fixa pode te oferecer uma boa rentabilidade e também proteção em cenários adversos. você pode muito bem ter um tanto em pós-fixado e inflação, por exemplo. Não precisa ser um ou outro!
Lembre-se: o sucesso do investidor no longo prazo vem muito mais de uma boa alocação de ativos do que acertar o tempo certo do mercado!
Para concluir, busquei trazer ao leitor alguns pontos importantes que devem ser vistos antes de comprar renda fixa. Não é por que é renda fixa que não pode ocorrer perda. Uma boa escolha aqui também é tão importante quanto na renda variável.
Matheus Ferreira, CEA
Advisor - BTG Pactual (SA:BPAC11)