Bom dia Investidores,
Ontem o Ibovespa chegou a cair mais de 1,50%, porém devolveu parte da queda para fechar com baixa de 1,04% aos 95.008 pontos. Os investidores que viram o dia começar pra baixo por conta de um mau humor no exterior, resolveram ficar de fora das negociações ontem, com isso o volume financeiro foi de apenas R$ 9,6 bilhões.
É fato que ontem após os mercados na China caírem mais de 5%, os mercados globais acordariam em queda, mas durante o dia os investidores foram absorvendo a má notícia de Trump em relação as tarifas sobre os produtos chineses, e desconfiam que pode ser mais uma jogada de Trump para barganhar alguma coisa ainda nessa negociação, apesar de ontem a noite o representante de comércio dos EUA confirmar a notícia de Trump. De qualquer forma, a confirmação que a delegação chinesa irá até os EUA para negociar nessa quinta, ajudou e muito a acalmar os ânimos.
Com o cenário externo ruim, seja pelo desacordo comercial ou pela notícia de que o FED não deve derrubar juros esse ano nos EUA, o otimismo e as projeções por aqui foram afetadas. Vimos isso no relatório Focus, que é emitido toda segunda e traz a mediana das projeções dos economistas das instituições financeiras. A projeção de PIB para esse ano, caiu de 1,70% para 1,49%, lembrando que no início do ano essa projeção era de 2,53% de crescimento. Já a projeção de IPCA se manteve em 4,04%, do dólar em R$ 3,75 e da taxa Selic em 6,5% em 2019.
Falando em taxa Selic, hoje se inicia a reunião do COPOM de dois dias, que irá anunciar a sua decisão de política monetária, ou seja, se mantém ou muda a taxa de juros de acordo com suas convicções. Com o mercado estagnado, a tendência é que a taxa deve se manter em 6,5%. Agora para o final do ano, apesar do consenso falar em 6,5% para o final do ano, temos vistos diversos tipos de apostas. Alguns grandes bancos apostam em queda, pois a inflação está controlada e o BC está preocupado com o ritmo de crescimento.
Na minha opinião, acredito que o BC irá segurar a taxa de 6,5% até o desfecho da reforma da previdência, visto que uma redução na taxa de juros nesse momento não traria benefícios e queimaria essa gordura que o BC acumulou. Dependendo da reforma, vejo alguns desfechos. Se a reforma não passar, por qualquer motivo, vejo o BC tendo que aumentar a taxa de juros, para conter a fuga de capital do Brasil, visto que muitos investidores vão querer tirar dinheiro do Brasil. Essa taxa atenuaria ainda mais uma crise no Brasil, pois causaria um impacto ainda maior nos nossos juros e por consequência aumentaria nosso déficit, sendo o pior cenário possível. Agora a reforma passando, temos o cenário da reforma desidratada, ou seja, economia em torno de R$ 500 bilhões, que hoje é um cenário possível, pode ser que o BC mantenha a taxa de juros, e tenha que entrar mais forte com uma reforma fiscal, que já está no radar.
Já no cenário mais otimista, seria uma reforma passando com economia acima de R$ 800 bilhões, nesse caso a confiança viria forte e o BC poderia ter espaço para reduzir a taxa de juros, já que uma economia mais organizada, tem o direito de pagar menos taxas. Por esses motivos, acredito que o BC deve manter a taxa em 6,5% amanhã, mas pode vir com um comunicado mais otimista, colocando viés de baixa na taxa de juros se as reformas passarem. Os dados do relatório Focus de ontem podem pesar para o BC utilizar esse viés como forma de reanimar a economia.
Voltando para o mercado, com a China, maior consumidora de commodity do mundo impactada, vimos ações ligadas a commodities caírem, foi o caso das ações da Vale (SA:VALE3)) que recuaram 1,47% e da CSN (SA:CSNA3)) que recuaram 1,05%. Já as ações da Petrobras (SA:PETR4) sofreram menos, com queda de 0,30%, já que o preço do barril de petróleo fechou em alta.
