Em seu aniversário de 90 anos, no último domingo, Warren Buffett resolveu inovar. Fã de fast-food, sorvete e Coca-Cola (sendo os dois últimos eventualmente misturados), o megainvestidor estendeu seu apetite para além das fronteiras americanas, rumo ao Oriente. As comemorações foram acompanhadas do anúncio de um investimento de mais de US$ 6 bilhões em cinco grandes tradings no Japão, conglomerados que importam diversos recursos e produtos para os consumidores japoneses.
A decisão não foi tomada por falta de convicção na economia de seu país, muito pelo contrário. Em maio, o oráculo de Omaha alertava: “Never bet against America” (“nunca aposte contra a economia americana”), na reunião anual de investidores de sua empresa, a Berkshire Hathaway.
Ficam duas lições aqui: a primeira é que Buffett geralmente está certo. E a segunda é que, independentemente do lugar onde você vive e da situação econômica do seu país, sempre é tempo de diversificar geograficamente seus investimentos. Se o seu portfólio fosse representado hoje num tabuleiro de WAR, os seus exércitos estariam espalhados por quantos territórios?
Quem saiu da zona de conforto do “home bias” — tendência de investirmos somente naquilo que está mais próximo da nossa realidade — teve no mês passado uma boa amostra dos benefícios de um portfólio internacionalizado. Para dar um exemplo, enquanto as carteiras alocadas apenas em Brasil sofreram com questões tão tupiniquins (preocupação com o fiscal, ruídos sobre o futuro do ministro da Economia), as Bolsas de Nova York marcaram o melhor agosto desde 1980.
A partir deste mês ficará mais fácil tornar-se sócio de empresas estrangeiras, com a flexibilização do acesso a todos os tipos de BDRs para o investidor de varejo. Até então, os principais recibos de ações negociados na B3 e lastreados em empresas gringas eram restritos ao público qualificado (com mais de R$ 1 milhão em investimentos ou com certificações específicas).
Mas aqui na série Os Melhores Fundos de Investimento queremos mais: defendemos que o público geral também tenha acesso a fundos que investem até 100% no exterior. Isso porque, pela regulação atual, o varejo só pode ter em sua carteira fundos com no máximo 20% de exposição lá fora.
A flexibilização dos BDRs é um avanço, mas acabou criando uma assimetria regulatória. Por que o varejo pode lotar sua carteira de ações de empresas estrangeiras via BDRs, mas não é permitido que se invista em um fundo diversificado, que aloca recursos em diferentes classes de ativos no exterior?
Com acesso ao instrumento BDR de forma isolada, a tendência é que o investidor que está chegando à Bolsa acabe concentrado em poucas ações. Já a alternativa via fundos permitiria a diversificação, além do acompanhamento da estratégia por um especialista nos mercados estrangeiros.
Estamos na torcida para que o acesso aos fundos 100% internacionais seja ampliado ao varejo, mas, desde já, saiba que temos excelentes sugestões desses produtos aqui (por enquanto, infelizmente, só para os investidores qualificados).
Um abraço.