Já os bancos fecharam o dia em queda, inclusive a maior queda do índice ontem foram das ações ordinárias do Bradesco (SA:BBDC3) que recuaram 3,25%, já as preferenciais do banco (SA:BBDC4) caíram 2,70%. Falando em Bradesco, ontem a instituição anunciou, por meio de fato relevante, a aquisição do BAC Florida Bank, por valor aproximado a US$ 500 milhões. A compra ainda passará pelo crivo dos órgãos reguladores, mas é uma estratégia do Bradesco para ampliar a oferta de investimentos nos EUA para os seus clientes dos segmentos Prime e Private.
Essa queda não teve relação com a compra do banco, já que as outras instituições também fecharam em queda, como o Itaú (SA:ITUB4) que recuou 2,20%, o Banco do Brasil (SA:BBAS3) recuando 1,41%, o Banco Inter (SA:BIDI4) caindo 1,60% e o Santander (SA:SANB11) que caiu 1,93%, e falando em Santander, ontem o presidente Sérgio Rial, deu uma entrevista ao jornal o Estado de São Paulo, destacando que a filial brasileira voltou a ser a mais importante do conglomerado, com a fatia histórica de 29% sobre o resultado do grupo.
Também pesaram no índice, as quedas de 2,99% da Azul (SA:AZUL4)) e de 2,80% da Itaúsa (SA:ITSA4). Já na parte de cima, o destaque foram os papéis da Ecorodovias (SA:ECOR3) que subiram 3,52%, da Cielo (SA:CIEL3) que subiram 2,85% e da CCR (SA:CCRO3)) que subiram 2,59%.
Indo para o dólar, ontem a moeda começou o dia com forte alta, batendo R$ 3,97, porém foi devolvendo durante o dia, para fechar com uma alta de 0,48% aos R$ 3,95. Já o euro subiu 0,48% para fechar em R$ 4,40.
Indo para os DIs ontem tiveram um dia de leve queda, com o DI jan 2021 caindo de 7,06% para 7,04% e o DI jan 2025 caindo de 8,68% para 8,67%.
Na agenda hoje, teremos às 9h15 os dados da Anfavea com a produção total de veículos em abril e às 14h30 a Comissão Especial da Reforma da Previdência se reúne para apresentação do plano de trabalho do relator deputado Samuel Moreira do PSDB-SP. Já na agenda de resultados teremos a Ambev (SA:ABEV3) antes do pregão e no fechamento teremos Banco Pan (SA:BPAN4), Sanepar (SA:SAPR11), Iguatemi (SA:IGTA3), TIM (SA:TIMP3), Comgás (SA:CGAS5) e a tão esperada Petrobrás.
Indo para os Estados Unidos, as bolsas abriram em forte baixa, porém recuperaram boa parte das perdas durante o dia. O Dow Jones recuou 0,25%, o S&P 500 caiu 0,44% e o Nasdaq caiu 0,50%. Como já mencionada, o motivo da recuperação da forte queda, foi a confirmação de que as negociações irão continuar nessa quinta.
Na agenda norte-americana, teremos o relatório de empregos de março.
Indo para a Europa, as bolsas abriram em queda com Frankfurt recuando 0,50%, Londres recuando 0,87% e Paris caindo 0,56%. Madri é exceção com alta de 0,11%. Na agenda teremos as encomendas à indústria em março na Alemanha.
Já na Ásia, depois do forte susto de ontem, as bolsas voltaram a se recuperar hoje. Shanghai subiu 0,69% e Hong Kong subiu 0,52%. Já Seul caiu 0,88% e Tóquio caiu 1,60%, pois ficaram fechadas ontem, não sofrendo o forte impacto das tarifas de Trump. Vale o destaque aqui, o PMI Industrial do Japão, que voltou a ficar acima da marca de 50, indicando expansão econômica.
O preço do barril de petróleo fechou em alta, também tendo um dia de forte oscilação. O WTI subiu 0,90% e o Brent teve alta de 0,55%.
Por fim, as criptomoedas estão em forte alta hoje e na semana, com o bitcoin subindo 4,50%, a ethereum subindo 8,40% e a ripple subindo 1,62%. Aliás, as 10 maiores moedas digitais do mundo estão subindo.
Ótima terça e bons negócios!
Por Fabio Louzada – Eu me banco!
Acorda Mercado – Ano II, Edição 163
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